A Morte de Marat<\/em>, tida como a maior pintura da arte ocidental a retratar o mart\u00edrio de um pol\u00edtico. O artista tamb\u00e9m se encontrava amea\u00e7ado, at\u00e9 que Napole\u00e3o Bonaparte tomou para si o comando da Fran\u00e7a.<\/p>\nJean Paul Marat encontrava-se entre os amigos de David que tiveram uma morte violenta, durante a Revolu\u00e7\u00e3o Francesa. Era um dos l\u00edderes da revolu\u00e7\u00e3o. Portador de uma doen\u00e7a de pele, Marat era obrigado a ficar na banheira, para que a \u00e1gua aliviasse seu desconforto. Para aliviar o mal-estar causado pela enfermidade, ele usava um pano embebido em vinagre na cabe\u00e7a. Como ali passasse longas horas, adaptou o local para dar expedientes, colocando uma t\u00e1bua sobre a banheira que lhe servia de mesa. Ao lado, um velho caixote servia como uma escrivaninha improvisada. E foi nela que David deixou a sua dedicat\u00f3ria.<\/p>\n
A fan\u00e1tica monarquista Charlotte Corday apunhalou Marat dentro de sua banheira,em 13 de maio de 1793, matando-o. Na m\u00e3o de Marat encontra-se a carta de apresenta\u00e7\u00e3o que permitiu o acesso da mulher at\u00e9 ele. Ela foi guilhotinada quatro dias depois.<\/p>\n
O quadro \u00e9 bastante sint\u00e9tico na exposi\u00e7\u00e3o dos elementos. Tudo que ali se encontra \u00e9 necess\u00e1rio e calculado, carregado de significado simb\u00f3lico. Nada entra na tela por acaso, resultando numa composi\u00e7\u00e3o forte e real\u00edstica. David retirou a decora\u00e7\u00e3o da sala de banho de Marat, deixando no fundo um vazio escuro. A banheira foi trocada de modo que o bra\u00e7o ca\u00eddo de Marat, em primeiro plano, evocasse a pose de Jesus ao ser descido da cruz. Deixou apenas poucas manchas de sangue no len\u00e7ol de modo a atenuar a viol\u00eancia. Ocultou a facada no peito com sombras. E apenas um pouco da \u00e1gua vermelha de sangue \u00e9 vis\u00edvel.<\/p>\n
Os elementos principais da tela s\u00e3o iluminados por uma luz dram\u00e1tica: a face sofrida de Marat e o velho caixote que mostrava a simplicidade em que vivia. Valendo-se do estilo cl\u00e1ssico, o pintor apresenta seu amigo fazendo lembrar, deliberadamente, as pinturas da \u201cDescida da Cruz\u201d, mostrando Marat n\u00e3o apenas como um m\u00e1rtir da Revolu\u00e7\u00e3o Francesa, mas tamb\u00e9m como um santo martirizado. Modela os m\u00fasculos e os tend\u00f5es do corpo de Marat, dando-lhe um aspecto de real grandeza. S\u00e3o desprezados todos os detalhes desnecess\u00e1rios. O que conta \u00e9 a simplicidade. O caixote, a cabe\u00e7a e os bra\u00e7os de Marat s\u00e3o iluminados, enquanto as partes mais sangrentas situam-se nas sombras.<\/p>\n
Embora triste, a figura de Marat \u00e9 idealizada. N\u00e3o traz as manchas da pele e o sangue possui um tom menos forte. Tanto seu ferimento quanto seu sangue s\u00e3o pouco percept\u00edveis, diante da palidez de seu corpo. Traz na m\u00e3o direita a carta recebida, salvo-conduto da assassina, e na esquerda uma pena, ainda mantida de p\u00e9. \u00c0 esquerda da banheira est\u00e1 a faca suja de sangue, \u00fanico objeto a recordar o ato insano.<\/p>\n
Em primeiro plano v\u00ea-se sobre o caixote uma carta, com dinheiro sobre ela, uma pena e um tinteiro.\u00a0 Como a pena ainda se encontrava na m\u00e3o direita de Marat, pressup\u00f5e-se que ele havia acabado de escrev\u00ea-la para uma vi\u00fava de um soldado, enviando-lhe dinheiro, o que mostra a atitude caridosa do revolucion\u00e1rio. A banheira, coberta com um len\u00e7ol branco, chama a aten\u00e7\u00e3o do observador que n\u00e3o compreende porque ele estaria ali, onde deveria haver apenas \u00e1gua. O fato \u00e9 que Marat cobria a superf\u00edcie de sua banheira com len\u00e7ol, pois, se seu corpo entrasse em contato com o revestimento de cobre, sua pele se irritaria.<\/p>\n
A carta de apresenta\u00e7\u00e3o de Charlotte na m\u00e3o de Marat diz: \u201cBasta minha grande infelicidade para me dar direito \u00e0 sua bondade\u201d<\/em>, estrat\u00e9gia usada para ter acesso at\u00e9 o revolucion\u00e1rio Marat, na sua luta contra a monarquia francesa.<\/p>\nFicha t\u00e9cnica
<\/u>Ano: 1793
T\u00e9cnica: \u00f3leo sobre tela
Dimens\u00f5es: 165 x 128 cm
Localiza\u00e7\u00e3o: Mus\u00e9e Royal des Beaux-Arts de Bruxelas, B\u00e9lgica<\/p>\n
Fontes de Pesquisa
<\/u>Os pintores mais influentes do mundo\/ Girassol
A hist\u00f3ria da arte\/ E.H. Gombrich
1000 obras-primas da arte europeia\/ Editora K\u00f6nemann
Grandes Pinturas\/ Publifolha<\/p>\n
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Autoria de Lu Dias Carvalho \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 (Clique na imagem para ampli\u00e1-la.) David conseguiu fazer o quadro parecer heroico sem deixar, no entanto, de respeitar detalhes concretos de um registro policial. (E.H. Gombrich) Eu matei um homem para salvar cem mil vidas. (Charlotte Corday) Esta obra cont\u00e9m algo ao mesmo tempo pungente e terno; uma […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[50],"tags":[],"class_list":["post-43861","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-historia-da-arte"],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/43861","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=43861"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/43861\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":48561,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/43861\/revisions\/48561"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=43861"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=43861"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=43861"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}