Quando estou mergulhado nos meus personagens e na a\u00e7\u00e3o, n\u00e3o existem hor\u00e1rios e nem refei\u00e7\u00f5es. Que me deixem tranquilo. (Heinz Konsalik )<\/em><\/strong><\/p>\nVimos em textos anteriores que se ocupar de outras tarefas \u2013 al\u00e9m de pensar somente em n\u00f3s mesmos \u2013 \u00e9 de suma import\u00e2ncia para a sa\u00fade de nosso c\u00e9rebro, pois ao se manter atarefado, ele se esquece de si mesmo e mostra-se mais feliz. Conclu\u00edmos, portanto, que nosso c\u00e9rebro parece n\u00e3o gostar do vazio, ou seja, que nos voltemos apenas para n\u00f3s mesmos. O compartilhamento faz-lhe muito bem. Eis uma prova de que n\u00e3o nascemos para viver sozinhos, ou seja, nenhum homem \u00e9 uma ilha.<\/p>\n
Quando nos encontramos ao telefone numa conversa do nosso interesse, temos a tend\u00eancia de ignorar o barulho \u00e0 nossa volta, concentrando-nos no assunto em quest\u00e3o. Nossas preocupa\u00e7\u00f5es e rumina\u00e7\u00f5es tamb\u00e9m funcionam como ru\u00eddos prejudiciais que se mostram ainda mais severos quando nosso c\u00e9rebro n\u00e3o se encontra envolvido em tarefas que o levem a ignor\u00e1-los. Est\u00e1 a\u00ed o porqu\u00ea de contar carneirinhos \u2013 como ensina a sabedoria popular \u2013 quando nos encontramos insones. Ao ocupar os neur\u00f4nios com a contagem dos animaizinhos, acabamos impedindo que as preocupa\u00e7\u00f5es e os pensamentos negativos imperem.<\/p>\n
Nosso c\u00e9rebro n\u00e3o descansa nunca. Quando nos encontramos em momentos de ociosidade, volta-se para as fantasias ou lembran\u00e7as. O pior \u00e9 que tem a tend\u00eancia de escolher as mais desagrad\u00e1veis. Por que isso? Porque n\u00f3s somos mais atra\u00eddos pelo pessimismo, como se viv\u00eassemos atentos a um perigo iminente, pois o nosso\u00a0 instinto de sobreviv\u00eancia est\u00e1 sempre a postos. O grito de \u201cFogo!\u201d deixa-nos muito mais atentos do que se ouv\u00edssemos um an\u00fancio prazeroso. Entre uma ideia agrad\u00e1vel e uma amedrontadora, surgindo ao mesmo tempo em nosso c\u00e9rebro, a \u00faltima sempre vence. \u00a0Segundo o biof\u00edsico Stefan Klein, o Evangelho de Mateus relata a correspond\u00eancia entre percep\u00e7\u00e3o e sentimento, ao narrar o milagre no lago de Genesar\u00e9 (em negrito no in\u00edcio deste texto). Pedro come\u00e7ou a sentir medo e fracassou quando passou a duvidar de si mesmo, ao atender o chamado do Mestre.<\/p>\n
N\u00e3o s\u00e3o poucas as vezes em que nos dispusemos a fazer uma tarefa e nem demos conta do tempo passando. Quando olhamos as horas, acabamos levando um susto, pois o tempo apresentado pelo rel\u00f3gio parece-nos irreal. Isso acontece quando a tarefa \u00e9 desempenhada com concentra\u00e7\u00e3o em raz\u00e3o de sua import\u00e2ncia ou prazer, pouco importando qual seja ela (caminhar, ler, conversar, pintar, escrever, fazer uma comida, etc.). Por que isso acontece? Porque o c\u00e9rebro encontra-se t\u00e3o ativo que o \u201ceu\u201d fica em segundo plano.<\/p>\n
A lenda grega sobre S\u00edsifo (filho do \u00c9olo), tido como o mestre da mal\u00edcia e da rebeldia e um grande ofensor dos deuses, mostra-nos como a inutilidade de qualquer esfor\u00e7o feito pode parecer-nos um tormento, ao contr\u00e1rio de algo desejado:<\/p>\n
S\u00edsifo ao ser castigado por Zeus \u2013 o deus dos deuses \u2013 recebeu a incumb\u00eancia de empurrar uma pedra ladeira acima \u00a0e coloc\u00e1-la no topo de uma montanha. Contudo, ao chegar ao cume do monte, a rocha despencava-se de novo e de novo. A pedra n\u00e3o era pesada o bastante para significar um tormento. O castigo encontrava-se na inutilidade da tarefa, ou seja, na monotonia do trabalho executado por S\u00edsifo vezes e vezes sem conta, sem nada exigir de seu c\u00e9rebro, privando-o de qualquer euforia. \u00c9 por isso que existe a express\u00e3o popular “trabalho de S\u00edsifo”, originada\u00a0 dessa lenda grega, relativa a todo tipo de trabalho ou situa\u00e7\u00e3o que \u00e9 intermin\u00e1vel e in\u00fatil.<\/span><\/span><\/p>\nO trabalho executado, portanto, para provocar uma sensa\u00e7\u00e3o de leve euforia no nosso c\u00e9rebro, fazendo aflorar os sentimentos positivos, n\u00e3o deve ser por demais dif\u00edcil e nem excessivamente f\u00e1cil. Pesquisas mostram que se a tarefa executada \u00e9 muito dif\u00edcil ou extremamente f\u00e1cil acaba por n\u00e3o trazer efeitos positivos para o c\u00e9rebro.<\/p>\n
Quando a atividade exige muito esfor\u00e7o, traz sensa\u00e7\u00f5es de cansa\u00e7o e esgotamento, sendo que a falta de \u00eaxito produz frustra\u00e7\u00e3o. Se a tarefa \u00e9 feita mecanicamente, sem qualquer desafio, nada exigindo do \u00f3rg\u00e3o cerebral, traz uma sensa\u00e7\u00e3o de t\u00e9dio \u2013 a mente n\u00e3o aceita a ociosidade \u2013 abrindo espa\u00e7o para que os pensamentos ruins se instalem. O ideal \u00e9 que a atividade executada estimule o c\u00e9rebro na medida certa, fazendo surgir os sentimentos positivos. Logo, tanto uma atividade extremamente complexa quanto uma f\u00e1cil demais n\u00e3o beneficiam o nosso c\u00e9rebro.<\/p>\n
Para concluir, \u00e9 bom levarmos em conta a advert\u00eancia do biof\u00edsico Stefan Klein: \u201cUm amplo n\u00famero de estudos psicol\u00f3gicos revela que as pessoas cuja ocupa\u00e7\u00e3o habitual n\u00e3o solicita sua capacidade cerebral de modo satisfat\u00f3rio est\u00e3o mais propensas a sofrer de depress\u00e3o e ang\u00fastia\u201d.<\/p>\n
Nota:<\/u> ilustra\u00e7\u00e3o \u2013 Manac\u00e1<\/em>, obra de Tarsila do Amaral<\/p>\nFonte de pesquisa:
\n<\/u>A F\u00f3rmula da Felicidade \u2013 Stefan Klein \u2013 Editora Sextante<\/p>\n
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\u00a0Autoria de Lu Dias Carvalho Ent\u00e3o Pedro saiu do barco, andou sobre as \u00e1guas e foi na dire\u00e7\u00e3o de Jesus. \u00a0Mas, quando reparou no vento, ficou com medo e, come\u00e7ando a afundar, gritou: \u201cSenhor, salva-me!\u201d. Imediatamente Jesus estendeu a m\u00e3o e o segurou. E disse: \u201cHomem de pequena f\u00e9, por que voc\u00ea duvidou?\u201d (Mateus 14:22-36) […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[39],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/38471"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=38471"}],"version-history":[{"count":5,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/38471\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":47732,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/38471\/revisions\/47732"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=38471"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=38471"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=38471"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}