{"id":41093,"date":"2021-01-08T00:01:00","date_gmt":"2021-01-08T03:01:00","guid":{"rendered":"https:\/\/virusdaarte.net\/?p=41093"},"modified":"2022-09-12T20:54:06","modified_gmt":"2022-09-12T23:54:06","slug":"inovacoes-e-problemas-na-arte-aula-no-43","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/inovacoes-e-problemas-na-arte-aula-no-43\/","title":{"rendered":"INOVA\u00c7\u00d5ES E PROBLEMAS NA ARTE (Aula n\u00ba 43)"},"content":{"rendered":"\n

Autoria de Lu Dias Carvalho
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As descobertas feitas por Donatello (escultor) e por Masaccio (pintor) no campo das artes expandiram-se, chegando at\u00e9 outros pintores de cidades ao norte e ao sul de Floren\u00e7a, deixando os artistas \u00e1vidos por implementar em seus trabalhos tais feitos. Contudo, os artistas de Floren\u00e7a \u2014 ber\u00e7o do Renascimento \u2014 apesar de maravilhados com tais inova\u00e7\u00f5es, tamb\u00e9m estavam cientes de que essas tamb\u00e9m haviam gerado problemas a serem contornados. A descoberta da perspectiva e o estudo da natureza n\u00e3o eram capazes de resolver todas as suas dificuldades. Estavam c\u00f4nscios de que cada descoberta numa dire\u00e7\u00e3o, ocasionava uma dificuldade em outra, o que exigia mais estudos por parte deles. \u00a0<\/p>\n

Lembremo-nos de que os pintores da Idade M\u00e9dia desconheciam as regras do desenho correto, mas foi justamente essa car\u00eancia que os levou a distribuir suas figuras numa composi\u00e7\u00e3o, seguindo um modo que lhes agradasse, ou seja, buscando um padr\u00e3o o mais perfeito poss\u00edvel. Mas o novo conceito rezava que um quadro deveria espelhar a realidade, o que tornou o modo de dispor as figuras \u2014 como faziam os artistas medievais \u2014 mais dif\u00edcil para os novos artistas que buscavam criar um todo agrad\u00e1vel e satisfat\u00f3rio.<\/p>\n

A composi\u00e7\u00e3o acima, intitulada \u201cO Mart\u00edrio de S\u00e3o Sebasti\u00e3o\u201d (ver abaixo o link com a an\u00e1lise completa da obra), cria\u00e7\u00e3o do pintor florentino Antonio Pollaiuolo (1429-1498), feita em cerca de 1475, mostra como ele tentou solucionar o problema de se criar um quadro que tivesse ao mesmo tempo um desenho bem feito e tamb\u00e9m uma composi\u00e7\u00e3o harmoniosa, aplicando regras definidas. Trata-se de uma das primeiras tentativas do g\u00eanero. Vejamos sua an\u00e1lise.<\/p>\n

O grupo composicional da obra acima forma um tri\u00e2ngulo, ou seja, \u00e9 piramidal. Cada carrasco de um lado \u00e9 semelhante \u00e0 figura do outro lado, ficando a organiza\u00e7\u00e3o t\u00e3o claramente sim\u00e9trica que deixa a obra meio r\u00edgida. Para sanar esse problema que deve t\u00ea-lo incomodado, o artista buscou introduzir algumas mudan\u00e7as: um dos carrascos dobrando o arco \u00e9 visto de frente, enquanto seu par \u00e9 visto de costas, o mesmo se dando com as figuras em primeiro plano que se mostram alvejando o santo. O que Pollaiuolo objetivava com isso? \u00a0Ele buscava suavizar a forte simetria presente em sua composi\u00e7\u00e3o e dar a ela um sentido de movimento e contra movimento. Fica claro que o artista ainda se mostrava muito t\u00edmido em suas tentativas, mas j\u00e1 era o in\u00edcio de um novo caminho.<\/p>\n

Um dos erros cometidos por Pollaiuolo foi o fato de que o tema principal (mart\u00edrio do santo) e o fundo da composi\u00e7\u00e3o (uma paisagem toscana) n\u00e3o combinam, n\u00e3o harmonizam entre si. Mas por qu\u00ea? A l\u00f3gica \u00e9 que houvesse um caminho da colina em primeiro plano (onde acontece a execu\u00e7\u00e3o) que levasse ao cen\u00e1rio do fundo, criando um elo entre ambos. Mas isso n\u00e3o se transforma num pecado capital, pois foi ao buscar solu\u00e7\u00e3o para complica\u00e7\u00f5es como essa que a arte italiana atingiu o \u00e1pice uma gera\u00e7\u00e3o depois.<\/p>\n

Dentre os artistas florentinos da segunda metade do s\u00e9culo XV que buscaram sa\u00eddas para os problemas apresentados, de modo que tudo se adequasse harmoniosamente \u00e0s novas descobertas, estava o pintor Sandro Botticelli<\/em> (1446\u20131510), conhecido mundialmente por suas obras, especialmente por \u201cO Nascimento de V\u00eanus\u201d e \u201cPrimavera\u201d que n\u00e3o representam um tema religioso, mas mitos cl\u00e1ssicos* . Os letrados da \u00e9poca acreditavam que o nascimento da deusa V\u00eanus (Afrodite em grego) simbolizava o mist\u00e9rio atrav\u00e9s do qual a mensagem divina da beleza veio ao mundo.<\/p>\n

*Os poetas cl\u00e1ssicos j\u00e1 eram conhecidos durante a Idade M\u00e9dia, mas foram os italianos, na tentativa de dar a Roma a gl\u00f3ria de antes que, no per\u00edodo da Renascen\u00e7a, tornaram os mitos cl\u00e1ssicos t\u00e3o populares. Eles estavam imbu\u00eddos da ideia de que a sabedoria dos antigos era superior e as lendas cl\u00e1ssicas possu\u00edam verdades entranhadas e misteriosas.<\/p>\n

Exerc\u00edcio:
<\/u>1. A que conclus\u00e3o chegaram os artistas sobre as descobertas de Donatello e Masaccio?
2. Qual foi a import\u00e2ncia de Pollaiuolo?
3.\u00a0
Antonio Pollaiuolo \u2013 O MART\u00cdRIO DE S\u00c3O SEBASTI\u00c3O<\/a><\/strong><\/span><\/p>\n

Ilustra\u00e7\u00e3o:<\/u> O Mart\u00edrio de S\u00e3o Sebasti\u00e3o<\/em>, c. 1475, obra de Antonio Pollaiuolo<\/p>\n

Fonte de pesquisa
<\/u><\/u>A Hist\u00f3ria da Arte \/ Prof. E. H. Gombrich<\/p>\n

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