<\/a><\/p>\nNosso povo sempre sonhou em ser livre.<\/p>\n
O Hino \u00e0 Proclama\u00e7\u00e3o da Rep\u00fablica que havia sido feito, na verdade, para ser o Hino Nacional, mostrava, com toda \u00eanfase, em versos fortes, este sentimento que habitava o seio de nossa Na\u00e7\u00e3o: \u201cLiberdade, Liberdade, abre as asas sobre n\u00f3s…<\/i>\u201d. Todavia, mesmo depois da proclama\u00e7\u00e3o da Rep\u00fablica, tivemos pouco tempo de democracia, t\u00eanue e fr\u00e1gil, tempo do coronelismo, da elite agroexportadora, \u00e9poca em que o povo votava a descoberto, vigiado, e as mulheres nem tinham este direito. Na primeira Rep\u00fablica, tamb\u00e9m chamada de Rep\u00fablica da Oligarquia, imperava o liberalismo, que fragilizava o Estado e concedia total liberdade social, econ\u00f4mica e pol\u00edtica ao setor privado, esmagando o trabalhador.<\/p>\n
A liberta\u00e7\u00e3o dos escravos deu abrigo \u00e0 escravid\u00e3o do trabalhador, sem legisla\u00e7\u00e3o que o protegesse, restando sem hor\u00e1rio de trabalho, sem f\u00e9rias, sem descanso semanal, sem o m\u00ednimo de remunera\u00e7\u00e3o para sobreviv\u00eancia pr\u00f3pria e de sua fam\u00edlia. Sem nada, sem garantia alguma, sem futuro!<\/p>\n
A chamada primeira Rep\u00fablica teve vida ef\u00eamera e, com a crise de 1929, trouxe-nos o Estado Novo brasileiro, introduzindo a ditadura de Get\u00falio, como rea\u00e7\u00e3o ao decl\u00ednio do liberalismo no mundo e ao avan\u00e7o do comunismo. Para tanto, basicamente Get\u00falio promoveu mudan\u00e7as sociais, m\u00e1xime com introdu\u00e7\u00e3o das leis trabalhistas. Por\u00e9m, tamb\u00e9m legou-nos a censura, a aus\u00eancia e agress\u00e3o \u00e0 liberdade diante um poder ditatorial.<\/p>\n
Com o fim da 2\u00aa Guerra Mundial, a queda de Hitler e a derrubada de quase todos os Estados Novos, o per\u00edodo ditatorial no Brasil finalizou, oportunizando a convoca\u00e7\u00e3o de uma Assembleia Constituinte, que resultou na Constitui\u00e7\u00e3o Federal de 1946, uma das mais bem elaboradas em todos os tempos, que marca o in\u00edcio da 2\u00aa Rep\u00fablica, a verdadeira alvorada de um Estado democr\u00e1tico, onde o povo governa e a liberdade \u00e9 o dogma que se devia respeitar. Naquele momento, com mais fervor, o Pa\u00eds passou a acreditar que, com a democracia, \u00edamo-nos tornar livres, fazendo valer a vontade coletiva, dentro da legalidade.<\/p>\n
Por\u00e9m, a tr\u00e9gua demorou pouco e, logo, em 1964, com a ditadura militar, o sonho novamente se desmoronou e passamos por 21 anos de trevas, em que o ir e vir s\u00f3 era poss\u00edvel para alienados ou ignorantes, tamb\u00e9m aos cidad\u00e3os fragilizados e impotentes diante do reino da vontade de poucos. Voltamos neste per\u00edodo negro da hist\u00f3ria de nossa Rep\u00fablica a sentir o gosto amargo do sil\u00eancio, sob as penas da lei do suserano, at\u00e9 a Nova Rep\u00fablica, em 1985.<\/p>\n
Neste per\u00edodo \u2013 regime militar – (1964\/1985), aqueles que se atreviam a protestar, a contrariar o poder ditatorial, clamando pela democracia, eram presos, inclusive muitos deles torturados. Houve mortes e desaparecidos. Outros se autoexilaram ou fugiram para pa\u00edses que lhes deram abrigo e prote\u00e7\u00e3o. Entre eles, pol\u00edticos, jornalistas, cientistas, professores, estudantes, liberais, artistas e soldados de nossa P\u00e1tria.<\/p>\n
Taiguara Chalar da Silva<\/i>, nascido no Uruguai, filho de m\u00fasico, o maestro Ubirajara Silva, mas que, aos quatro anos de idade, veio residir no Brasil, tornou-se um brasileiro por vontade e escolha pr\u00f3pria, um ser humano que amou demais o Brasil e a liberdade. Na d\u00e9cada de 60, estudava Direito, quando desistiu da futura profiss\u00e3o para se dedicar exclusivamente \u00e0 m\u00fasica, tornando-se um artista extraordin\u00e1rio. Taiguara <\/i>n\u00e3o foi somente um cantor. Era tamb\u00e9m um grande m\u00fasico, um pianista e compositor maravilhoso. Ele chegava ao sublime quando, no piano, cantava e tocava as m\u00fasicas que comp\u00f4s, onde desfrutava a liberdade que ela, a m\u00fasica, proporciona ao ser humano.<\/p>\n
\u201cIn veritas\u201d, falar sobre a m\u00fasica \u00e9 descrever a liberdade. Nela n\u00e3o h\u00e1 limites para a imagina\u00e7\u00e3o, para a cria\u00e7\u00e3o, para o revelar do que mais intimamente vai no interior, no cora\u00e7\u00e3o do compositor, seja nas notas musicas, seja nas letras que descrevem o desejo mais forte de liberdade! Por isso, Taiguara foi o artista mais censurado pela ditadura. Mais de cem m\u00fasicas de sua lavra foram contidas na sua divulga\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Pressionado pelos donos do Poder, embora considerado um dos s\u00edmbolos da resist\u00eancia \u00e0 censura, Taiguara<\/i> n\u00e3o teve outra sa\u00edda que n\u00e3o se autoexilar, buscando seguran\u00e7a at\u00e9 que o pesadelo passasse, at\u00e9 que as trevas se dissipassem, at\u00e9, como ele cantou, o amanhecer, com os raios brilhantes do sol, anunciando a liberdade, viesse.<\/p>\n
Para ilustrar este primeiro texto sobre Taiguara Chalar da Silva<\/i>, um dos mais importantes compositores de nossa m\u00fasica, escolhi a sua composi\u00e7\u00e3o que mais reflete o seu sonhar pela liberdade. E n\u00e3o s\u00f3 a m\u00fasica, mas a letra desta m\u00fasica tem um significado maravilhoso, escondido no seu cora\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Que as Crian\u00e7as Cantem Livres<\/span><\/p>\nO tempo passa e atravessa as avenidas
\nE o fruto cresce, pesa e enverga o velho p\u00e9.
\nE o vento forte quebra as telhas e vidra\u00e7as
\nE o livro s\u00e1bio deixa em branco o que n\u00e3o \u00e9.<\/p>\n
Pode n\u00e3o ser essa mulher o que te falta
\nPode n\u00e3o ser esse calor o que faz mal
\nPode n\u00e3o ser essa gravata o que sufoca
\nOu essa falta de dinheiro que \u00e9 fatal<\/p>\n
V\u00ea como um fogo brando funde um ferro duro
\nV\u00ea como o asfalto \u00e9 teu jardim se voc\u00ea cr\u00ea
\nQue h\u00e1 sol nascente avermelhando o c\u00e9u escuro
\nChamando os homens pro seu tempo de viver<\/p>\n
E que as crian\u00e7as cantem livres sobre os muros
\nE ensinem sonho ao que n\u00e3o pode amar sem dor
\nE que o passado abra os presentes pro futuro
\nQue n\u00e3o dormiu e preparou o amanhecer…<\/p>\n
Nota:<\/span><\/p>\nH\u00e1 um v\u00eddeo, no Youtube, onde Taiguara<\/i> interpreta esta m\u00fasica e, al\u00e9m de mostrar um pouco de seu drama, revela-se um ser humano altamente sens\u00edvel e que nos emociona intensamente ainda hoje. Cliquem no link abaixo para ouvirem a m\u00fasica:<\/p>\n
http:\/\/www.youtube.com\/watch?v=wrWSACrF7hE<\/a><\/p>\nViews: 4<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Edward Chaddad Nosso povo sempre sonhou em ser livre. O Hino \u00e0 Proclama\u00e7\u00e3o da Rep\u00fablica que havia sido feito, na verdade, para ser o Hino Nacional, mostrava, com toda \u00eanfase, em versos fortes, este sentimento que habitava o seio de nossa Na\u00e7\u00e3o: \u201cLiberdade, Liberdade, abre as asas sobre n\u00f3s…\u201d. Todavia, mesmo depois da […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[6],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4112"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=4112"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4112\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":22143,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4112\/revisions\/22143"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=4112"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=4112"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=4112"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}