{"id":40277,"date":"2020-07-28T18:28:30","date_gmt":"2020-07-28T21:28:30","guid":{"rendered":"https:\/\/virusdaarte.net\/?p=40277"},"modified":"2022-09-11T17:44:39","modified_gmt":"2022-09-11T20:44:39","slug":"hausmann-o-critico-de-arte","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/hausmann-o-critico-de-arte\/","title":{"rendered":"Hausmann \u2013 O CR\u00cdTICO DE ARTE"},"content":{"rendered":"\n

Autoria de Lu Dias Carvalho
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O artista austr\u00edaco Raoul Hausmann (1886\u20131971) mudou-se para Berlim em 1905, onde estudou numa escola de artes particular. Produziu pinturas expressionistas e escreveu artigos contra as autoridades art\u00edsticas. Foi companheiro de Hannah H\u00f6ch durante sete anos, embora fosse casado. Fundou o Clube Dada\u00edsta de Berlim juntamente com o arquiteto Johannes Baader e o escritor Richard Huelsenbeck. Quando o Dada\u00edsmo come\u00e7ou a fenecer, ele migrou para a fotografia, criando retratos, nus e paisagens. A fim de fugir da persegui\u00e7\u00e3o nazista mudou-se para a Espanha e depois para Tchecoslov\u00e1quia. Durante a Segunda Guerra Mundial mudou-se para a Fran\u00e7a. Criou fotomontagem sat\u00edricas em 1918, como protesto contra as conven\u00e7\u00f5es e os valores de uma sociedade burguesa.<\/p>\n

A composi\u00e7\u00e3o intitulada O Cr\u00edtico de Arte<\/em> \u00e9 uma obra do artista em que satiriza jornalistas que vendiam suas cr\u00edticas de arte ou eram influenciados pelo dinheiro, como mostra um peda\u00e7o de c\u00e9lula presente atr\u00e1s do pesco\u00e7o do cr\u00edtico. Trata se de uma fotomontagem, atrav\u00e9s da qual Hausmann faz uma cr\u00edtica ferina \u00e0s autoridades do mundo da arte. A nota de 50 marcos alem\u00e3es, cuidadosamente dobrada em forma de um tri\u00e2ngulo, est\u00e1 inserida no colarinho do cr\u00edtico, levando \u00e0 suposi\u00e7\u00e3o de que ele n\u00e3o \u00e9 imparcial e justo, mas que age em conformidade com o dinheiro que lhe \u00e9 oferecido.<\/p>\n

As linhas pretas rabiscadas sobre os olhos do cr\u00edtico \u2014 simbolicamente escurecendo sua vis\u00e3o \u2014 \u00e9 um indicativo de que seu julgamento, assim como o de qualquer institui\u00e7\u00e3o, \u00e9 sempre falho. Seu terno elegante e completo mostra que se trata de uma pessoa muito mais chegada ao materialismo capitalista do que \u00e0 arte. Embora a figura seja an\u00f4nima, recortada de uma revista, o carimbo presente em sua vestimenta identifica-o como sendo o artista alem\u00e3o Georges Grosz.<\/p>\n

A boca do cr\u00edtico e seus olhos est\u00e3o cobertos por garatujas infantis. Os olhos est\u00e3o vendados, a l\u00edngua volta-se para uma dama da sociedade \u00e0 direita. Suas bochechas avermelhadas repassam o entendimento de que seu julgamento ser\u00e1 lesado pelo excesso de bebida e, que no fundo, ele n\u00e3o passa de um chauvinista alem\u00e3o. O artista inclui seu cart\u00e3o de visitas na obra, onde \u00e9 descrito ironicamente como \u201cPresidente do Sol, da Lua e da Pequena Terra (superf\u00edcie interna)\u201d. Trata-se de uma ridiculariza\u00e7\u00e3o feita \u00e0s classes pol\u00edticas na briga pelo poder, com a ren\u00fancia do Kaiser Wilheim em 1918. A silhueta de um sujeito bem vestido \u00e0 direita \u00e9 feita de not\u00edcias impressas em jornal e traz a palavra \u201cMerz\u201d em negrito, numa refer\u00eancia ao artista Kurt Schwitters e suas colagens.<\/p>\n

Ficha t\u00e9cnica
<\/u>Ano: c. 1919
T\u00e9cnica: litografia e fotocolagem em papel
Dimens\u00f5es: 32 cm x 25,5 cm
Localiza\u00e7\u00e3o: Tate Collection, Londres, Reino Unido.<\/p>\n

Fonte de pesquisa
<\/u>Tudo sobre arte\/ Editora Sextante<\/p>\n

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