Nada tem significado que n\u00e3o seja uma defesa intransigente da vida, do SUS e da ci\u00eancia. Fiquem nos tr\u00eas pilares. Esses pilares alimentam a verdade. A ci\u00eancia \u00e9 a luz. Atrav\u00e9s dela \u00e9 que n\u00f3s vamos sair\u201d.(Luiz Henrique Mandetta)<\/em><\/strong><\/p>\nComo cidad\u00e3o respons\u00e1vel pela pr\u00f3pria vida e pela das pessoas pr\u00f3ximas, atendi ao apelo do Minist\u00e9rio da Sa\u00fade que, seguindo as orienta\u00e7\u00f5es da OMS (Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Sa\u00fade), pediu que a popula\u00e7\u00e3o cumprisse o isolamento social, a fim de coibir a prolifera\u00e7\u00e3o do Covid-19. Como dentista aut\u00f4nomo, tinha a certeza de que iria zerar meus ganhos, mas a vida \u00e9 um bem muito maior do qualquer outra coisa. Sem ela n\u00e3o h\u00e1 economia que sobreviva. Por isso, limitei-me apenas a atender somente casos emergenciais e urgentes, seguindo rigorosamente a orienta\u00e7\u00e3o do Conselho Regional de Odontologia de meu Estado, antes de efetuar o tratamento.<\/p>\n
Vivendo o isolamento, aproveito para cuidar da minha casa, de minhas coisas e do meu pequeno quintal, onde plantei coentro, cebolinha, repolho e outras folhagens, aliadas a algumas \u00e1rvores frut\u00edferas j\u00e1 existentes e plantas como camar\u00e3o, alimento muito apreciado pelos beija-flores. Tenho aprendido a fazer pratos simples, mas deliciosos e entrado em contato, via celular ou e-mails, com amigos dos quais h\u00e1 muitos anos n\u00e3o tenho not\u00edcias. Tamb\u00e9m estou pintando e arrumando meu velho por\u00e3o, onde est\u00e3o guardados peda\u00e7os de minha vida em fam\u00edlia, artefatos deixados por meus pais e fam\u00edlia. Al\u00e9m de tudo isto, tenho posto a leitura de livros parados num canto da minha estante em dia<\/p>\n
Posso afirmar que h\u00e1 muito tempo n\u00e3o sabia o que era tomar um banho de sol de manh\u00e3 em raz\u00e3o do meu trabalho. Deitado na minha rede com Dolly, a minha d\u00f3cil cadela aos p\u00e9s, assisto ao revoar gracioso de p\u00e1ssaros, sobretudo beija-flores, pelas plantas. \u00c0 noite dedico a mesma aten\u00e7\u00e3o \u00e0s estrelas e \u00e0 lua. At\u00e9 mesmo recuperei uma velha luneta dos meus tempos de estudante, quando acampava na Serra do Curral. Como um astr\u00f4nomo, viajo horas a fio pelo c\u00e9u estrelado, mas sempre com muito cuidado, evitando os meteoros e os buracos negros. Quando a noite \u00e9 chuvosa, ela n\u00e3o se torna menos bela. Assento-me na varanda de onde acompanho os pingos grossos batendo no vidro das janelas e o barulho que lhes \u00e9 peculiar. \u00c9 o instante que aproveito para me lembrar de meus entes queridos que aqui estiveram junto comigo, mas que j\u00e1 se foram. Lembro-me tamb\u00e9m dos muitos animaizinhos de estima\u00e7\u00e3o que cumpriram sua temporada na Terra e que enriqueceram minha vida.<\/p>\n
Dias desses, quando uma chuvinha insistente tomou conta do dia, resvalando-se para a noite inteira, embalei-me num sono profundo, prop\u00edcio ao desenrolar dos bons sonhos. Ela limpou todas as preocupa\u00e7\u00f5es da minha mente, abrindo espa\u00e7o para que somente coisas boas aflorassem. Eu, ent\u00e3o, sonhei que me encontrava num mundo como o cantado por John Lennon em \u201cImagine\u201d. N\u00e3o era necess\u00e1rio falar em para\u00edso ou inferno, tamanha era a bondade a circular pelos quatro cantos da Terra. Todas as pessoas viviam apenas o agora, cheias de benignidade e banhadas pela alegria. N\u00e3o havia pa\u00edses, pois todas as fronteiras ca\u00edram por terra. N\u00e3o havia ra\u00e7as, pois toda a humanidade era igual. N\u00e3o se falava em morte e tampouco em religi\u00e3o. Tudo era bom e pac\u00edfico. A fome havia se evacuado da Terra, pois todos os bens eram repartidos, uma vez que a gan\u00e2ncia n\u00e3o mais imperava. O que havia era uma irmandade. Tudo era \u00fanico. Tudo era uno.<\/p>\n
Ao acordar e tomar ci\u00eancia das primeiras not\u00edcias, vi que tudo n\u00e3o passava de um sonho. Eu era s\u00f3 um sonhador. Apenas isso!<\/p>\n
Vi que a Covid-19 continuava ceifando vidas, enquanto jornais em todo o mundo dizem que Jair Bolsonaro, presidente brasileiro, encontra-se entre os \u201cpiores negacionistas do planeta\u201d no que diz respeito ao v\u00edrus fatal. Vi esse mesmo presidente, por mera vaidade pessoal, demitir o ministro da Sa\u00fade Luiz Henrique Mandetta, tido por 76% da popula\u00e7\u00e3o como excelente no combate \u00e0 doen\u00e7a, passando o cargo para Nelson Teich que diz: \u201cNa Sa\u00fade, o dinheiro \u00e9 limitado e escolhas s\u00e3o inevit\u00e1veis\u201d, ou seja, ser\u00e1 preciso escolher os idosos para morrer e salvar os jovens. Vi o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, assegurar que \u201cMais importante \u00e9 que a ind\u00fastria continue produzindo e vendendo. Ainda que isso cause o colapso de hospitais e do sistema de sa\u00fade p\u00fablica, for\u00e7ando m\u00e9dicos e escolher quem atender e quem deixar morrer, \u00e9 um pre\u00e7o razo\u00e1vel a pagar em nome do lucro”. Vi o ministro da Educa\u00e7\u00e3o, Abraham Weintraub, ironizar, dizendo “N\u00e3o t\u00e1 (sic) aparecendo a pilha de mortos que tinham falado que iria aparecer”, mesmo ap\u00f3s centenas de vidas serem dissipadas pelo Covid-19. Vi Jair Bolsanaro deixar patente para todo o Brasil que a economia \u00e9 mais importante do que salvar vidas durante a pandemia. Vi muitos outros horrores…<\/p>\n
Views: 1<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Hernando D. Martins Help Brazil, please! (Tedros Adhanom, diretor da OMS) Nada tem significado que n\u00e3o seja uma defesa intransigente da vida, do SUS e da ci\u00eancia. Fiquem nos tr\u00eas pilares. Esses pilares alimentam a verdade. A ci\u00eancia \u00e9 a luz. Atrav\u00e9s dela \u00e9 que n\u00f3s vamos sair\u201d.(Luiz Henrique Mandetta) Como cidad\u00e3o respons\u00e1vel pela pr\u00f3pria […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[9],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/38845"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=38845"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/38845\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":38847,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/38845\/revisions\/38847"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=38845"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=38845"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=38845"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}