autismo<\/em> \u00e9, portanto, um transtorno que se caracteriza, principalmente, pelo dano provocado \u00e0 sociabilidade, pois o autista n\u00e3o consegue se comunicar com as pessoas, ao n\u00e3o estabelecer relacionamentos.<\/p>\nO transtorno do autismo<\/i> j\u00e1 pode ser detectado antes mesmo do terceiro ano de vida, quando as habilidades da crian\u00e7a, em vez de evolu\u00edrem, regridem, embora n\u00e3o seja f\u00e1cil diagnostic\u00e1-lo, em raz\u00e3o da varia\u00e7\u00e3o comportamental que possui a crian\u00e7a autista. Ela passa a se isolar, ficando cada vez mais retra\u00edda, sem interagir at\u00e9 mesmo com a m\u00e3e, n\u00e3o faz contato visual, sendo que muitas crian\u00e7as passam a ter dificuldade na linguagem, al\u00e9m de apresentarem um comportamento hostil ou restritivo, como balan\u00e7ar o corpo para frente e para tr\u00e1s, ininterruptamente, ou manusear o mesmo objeto por horas a fio.<\/p>\n
Classifica-se o autismo<\/i>, junto com outras doen\u00e7as correlatas, como transtorno global do desenvolvimento<\/i>(TGD). Mas atualmente \u00e9 visto como transtorno do espectro autista<\/i> (TEA), que engloba tudo (o Autismo, a S\u00edndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especifica\u00e7\u00e3o), levando em conta apenas a grada\u00e7\u00e3o: leve, moderada ou grave, com a finalidade de facilitar o diagn\u00f3stico. De qualquer forma, n\u00e3o se trata de um transtorno totalmente definido. Algumas crian\u00e7as, por exemplo, embora sejam autistas, mostram-se inteligentes e dominam a fala, enquanto outras s\u00e3o incapazes de desenvolv\u00ea-la. Certos autistas s\u00e3o fechados e distantes, enquanto outros possuem comportamentos r\u00edgidos e espec\u00edficos.<\/p>\n
A neuroci\u00eancia (Aur\u00e9lio: Qualquer das ci\u00eancias que estudam o funcionamento do sistema nervoso, especialmente o do c\u00e9rebro.), ao entender que possu\u00edmos um \u201cc\u00e9rebro social\u201d, vem ajudando na compreens\u00e3o do diagn\u00f3stico do autismo<\/i>. Ela mostra que o modo como o c\u00e9rebro funciona repercute no nosso comportamento. Exemplificando: temos a capacidade de notar a emo\u00e7\u00e3o na face de outra pessoa, apenas ao observ\u00e1-la, assim como sabemos como agir neste ou naquele contexto, modificando nosso comportamento. E mais importante: somos capazes de nos colocar no lugar do outro, fator imprescind\u00edvel para a empatia, ou seja, para as intera\u00e7\u00f5es sociais. O autista n\u00e3o possui tais habilidades, ou apresentam d\u00e9ficits em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s mesmas. Portanto, n\u00e3o estabelece relacionamentos e n\u00e3o responde de acordo com o ambiente em que se encontra inserido.<\/p>\n
O autismo<\/i> n\u00e3o est\u00e1 ligado ao retardo mental ou \u00e0 falta de dom\u00ednio das palavras, como pensam alguns. Certas crian\u00e7as, apesar de autistas, apresentam intelig\u00eancia e fala\u00a0 intactas, muitas vezes com intelig\u00eancia acima da m\u00e9dia. Outras apresentam s\u00e9rios problemas no desenvolvimento da linguagem. Alguns portadores da s\u00edndrome parecem fechados e distantes, outros presos a r\u00edgidos e restritos padr\u00f5es de comportamento. As manifesta\u00e7\u00f5es do transtorno variam imensamente, dependendo do n\u00edvel de desenvolvimento e da idade cronol\u00f3gica do indiv\u00edduo.<\/p>\n
Certos adultos com autismo<\/i> s\u00e3o capazes de ter sucesso na carreira profissional. Por\u00e9m, os problemas de comunica\u00e7\u00e3o e socializa\u00e7\u00e3o causam, frequentemente, dificuldades em muitas \u00e1reas da vida desses indiv\u00edduos. Adultos com autismo<\/i> continuar\u00e3o a precisar de encorajamento e apoio moral na sua luta para uma vida independente. Pais de autistas devem procurar programas para jovens adultos autistas bem antes dos seus filhos terminarem a escola.<\/p>\n
Indiv\u00edduos com autismo usualmente<\/span> exibem pelo menos metade das caracter\u00edsticas listadas a seguir:<\/p>\n\n- Dificuldade de relacionamento com outras pessoas<\/li>\n
- Riso inapropriado<\/li>\n
- Pouco ou nenhum contato visual (n\u00e3o olham nos olhos das pessoas)<\/li>\n
- Aparente insensibilidade \u00e0 dor (n\u00e3o respondem adequadamente a uma situa\u00e7\u00e3o de dor)<\/li>\n
- Prefer\u00eancia pela solid\u00e3o e modos arredios (buscam o isolamento e n\u00e3o procuram outras crian\u00e7as)<\/li>\n
- Rota\u00e7\u00e3o de objetos (brinca de forma inadequada ou bizarra com os mais variados objetos)<\/li>\n
- Inapropriada fixa\u00e7\u00e3o em objetos<\/li>\n
- Percept\u00edvel hiperatividade ou extrema inatividade (muitos t\u00eam problemas de sono ou excesso de passividade)<\/li>\n
- Aus\u00eancia de resposta aos m\u00e9todos normais de ensino (muitos precisam de material adaptado)<\/li>\n
- Insist\u00eancia em repeti\u00e7\u00e3o, resist\u00eancia \u00e0 mudan\u00e7a de rotina<\/li>\n
- N\u00e3o tem real medo do perigo (consci\u00eancia de situa\u00e7\u00f5es que envolvam perigo)<\/li>\n
- Procedimento com poses bizarras (fixar um objeto ficando de c\u00f3coras; colocar-se de p\u00e9 numa perna s\u00f3; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a ap\u00f3s tocar de uma determinada maneira os alisares)<\/li>\n
- Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal)<\/li>\n
- Recusa colo ou afagos (beb\u00eas preferem ficar no ch\u00e3o que no colo)<\/li>\n
- Age como se estivesse surdo (n\u00e3o responde pelo nome)<\/li>\n
- Dificuldade em expressar necessidades (sem ou limitada linguagem oral e\/ou corporal; gestos)<\/li>\n
- Acessos de raiva (demonstram extrema afli\u00e7\u00e3o sem raz\u00e3o aparente)<\/li>\n
- Irregular habilidade motora (podem n\u00e3o querer chutar uma bola, mas podem arrumar blocos)<\/li>\n
- Desorganiza\u00e7\u00e3o sensorial (hipo ou hipersensibilidade, por exemplo, auditiva)<\/li>\n
- N\u00e3o fazem refer\u00eancia social (entram num lugar desconhecido sem antes olhar para o respons\u00e1vel, para fazer refer\u00eancia antes e saber se \u00e9 seguro)<\/li>\n<\/ol>\n
Entrevista com Temple Grandin<\/span> \u00a0(uma das mais reconhecidas autoridades em autismo no mundo).<\/p>\n\u201cO autismo \u00e9 parte de quem eu sou, mas n\u00e3o vou permitir que ele me defina. Sou uma expert em animais, professora, cientista, consultora.”<\/i><\/b><\/i><\/b><\/p>\n
FSP – <\/b>Seu novo livro trata do c\u00e9rebro dos autistas. Em que ele \u00e9 diferente?
\nTG<\/b> – As liga\u00e7\u00f5es s\u00e3o diferentes, meu c\u00e9rebro \u00e9 diferente do c\u00e9rebro de um neurot\u00edpico (pessoa sem o transtorno). N\u00e3o \u00e9 culpa da m\u00e3e ou da educa\u00e7\u00e3o, autistas nascem com diferen\u00e7as f\u00edsicas.<\/p>\n
FSP – <\/b>Como deve ser o tratamento das crian\u00e7as com autismo na escola?
\nTG –<\/b> A educa\u00e7\u00e3o deve levar em considera\u00e7\u00e3o as habilidades da crian\u00e7a, investindo nelas. Se a crian\u00e7a tem habilidade para as artes, vamos investir nisso. \u00c9 preciso trabalhar com a crian\u00e7a para enfrentar suas dificuldades. Se ela tem problemas para se relacionar, \u00e9 preciso ensinar aos poucos as habilidades sociais, ensin\u00e1-la a cumprimentar, a dar a m\u00e3o. Se n\u00e3o consegue falar, \u00e9 preciso atacar esse problema, uma palavra de cada vez, ou usar m\u00fasica.<\/p>\n
FSP – <\/b>Como os pais podem saber se seu filho \u00e9 autista?
\nTG<\/b> – N\u00e3o \u00e9 preciso fazer resson\u00e2ncia magn\u00e9tica do c\u00e9rebro para identificar autistas ou crian\u00e7as com problemas de desenvolvimento. Se uma crian\u00e7a chega aos tr\u00eas anos e ainda n\u00e3o consegue falar, existe algum problema.<\/p>\n
FSP<\/b> – Como a fam\u00edlia pode ajudar a crian\u00e7a?
\nTG<\/b> – A melhor forma \u00e9 ficar muito tempo com a crian\u00e7a, horas a fio, conversando com ela, tentando ensinar uma palavra, um gesto de cada vez. Av\u00f3s s\u00e3o muito boas para isso; em geral, t\u00eam tempo para se dedicar aos netos e habilidades pedag\u00f3gicas.<\/p>\n
FSP – <\/b>Na escola, devem ser colocadas em classes especiais?
\nTG<\/b> – As crian\u00e7as com autismo podem frequentar escolas comuns, mas os professores precisam saber que elas t\u00eam necessidades e habilidades especiais. Uma crian\u00e7a autista pode ser muito fraca na escrita, mas \u00f3tima com os n\u00fameros. Ent\u00e3o, ela deve receber atendimento extra para aprender a escrever ou ler e ser incentivada a progredir naquilo em que for boa – no exemplo, pode passar adiante da classe em matem\u00e1tica. <\/b><\/p>\n
FSP<\/b> – O que precisa mudar no atendimento \u00e0 crian\u00e7a autista?
\nTG<\/b> – Os educadores devem focar nas habilidades das crian\u00e7as autistas, n\u00e3o s\u00f3 nas suas defici\u00eancias, para que elas tenham melhores condi\u00e7\u00f5es de se integrar \u00e0 sociedade. As crian\u00e7as autistas devem ser incentivadas a se especializar em alguma atividade. Quando eu estive na escola, sofri muito com as cr\u00edticas e as goza\u00e7\u00f5es dos outros. Eu me refugiei no desenho, no trabalho com os animais. A atividade especializada \u00e9 muito boa para os autistas: m\u00fasica, artes, rob\u00f3tica, seja o que for.<\/p>\n
FSP – <\/b>O que fazer para que os autistas possam ter uma vida independente?
\nTG<\/b> – \u00c9 preciso entender que os autistas pensam diferente. Alguns pensam em padr\u00f5es, outros por imagens. \u00c9 preciso aproveitar isso para ajud\u00e1-los, para que possam contribuir com a sociedade. Mas \u00e9 preciso ajud\u00e1-los. Eu sugiro que, a partir dos 12 anos, as crian\u00e7as recebam orienta\u00e7\u00f5es e treinamento em \u00e1reas que possam lhes ser \u00fateis para que venham a ter um emprego, seja atendendo em uma loja, seja trabalhando com animais ou qualquer outra coisa.<\/p>\n
Fontes de pesquisa:
\n<\/span>Einstein &Sa\u00fade (www. Einstein.br)
\nhttp:\/\/www1.folha.uol.com.br\/equilibrioesaude\/2013\/05\/1284675-autismo-e-parte-de-mim-mas-nao-me-define-diz-a-cientista-temple-grandin.shtml<\/a><\/p>\nViews: 4<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho A abordagem de um dist\u00farbio mental num folhetim visto por milh\u00f5es de pessoas, com uma linguagem bem did\u00e1tica, presta um grande servi\u00e7o \u00e0 popula\u00e7\u00e3o. Qualquer informa\u00e7\u00e3o relativa \u00e0 sa\u00fade ser\u00e1 sempre bem-vinda. Sem falar que a comunidade cient\u00edfica encontra-se preocupada com o aumento dos n\u00fameros de preval\u00eancia de autismo no […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[39],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4795"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=4795"}],"version-history":[{"count":6,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4795\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46886,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4795\/revisions\/46886"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=4795"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=4795"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=4795"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}