<\/a><\/p>\nUma borboleta cismou de conhecer outras paragens. Os insetos diziam-lhe que tal aventura seria muito perigosa em raz\u00e3o de sua fragilidade. Ela lhes explicou que trazia nas asas um desenho semelhante ao rosto de uma coruja com grandes olhos abertos, o que amedrontaria seus predadores \u2014 tratava-se de um mimetismo para que dela se esquivassem. Assim, a borboleta-coruja que sempre vivera no rec\u00f4ndito da floresta tropical brasileira partiu com mala e cuia em busca de outros ares, a fim de agregar novos conhecimentos \u00e0 sua vida.<\/p>\n
O inseto voou ao longo de muitos crep\u00fasculos, at\u00e9 avistar uma luz resplandecente que se desdobrava em v\u00e1rios halos dourados, quedando-se ele em encantamento, pois nunca vira nada igual. Conhecera apenas\u00a0\u00a0 o luzir dos vaga-lumes e os poucos raios solares que se adentravam nos entremeios da densa selva. P\u00f4s-se a voar ainda mais rapidamente para v\u00ea-la de perto, antes que findasse seu curto ciclo de vida.<\/p>\n
Ao aproximar-se da luz, a borboleta-coruja sentiu o desejo de toc\u00e1-la \u2014 como fazia com as flores \u2014, mas, ao achegar-se \u00e0 chama, foi envolvida por um intenso calor que lhe chamuscou as pontas das asas, fazendo-a cair estonteada. N\u00e3o conseguia entender o que estava acontecendo. Algo t\u00e3o encantador jamais lhe poderia fazer mal. Talvez estivesse hipnotizada por sua fascina\u00e7\u00e3o. Tentaria de novo, ainda que meio enfraquecida, pois n\u00e3o enfrentara os perigos da noite em v\u00e3o.<\/p>\n
Na sua segunda investida, a borboleta-coruja deu duas voltas em torno da chama, mas, por precau\u00e7\u00e3o, manteve dela certa dist\u00e2ncia. Nada lhe aconteceu. Resolveu aproximar-se mais no intuito de pousar sobre ela. Ro\u00e7\u00e1-la com suas patinhas foi o suficiente para que tombasse agonizante, lamentando sua estupidez e rogando \u00e0s for\u00e7as da natureza que destru\u00edssem aquele ser cruel, pois o que tinha em beleza duplicava-se em crueldade. Compungida, a chama tentou alent\u00e1-la, dizendo-lhe:<\/p>\n
\u2014 Minha ing\u00eanua borboleta, n\u00e3o se pode abrir m\u00e3o da prud\u00eancia em qualquer que seja a fase da vida. \u00c9 preciso modera\u00e7\u00e3o. Observe a busca insana e insensata do homem por bens e poder, o que acaba por lev\u00e1-lo \u00e0 ru\u00edna. Quem tamb\u00e9m se aproxima de mim sem cautela, acaba se queimando. A culpa n\u00e3o \u00e9 minha, pequenina, mas da ambi\u00e7\u00e3o desmedida do sujeito da a\u00e7\u00e3o. Lamento muito a sua morte, mas nada posso fazer!<\/p>\n
Moral da Hist\u00f3ria
<\/strong>A precau\u00e7\u00e3o \u00e9 uma das mais importantes vertentes da sabedoria.<\/p>\nLivro \u00e0 venda<\/strong>
<\/span>Capa dura, 545 p\u00e1ginas, 170 f\u00e1bulas (incluindo ap\u00f3logos)
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Obs.:<\/span> 10% do pre\u00e7o de capa que recebo por direito autoral \u00e9 doado a uma institui\u00e7\u00e3o que cuida de animais de rua.<\/p>\nViews: 93<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho Uma borboleta cismou de conhecer outras paragens. Os insetos diziam-lhe que tal aventura seria muito perigosa em raz\u00e3o de sua fragilidade. Ela lhes explicou que trazia nas asas um desenho semelhante ao rosto de uma coruja com grandes olhos abertos, o que amedrontaria seus predadores \u2014 tratava-se de um mimetismo […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[3],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/45213"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=45213"}],"version-history":[{"count":6,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/45213\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46085,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/45213\/revisions\/46085"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=45213"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=45213"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=45213"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}