<\/a><\/p>\nEm um quarto bem ac\u00fastico
\nNosso Senhor repousava
\nO sil\u00eancio era profundo
\nQue nada estranho notava
\nSem d\u00favida o Pai Celeste
\nUm cansa\u00e7o demonstrava.<\/p>\n
Pedro j\u00e1 desesperado
\nLigeiro chamou S\u00e3o Jo\u00e3o
\nLhe disse sobressaltado:
\nV\u00e1 chamar C\u00edcero Rom\u00e3o
\nPra acalmar seu afilhado
\nQue s\u00f3 causa confus\u00e3o.<\/p>\n
Resmungando bem baixinho
\nPra raiva poder conter
\nFalou para Santo Ant\u00f4nio:
\nN\u00e3o posso compreender
\nEste padre n\u00e3o \u00e9 santo
\nO que aqui veio fazer?!<\/p>\n
Disse Ant\u00f4nio: fale baixo
\nDe Jos\u00e9 \u00e9 convidado
\nEle aqui ganhou adeptos
\nPor ser um padre adorado
\nNo Nordeste brasileiro
\nOnde \u00e9 \u201csantificado\u201d.<\/p>\n
Padre C\u00edcero experiente
\nRecolheu-se ao aposento
\nFingindo n\u00e3o saber nada
\nUm plano tra\u00e7ava atento
\nPra salvar seu afilhado
\nDaquele acontecimento.<\/p>\n
Logo Jo\u00e3o bateu na porta
\nLhe transmitindo o recado
\nC\u00edcero disse: v\u00e1 na frente
\nFique despreocupado
\nDiga a Pedro que se acalme
\nIsso j\u00e1 ser\u00e1 sanado.<\/p>\n
Alguns minutos o padre
\nCom uma B\u00edblia na m\u00e3o
\nAo ver Pedro lhe indagou:
\nO que h\u00e1 para afli\u00e7\u00e3o?
\nQuem l\u00e1 fora tenta entrar
\nE tamb\u00e9m um ser crist\u00e3o,<\/p>\n
S\u00e3o Pedro disse: absurdo
\nQue terminou de falar
\nMas C\u00edcero foi taxativo:
\nVim a confus\u00e3o sanar
\nS\u00f3 escute o r\u00e9u primeiro
\nAntes de voc\u00ea julgar.<\/p>\n
N\u00e3o precisa ele entrar
\nNesta sagrada mans\u00e3o
\nO receba na guarita
\nOnde fica a guarni\u00e7\u00e3o
\nCom certeza h\u00e1 muitos anos
\nNos busca aproxima\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Vou abrir esta exce\u00e7\u00e3o
\nFalou Pedro insatisfeito
\nO nosso reino sagrado
\nMerece muito respeito
\nVirou-se para S\u00e3o Paulo:
\nV\u00e1 buscar este sujeito.<\/p>\n
Lampi\u00e3o tirou o chap\u00e9u
\nDescal\u00e7o tamb\u00e9m ficou
\nAvistando o seu padrinho
\nAos seus p\u00e9s se ajoelhou
\nO encontro foi marcante
\nDe emo\u00e7\u00e3o Pedro chorou<\/p>\n
Ao ver Pedro transformado
\nLevantou-se e foi dizendo:
\nSou um homem injusti\u00e7ado
\nE por isso estou sofrendo
\nCircula em torno de mim
\nS\u00f3 mesmo o lado ruim
\nComo her\u00f3i n\u00e3o est\u00e3o me vendo.<\/p>\n
Sou o Capit\u00e3o Virgulino
\nGuerrilheiro do sert\u00e3o
\nDefendi o nordestino
\nDa mais terr\u00edvel afli\u00e7\u00e3o
\nPor culpa duma pol\u00edcia
\nQue promovia mal\u00edcia
\nExtorquindo o cidad\u00e3o.<\/p>\n
Por um cruel fazendeiro
\nFoi meu pai assassinado
\nTomaram dele o dinheiro
\nDe duro servi\u00e7o honrado
\nAo vingar a sua morte
\nO destino em m\u00e1 sorte
\nDa \u201clei\u201d me fez um soldado.<\/p>\n
Mas o que devo a visita
\nPedro fez indaga\u00e7\u00e3o
\nLampi\u00e3o sem bater vista:
\nV\u00ea padim Ci\u00e7o Rom\u00e3o
\nPra antes do ano novo
\nMandar chuva pro meu povo
\nVoc\u00ea s\u00f3 manda trov\u00e3o.<\/p>\n
Pedro disse: \u00e9 malcriado
\nNem o diabo lhe aceitou
\nSaia j\u00e1 seu excomungado
\nSua hora j\u00e1 esgotou
\nVolte l\u00e1 pro seu Nordeste
\nQue s\u00f3 o cabra da peste
\nCom voc\u00ea se acostumou.<\/p>\n
T\u00edtulo:<\/em> A chegada de Lampi\u00e3o no C\u00e9u
\nAutor:<\/em> Guaipuan Vieira
\nCategoria:<\/em> Literatura de Cordel – 32 p\u00e1ginas
\nIdioma:<\/em> Portugu\u00eas
\nInstitui\u00e7\u00e3o:<\/em> Centro Cultural dos Cordelistas – Cecordel
\n1\u00aa Edi\u00e7\u00e3o:<\/em> 1997 8\u00aa Edi\u00e7\u00e3o: 2005
\nGrava\u00e7\u00e3o:<\/em> 2005 Repentistas: Ant\u00f4nio Joc\u00e9lio e Z\u00e9 Vicente<\/p>\nViews: 1<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Guaipuan Vieira Em um quarto bem ac\u00fastico Nosso Senhor repousava O sil\u00eancio era profundo Que nada estranho notava Sem d\u00favida o Pai Celeste Um cansa\u00e7o demonstrava. Pedro j\u00e1 desesperado Ligeiro chamou S\u00e3o Jo\u00e3o Lhe disse sobressaltado: V\u00e1 chamar C\u00edcero Rom\u00e3o Pra acalmar seu afilhado Que s\u00f3 causa confus\u00e3o. Resmungando bem baixinho Pra raiva […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[22],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4913"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=4913"}],"version-history":[{"count":9,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4913\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":24720,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4913\/revisions\/24720"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=4913"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=4913"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=4913"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}