{"id":39567,"date":"2020-06-11T15:34:38","date_gmt":"2020-06-11T18:34:38","guid":{"rendered":"https:\/\/virusdaarte.net\/?p=39567"},"modified":"2022-09-10T18:35:12","modified_gmt":"2022-09-10T21:35:12","slug":"a-arte-gotica","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/a-arte-gotica\/","title":{"rendered":"A ARTE G\u00d3TICA"},"content":{"rendered":"\n

Autoria de Lu Dias Carvalho
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\u00a0 \u00a0 \u00a0\u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0\u00a0 \u00a0 \u00a0 \"\"<\/a> \u00a0\u00a0 \u00a0\"\"<\/a><\/strong><\/p>\n

O estilo G\u00f3tico nasceu na Fran\u00e7a, no s\u00e9culo XIII, sendo identificado como a \u201cArte das Catedrais\u201d. As mudan\u00e7as pol\u00edticas e econ\u00f4micas que j\u00e1 se faziam sentir nos s\u00e9culos anteriores tamb\u00e9m afetaram o campo art\u00edstico, produzindo uma grande revolu\u00e7\u00e3o na arte, como era de se esperar. Contudo, o termo \u201cg\u00f3tico\u201d s\u00f3 foi aparecer no s\u00e9culo XVI, quando Giorgio Vasari, escritor, pintor e arquiteto italiano, relacionou tal per\u00edodo \u2014 num sinal de desprezo \u2014 com os godos \u2014 povo b\u00e1rbaro que invadiu Roma por volta dos anos 400. Antes disso era chamado de \u201cestilo ogival\u201d, devido ao seu elemento caracter\u00edstico \u2014 o arco ogival.<\/p>\n

O estilo G\u00f3tico manifestou-se sobretudo no que tange \u00e0 arquitetura, quando se descobriu que era poss\u00edvel fazer edifica\u00e7\u00f5es com pedra e vidro, desde que os c\u00e1lculos dos arquitetos estivessem corretos. Tratava-se de um estilo revolucion\u00e1rio de constru\u00e7\u00e3o, mas, para isso, fez-se necess\u00e1rio que certas inova\u00e7\u00f5es t\u00e9cnicas ganhassem vida. \u00a0Uma regra importante na constru\u00e7\u00e3o das catedrais \u00e9 que elas deviam se erguer acima de todas as outras edifica\u00e7\u00f5es da cidade, o que remetia \u00e0 no\u00e7\u00e3o de proximidade do homem com Deus. Portanto, n\u00e3o \u00e9 de se surpreender que para isso houvesse o predom\u00ednio da dimens\u00e3o vertical sobre a horizontal \u2014 uma das caracter\u00edsticas mais marcantes deste estilo.<\/p>\n

O estilo G\u00f3tico espalhou-se de \u00cfle-de-France por toda a Europa, apresentando variedades de formas, de acordo com as tradi\u00e7\u00f5es de cada regi\u00e3o europeia. Por isso, pode-se dizer que h\u00e1 um g\u00f3tico franc\u00eas, alem\u00e3o, italiano, espanhol, etc.<\/p>\n

O chamado G\u00f3tico Internacional surgiu na Europa no final do s\u00e9culo XIV. Dentre as suas principais caracter\u00edsticas podem ser destacadas: uma narrativa marcante, refinamento decorativo, detalhamento natural\u00edstico preciso, realismo das superf\u00edcies e cores exuberantes. Seu car\u00e1ter internacional deu-se em consequ\u00eancia da semelhan\u00e7a entre as tend\u00eancias estil\u00edsticas e t\u00e9cnicas que surgiram em centros geograficamente distantes. Existe uma expressiva aura de medita\u00e7\u00e3o e prop\u00f3sito nas mais importantes obras desse estilo, ainda que seu contexto seja assinalado pelo excesso de detalhes e, muitas vezes, extravag\u00e2ncia.\u00a0<\/p>\n

As catedrais g\u00f3ticas apareceram no norte da Fran\u00e7a durante a segunda metade do s\u00e9culo XII. A arquitetura g\u00f3tica afirmou-se nas regi\u00f5es n\u00f3rdicas da Europa, entre os s\u00e9culos XII e XIII. A Catedral de Notre-Dame (Paris\/Fran\u00e7a) teve sua constru\u00e7\u00e3o iniciada em 1163 como uma obra de devo\u00e7\u00e3o \u00e0 Maria. \u00c9 uma das igrejas mais famosas do mundo e Patrim\u00f4nio da UNESCO (ilustra\u00e7\u00e3o \u00e0 esquerda). O Duomo de Mil\u00e3o (imagem \u00e0 direita) \u00e9, em dimens\u00e3o, a maior igreja g\u00f3tica existente.<\/p>\n

O Prof. E.H. Gombrich em seu livro intitulado \u201cA Hist\u00f3ria da Arte\u201d descreve maravilhado o interior das igrejas g\u00f3ticas: \u201cNo interior de uma catedral g\u00f3tica somos levados a compreender a complexa intera\u00e7\u00e3o de tra\u00e7\u00f5es e press\u00f5es que mant\u00eam a grandiosa ab\u00f3bada em seu lugar. As paredes das novas igrejas eram formadas por vitrais pol\u00edcromos que refulgiam como rubis e esmeraldas. Os pilares, nervuras e rendilhados despendiam cintila\u00e7\u00f5es douradas. […] Os fieis que se entregavam \u00e0 contempla\u00e7\u00e3o de tanta beleza podiam sentir que estavam mais pr\u00f3ximos de entender os mist\u00e9rios de um reino afastado do alcance da mat\u00e9ria\u201d.<\/p>\n

A escultura relacionada com o per\u00edodo G\u00f3tico era feita em fun\u00e7\u00e3o da arquitetura das catedrais. As figuras eram alongadas para o alto, exageradamente caracterizadas pela verticalidade do estilo g\u00f3tico. As fei\u00e7\u00f5es eram caracterizadas de maneira que o devoto pudesse reconhecer com facilidade o personagem representado, uma vez que o objetivo era, atrav\u00e9s da ilustra\u00e7\u00e3o, que os fi\u00e9is tivessem a compreens\u00e3o dos ensinamentos religiosos. As esculturas adornavam o exterior das catedrais, enquanto no interior ficavam recolhidas em nichos.<\/p>\n

A pintura por sua vez, n\u00e3o teve o papel fundamental desempenhado em outras \u00e9pocas da hist\u00f3ria da arte, durante o per\u00edodo G\u00f3tico. Como nas catedrais g\u00f3ticas predominavam os espa\u00e7os vazios, havendo aus\u00eancia de paredes compactas, n\u00e3o interrompidas por aberturas, tornava-se imposs\u00edvel a decora\u00e7\u00e3o pict\u00f3rica, o que contribuiu para que os ciclos narrativos pintados sobre as paredes (afrescos) acabassem desaparecendo. \u00a0A It\u00e1lia, contudo, fugiu \u00e0 regra, uma vez que a verticalidade e a leveza de suas igrejas n\u00e3o chegaram ao mesmo n\u00edvel de outras regi\u00f5es europeias.\u00a0 Isso permitiu a sobreviv\u00eancia da pintura com temas religiosos.<\/p>\n

A pintura g\u00f3tica foi precursora da pintura renascentista, tendo como caracter\u00edstica o realismo. Como o decl\u00ednio do Sacro Imp\u00e9rio Romano rompera com o seu papel unificador na cultura crist\u00e3 ocidental, houve uma transforma\u00e7\u00e3o dos temas religiosos na arte, dando-se um incentivo cada vez maior aos elementos de fantasia e de devo\u00e7\u00e3o pessoal. Personagens e cenas religiosas tornaram-se os principais temas do per\u00edodo G\u00f3tico, contudo alguns artistas acabaram por se distanciar de seus predecessores g\u00f3ticos ao adotar uma observa\u00e7\u00e3o mais acurada da natureza e uma habilidade t\u00e9cnica exuberante em suas obras.<\/p>\n

O “g\u00f3tico flamengo”, cuja maturidade deu-se no s\u00e9culo XV, diz respeito \u00e0s obras produzidas na regi\u00e3o de Flandres (hoje trata-se aproximadamente da B\u00e9lgica e de Luxemburgo). Ao rejeitar a eleg\u00e2ncia cort\u00eas e os ornamentos extravagantes do “g\u00f3tico internacional”, os artistas flamengos acabaram criando um novo realismo em que as cenas excessivamente dram\u00e1ticas deram lugar a retratos da vida dom\u00e9stica, onde a espiritualidade e a realidade conviviam lado a lado. Esse per\u00edodo contou com grandes mestres da pintura, a exemplo de Jan van Eyck, Rogier van der Weyden, Hans Memling, Hugo van der Goes, etc.<\/p>\n

Os grandes avan\u00e7os conseguidos pela arte flamenga nos primeiros anos do s\u00e9culo XV foram fundamentais para a Renascen\u00e7a, cuja origem encontra-se na It\u00e1lia, vindo a espalhar-se por grande parte da Europa.<\/p>\n

Curiosidade
<\/u>O vitral, surgido no Oriente, foi um dos elementos chaves do estilo g\u00f3tico.\u00a0 Os vitrais eram muito utilizados nas catedrais g\u00f3ticas, sobretudo pela sensa\u00e7\u00e3o de espiritualidade que repassavam, quando a luz externa atravessa os vidros coloridos. Os crist\u00e3os da Idade M\u00e9dia pensavam que a luz vinha diretamente de Deus. Os temas religiosos neles representados, al\u00e9m de embelezar as catedrais, tamb\u00e9m instru\u00edam os devotos, pois a maior parte deles era analfabeta.<\/p>\n

Obs.:<\/u> Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
Teste \u2013 A ARTE G\u00d3TICA<\/a><\/strong>
Giotto \u2013 A LAMENTA\u00c7\u00c3O DE CRISTO<\/a>
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Irm\u00e3os Limbourg \u2013 AS MUITO RICAS HORAS<\/a>
Petrus Christus \u2013 O OURIVES<\/a>
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Pintor An\u00f4nimo \u2013 O D\u00cdPTICO DE WILTON<\/a><\/strong>
Simone Martini \u2013 CRISTO CARREGANDO A CRUZ<\/a><\/strong>
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Van der Goes \u2013 O TR\u00cdPTICO PORTINARI<\/a><\/strong>
Van Eyke \u2013 OS ESPONSAIS DOS ARNOLFINI<\/a><\/strong>
Weyden \u2013 DEPOSI\u00c7\u00c3O DA CRUZ<\/a><\/strong><\/p>\n

Fontes de pesquisa
<\/u>Tudo sobre arte\/ Editora Sextante
Manual compacto de arte\/ Editora Rideel
A hist\u00f3ria da arte\/ E. H. Gombrich
https:\/\/www.historiadasartes.com\/nomundo\/arte-medieval\/arte-gotica\/<\/p>\n

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