A Liberdade Guiando o Povo<\/em> \u00e9 uma de suas mais famosas obras e a mais conhecida imagem da Revolu\u00e7\u00e3o de Julho de 1830 em Paris, que p\u00f4s fim \u00e0 monarquia dos Bourbon. O rei Carlos X, na busca por restaurar a monarquia absoluta, acabou violando a Constitui\u00e7\u00e3o francesa, fato que levou \u00e0 insurrei\u00e7\u00e3o sangrenta do povo franc\u00eas, quando lutaram homens, mulheres, jovens e crian\u00e7as. Presume-se que a barricada imortalizada pelo pintor seja retratada na pra\u00e7a de San Antonio \u2013 a atual pra\u00e7a da Bastilha. Assim como esta, muitas das pinturas do artista foram inspiradas por um acontecimento pol\u00edtico.<\/p>\nO quadro que tem por base um tri\u00e2ngulo equil\u00e1tero, com a bandeira tricolor francesa a tremular no alto da pir\u00e2mide. Nele existe uma mistura de realidade e fantasia. O objetivo do pintor \u00e9 demonstrar a capacidade que o povo franc\u00eas tem de superar suas trag\u00e9dias. A cena simboliza a derrubada das barricadas pelos rebeldes republicanos, atr\u00e1s das quais lutaram pessoas de diferentes estratos sociais. O povo avan\u00e7a destemido em dire\u00e7\u00e3o ao observador, caminhando em meio a mortos e feridos. Apesar do n\u00famero relativamente pequeno de figuras representando o povo, as nuvens de p\u00f3 e p\u00f3lvora ao fundo, insinuando o contorno de armas, repassam a impress\u00e3o de que h\u00e1 uma grande multid\u00e3o sendo motivada pela figura da Liberdade.<\/p>\n
No primeiro plano encontram-se, \u00e0 direita, os corpos de dois soldados mortos e, \u00e0 esquerda, o corpo seminu do revolucion\u00e1rio tombado, trazendo uma \u00fanica meia nos p\u00e9s. Dois dos corpos dominam quase que inteiramente o primeiro plano. O levante n\u00e3o levou apenas os trabalhadores e burgueses descontentes \u00e0s ruas, mas tamb\u00e9m mendigos organizados e criminosos do submundo de Paris. Alguns estudiosos do quadro justificam que a presen\u00e7a do homem nu na composi\u00e7\u00e3o indica que ele teve suas vestes roubadas.<\/p>\n
Mais acima, \u00e0 esquerda, empunhando armas, encontram-se: um oper\u00e1rio com a camisa aberta, segurando um sabre e trazendo uma arma no cinto; um burgu\u00eas com chap\u00e9u de copa, casaco e gravata borboleta, segurando com for\u00e7a um rifle de ca\u00e7a; um rapazote, abaixo dos dois, de arma em punho, que parece observar o morto \u00e0 sua frente. Ao fundo, um chap\u00e9u de dois bicos indica a presen\u00e7a de um aluno polit\u00e9cnico. \u00a0Alguns estudiosos acham que o burgu\u00eas tem como modelo o pr\u00f3prio pintor que queria reafirmar seu entusiasmo liberal.<\/p>\n
A mulher no centro com os seios nus, usando na cabe\u00e7a um barrete jacobino (barrete vermelho usado na Fran\u00e7a ao tempo da primeira rep\u00fablica), carregando as tr\u00eas cores da bandeira francesa e uma baioneta, simboliza a Liberdade e a Fran\u00e7a. Em tamanho bem superior ao dos demais personagens, ela se posiciona como o bem maior do povo daquele pa\u00eds. A bandeira, erguida por seu bra\u00e7o direito, simboliza a p\u00e1tria francesa e o rifle a necessidade de lutar para preservar a liberdade da p\u00e1tria. A cabe\u00e7a voltada para tr\u00e1s convoca o povo a segui-la. Sua postura, assim como suas vestes, denota movimento. Seu passo \u00e9 largo e decidido, significando que os rebeldes n\u00e3o possu\u00edam l\u00edder, mas tinham apenas a Liberdade para gui\u00e1-los. Ela est\u00e1 personificada na composi\u00e7\u00e3o como uma deusa da Antiguidade.<\/p>\n
\u00c0 frente da Liberdade, um jovem mal vestido que mais se parece com um menino, carrega duas pistolas. Ele representa a juventude francesa. O trabalhador, ajoelhado aos p\u00e9s da Liberdade, traz nas roupas as mesmas cores da bandeira. Ao fundo, \u00e0 esquerda, \u00e9 poss\u00edvel ver uma bandeira, j\u00e1 aos farrapos, tremulando. \u00c0 direita, tamb\u00e9m em segundo plano, ainda \u00e9 poss\u00edvel ver uma parte da catedral de Nostradamus com a bandeira francesa em meio \u00e0 fuma\u00e7a pardacenta que vai se espalhando e o clar\u00e3o dos tiros.<\/p>\n
As cores predominantes na composi\u00e7\u00e3o s\u00e3o o branco, o vermelho e o azul \u2013 cores da bandeira do pa\u00eds. O vermelho da bandeira est\u00e1 pintado sobre uma parte do c\u00e9u azul, o que torna o tom ainda mais vibrante. Delacroix demonstra sua destreza no dom\u00ednio do claro-escuro na obra.<\/p>\n
A pintura denominada A Liberdade Guiando o Povo<\/em> inclu\u00eda-se entre os mais de 40 quadros expostos no Sal\u00e3o parisiense que tinham por tema \u201cos dias de gl\u00f3ria\u201d, ou seja, a vit\u00f3ria dos rebeldes.\u00a0 Esta composi\u00e7\u00e3o foi muito aclamada pela cr\u00edtica e pelo p\u00fablico, levando Delacroix a ganhar a Cruz da Legi\u00e3o de Honra.<\/p>\nCuriosidades:
<\/u><\/p>\n\n- Os artistas rom\u00e2nticos estavam exigindo liberdade na arte, na vida cotidiana e na pol\u00edtica. No entanto, poucos foram para \u00e0s barricadas em 28 de julho de 1830. A maioria deles ficou em casa, sob os mais diversos pretextos. Jornalistas liberais tamb\u00e9m escreveram proclama\u00e7\u00f5es incendi\u00e1rias contra a arbitrariedade do Estado, na seguran\u00e7a de seus escrit\u00f3rios, mas eles n\u00e3o eram homens de a\u00e7\u00e3o, apenas de palavras. No entanto, os jovens rom\u00e2nticos ouviram os artistas e os jornalistas e estavam entusiasmados e dispostos a lutar e a morrer. Dos 1.800 rebeldes mortos, a maioria era de jovens. O escritor rom\u00e2ntico Victor Hugo ergueu-lhes um monumento em seu romance Os Miser\u00e1veis<\/em>, 1862. Talvez o escritor tenha se inspirado no quadro de Delacroix\u00a0\u2013 uma tela de for\u00e7a arrebatadora e de claro compromisso pol\u00edtico\u00a0\u2013 que se tornou uma obra fundamental do romantismo franc\u00eas. (Taschen)<\/li>\n
- Presume-se que a postura da Liberdade (mulher) tenha servido de inspira\u00e7\u00e3o para o escultor franc\u00eas Fr\u00e9d\u00e9ric-Auguste Bartholdi, ao desenhar a Est\u00e1tua da Liberdade, um presente da Fran\u00e7a para os Estados Unidos \u2013 nos anos de 1880.<\/li>\n<\/ul>\n
Ficha t\u00e9cnica
<\/u>Ano: 1830
T\u00e9cnica: \u00f3leo sobre tela
Dimens\u00f5es: 260 x 325 cm
Localiza\u00e7\u00e3o: Museu do Louvre, Paris, Fran\u00e7a<\/p>\n
Fontes de pesquisa
<\/u>Delacroix\/ Cole\u00e7\u00e3o Folha
Delacroix\/ Abril Cole\u00e7\u00f5es
Enciclop\u00e9dia dos Museus\/ Mirador
Los secretos de las obras de arte\/ Taschen<\/p>\n
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Autoria de Lu Dias Carvalho \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 (Clique na ilustra\u00e7\u00e3o para ampli\u00e1-la.) Abordei um tema moderno: as barricadas. E se n\u00e3o lutei por meu pa\u00eds, pelo menos terei pintado por […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/44005"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=44005"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/44005\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":48549,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/44005\/revisions\/48549"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=44005"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=44005"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=44005"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}