<\/a><\/b><\/p>\n\u201cPorque \u00e9 vindo o grande dia da sua ira; e quem poder\u00e1 resistir?\u201d (<\/i>S\u00e3o Jo\u00e3o, Apocalipse<\/i>, 2:28)<\/b><\/p>\n
O livro de S\u00e3o Jo\u00e3o vem provocando confus\u00f5es na humanidade, desde ent\u00e3o e at\u00e9 hoje. Certamente, antes mesmo de ser mandado para o ex\u00edlio, o santo j\u00e1 pensava em escrever as suas Revela\u00e7\u00f5es<\/i> e j\u00e1 havia matutado um bocado a respeito das mesmas, quando sua pris\u00e3o retardou o projeto. Por conseguinte, s\u00f3 depois de \u2018instalado\u2019 em sua gruta num dos montes de Patmos, p\u00f4de se entregar \u2013 e o fez encarni\u00e7adamente \u2013 \u00e0 realiza\u00e7\u00e3o daquele plano, porquanto, envelhecido como j\u00e1 se encontrava, tinha necessidade de se apressar, pois temia que a vida n\u00e3o lhe desse tempo de concluir o planejado.<\/p>\n
Dadas \u00e0s conjunturas pol\u00edticas da \u00e9poca, entendeu que devia recorrer a uma linguagem profundamente simb\u00f3lica, afundada em intrincado hermetismo, que s\u00f3 iniciados<\/i> poderiam compreender, pois antes de chegarem a um destino seguro, como foi para eles o arcano do Canon, poderiam os textos cair em m\u00e3os erradas, como as da pol\u00edcia imperial, e todo seu esfor\u00e7o e at\u00e9 sua vida iriam por \u00e1gua abaixo, ou, melhor dizendo, por azeite fervilhante adentro (n\u00e3o foi assim que ele quase j\u00e1 a havia perdido?).<\/p>\n
Acontece, por\u00e9m, que o santo exagerou na dose, atravessou todas as barreiras da l\u00f3gica e nadou de bra\u00e7ada no mar do mist\u00e9rio, tornando-se complexo at\u00e9 mesmo para os iniciados<\/i>. Os dirigentes da Igreja, na \u00e9poca, certamente discutiram sobre o aspecto confuso e herm\u00e9tico do texto, mas optaram mesmo assim pela inclus\u00e3o do Livro do Apocalipse <\/i>no Canon, em face da encantadora carga po\u00e9tica nele contida, embasada na inabal\u00e1vel f\u00e9 do autor, na esperan\u00e7a de que os p\u00f3steros viessem a compreender melhor aquele conte\u00fado.<\/p>\n
S\u00e3o Jo\u00e3o, em toda a simbologia usada e o tempo todo s\u00f3 se referia a aspectos do Estado Romano. O escritor Dale Smelser<\/i>, em seu texto intitulado Armagedom<\/i>, assim explica e sintetiza os s\u00edmbolos usados pelo ap\u00f3stolo:<\/p>\n
\u00a0\u201cA Besta do Mar<\/i> \u00e9 a Roma Imperial; a Besta da Terra<\/i> \u00e9 a idolatria pag\u00e3 praticada pelos romanos; e a Grande Meretriz<\/i> representa a imoralidade e a devassid\u00e3o de Roma\u201d.<\/p>\n
Por outro lado, a Batalha Final<\/i> \u2013 aquela em que Satan\u00e1s, figurado por um drag\u00e3o de sete cabe\u00e7as, pretende atrav\u00e9s de Roma destruir Cristo e seu reino \u2013 se daria no Har Meggido<\/i>, j\u00e1 citado. Ora, a regi\u00e3o de Meggido fica bem longe de Roma, l\u00e1 no Oriente M\u00e9dio, na parte extrema do territ\u00f3rio de Israel, exatamente na ponta sul da grande enseada onde acaba o Mediterr\u00e2neo, enquanto a It\u00e1lia situa-se ali na ponta da Europa, portanto um bocado afastada de l\u00e1. Hoje temos embarca\u00e7\u00f5es t\u00e3o velozes, que fazem o trajeto It\u00e1lia \u2013 Israel em menos de um dia. Mas, naquele tempo, n\u00e3o. Levar um ex\u00e9rcito respeit\u00e1vel, de pelo menos quatrocentos ou quinhentos guerreiros, em quatro ou cinco galares com suas gal\u00e9s abarrotadas de remadores, alimentando o tempo todo esse pessoal, era uma aventura no m\u00ednimo absurda. Demoraria perto de um m\u00eas, se tudo corresse bem, saindo do porto ocidental de Roma, descendo o Mar Tirreno paralelamente ao cano da bota, para atravessar o Estreito de Messina a fim de encurtar caminho, navegando uma boa parte do Mar J\u00f4nico, atravessando o sul do Mar Adri\u00e1tico e chegando afinal no Mar Mediterr\u00e2neo, para singrar por sua parte mais extensa, at\u00e9 chegar a algum local, onde pudessem desembarcar, mais perto de Meggido. Ufa! N\u00e3o. Os romanos n\u00e3o fariam isto.<\/p>\n
Ent\u00e3o, como se pode explicar a refer\u00eancia de S\u00e3o Jo\u00e3o \u00e0quela plan\u00edcie? \u00c9 simples: usou-a como um mero s\u00edmbolo e nada melhor do que ela para simbolizar o local da derrocada do soberbo Imp\u00e9rio Romano, j\u00e1 que a Plan\u00edcie de Meggido foi outrora palco de dezenas de batalhas e nenhuma outra regi\u00e3o do planeta viu tanto sangue derramado nessas lutas, quanto aquela e, Roma, afinal, acabou sendo a Har Meggido<\/i>, ou seja, o Armagedom <\/i>citado pelo ap\u00f3stolo.<\/p>\n
Em 476, portanto quase quatro s\u00e9culos depois da morte de Jo\u00e3o Evangelista, os h\u00e9rulos <\/i>(povo germ\u00e2nico origin\u00e1rio da Escandin\u00e1via, que j\u00e1 havia aparecido na hist\u00f3ria algumas vezes), comandados por Odoacro, ap\u00f3s submeterem, em sua descida pela pen\u00ednsula desde o norte, v\u00e1rias regi\u00f5es italianas, saquearam Roma, destruindo impiedosa e barbaramente o que encontravam pela frente e matando todos quantos lhes atravessavam o caminho.\u00a0 Invadiram o pal\u00e1cio de R\u00f4mulo Augusto \u2013 o \u00faltimo soberano do Imp\u00e9rio Romano do Ocidente \u2013 que foi feito prisioneiro, pondo fim \u00e0quele Imp\u00e9rio, antes t\u00e3o extenso.<\/p>\n
Afinal, a Batalha do Armagedom<\/i> foi realizada e o \u00a0 Apocalipse<\/i>, cumprido, naturalmente sem ultrapassar, por mais brutal que tenha sido, os limites da l\u00f3gica verista do ser humano, ou seja, sem aquelas imagina\u00e7\u00f5es hiperb\u00f3licas do Evangelista.<\/p>\n
Nota:<\/span> Pat Marvenko Smith<\/i>, ilustra\u00e7\u00e3o de Apocalipse <\/i>8:1 e 2. 1. E,<\/i> havendo aberto o s\u00e9timo selo, fez-se sil\u00eancio no c\u00e9u quase por meia hora. 2. E vi os sete anjos, que estavam diante de Deus, e foram-lhes dadas sete trombetas.<\/p>\nViews: 6<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria do Prof. Pierre Santos \u201cPorque \u00e9 vindo o grande dia da sua ira; e quem poder\u00e1 resistir?\u201d (S\u00e3o Jo\u00e3o, Apocalipse, 2:28) O livro de S\u00e3o Jo\u00e3o vem provocando confus\u00f5es na humanidade, desde ent\u00e3o e at\u00e9 hoje. Certamente, antes mesmo de ser mandado para o ex\u00edlio, o santo j\u00e1 pensava em escrever as suas Revela\u00e7\u00f5es […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[13],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4695"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=4695"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4695\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":23508,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4695\/revisions\/23508"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=4695"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=4695"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=4695"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}