{"id":49775,"date":"2024-07-26T13:12:39","date_gmt":"2024-07-26T16:12:39","guid":{"rendered":"https:\/\/virusdaarte.net\/?p=49775"},"modified":"2024-07-30T14:49:13","modified_gmt":"2024-07-30T17:49:13","slug":"nao-sei-so-sei-que-foi-assim-parte-ii","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/nao-sei-so-sei-que-foi-assim-parte-ii\/","title":{"rendered":"N\u00c3O SEI! S\u00d3 SEI QUE FOI ASSIM… (Parte II)"},"content":{"rendered":"\n

Autoria de Lu Dias Carvalho<\/strong>\"\"<\/a><\/p>\n

\u00a0\u00a0 Os encontros entre Celestina e seu amante aconteciam ao cair do sol, dia sim e outro tamb\u00e9m. Mas, como o mundo \u00e9 muito cruel com os amancebados, o pai do tra\u00eddo recuperou-se antes do tempo previsto, voltando o filho para casa bem antes do esperado. Em apuros, a esposa, irrequieta, tratou de fechar portas e janelas, sob o argumento de que queria ficar na maior intimidade com o seu maridinho, sem que nem mesmo o miado de seu gato ou os ganidos de seu c\u00e3o os incomodasse.<\/p>\n

\u00a0 Que dureza de vida! No hor\u00e1rio de sempre, o amante bateu na porta cerca de tr\u00eas vezes. Arrepios e medo. Celestina disse ao marido que poderia ser uma alma das trevas que escapara do Bosque do Sil\u00eancio, sendo preciso agir com cautela e sabedoria, pois uma alma penada jamais poderia ser enxotada, sob risco de revoltar-se e acabar com a vida do ofensor. Pediu-lhe que deixasse por sua conta o contato com o ser do al\u00e9m. Ela, ent\u00e3o, recitou em voz alta:<\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0 \u2013 Alma sarapantosa que vieste me sarapantar, volta com o teu pavio seco, e num outro dia venhas molhar. Aqui em casa n\u00e3o tem \u00f3leo, \u00e1gua ou qualquer outra coisa para te dar. Sigas em paz!<\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0 A suposta alma sarapantosa foi-se embora, sabedora de que o mar ali n\u00e3o estava para peixes, enquanto o marido p\u00f4s-se a louvar a coragem de sua destemida mulher.<\/p>\n

\u00a0\u00a0 As coisas teriam terminado por a\u00ed, se um \u00edncubo, ao fazer uma vistoria pelas redondezas, n\u00e3o tivesse assistido a toda a cena. Desse dia em diante, Celestina passou a n\u00e3o ter mais sossego. Moradora que era do Bosque do Sil\u00eancio, a tal criatura, conhecida desde a Idade M\u00e9dia como sendo um dem\u00f4nio masculino que tinha rela\u00e7\u00f5es sexuais com mulheres, n\u00e3o mais a deixou em paz, dela se apoderando como se fosse sua preciosa amante, noite ap\u00f3s noite.<\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 \u00a0A pobre mulher, quando em casa, n\u00e3o mais tinha aquela ard\u00eancia amorosa de antes, exigindo a presen\u00e7a do corpo de seu marido. Seu assanhamento n\u00e3o mais habitava a cama do casal. Chegava em casa de manh\u00e3, ap\u00f3s o servi\u00e7o de porteira no Bosque do Sil\u00eancio, sempre entorpecida, maldisposta e desmilinguida.<\/p>\n

\u00a0 A \u00fanica coisa que Celestina fazia ao voltar, era contar os sonhos er\u00f3ticos que tivera, ao adormecer no servi\u00e7o por alguns minutos. O coitado do marido, entusiasmava-se com os sonhos, mas n\u00e3o tardava a receber um chega para l\u00e1, sem entender necas de pitibiriba. Celestina se parecia com uma piedosa beata, alheia aos afagos amorosos do companheiro. At\u00e9 o velho gato que lhe ro\u00e7ava as pernas causava-lhe repugn\u00e2ncia.<\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 Preocupado com a falta de vitalidade da mulher, que parecia ter sido abduzida por um extraterrestre, o marido resolveu lev\u00e1-la ao doutor da cidade vizinha, que disse ser coisas de horm\u00f4nios em baixa, enchendo-a de p\u00edlulas. Passado o tempo de espera, conforme pedira o escul\u00e1pio, o pobre homem n\u00e3o viu mudan\u00e7a alguma na postura de sua outrora assanhada Celestina. Os len\u00e7\u00f3is continuavam sem amassos. Tal como se deitavam, assim amanheciam, como se ambos fossem dois fervorosos penitentes. \u00a0<\/p>\n

\u00a0\u00a0 Os sintomas da mulher continuavam os mesmos, ou melhor, sua energia vital parecia estar sendo drenada para o Bosque do Sil\u00eancio, pois se recusava a faltar um s\u00f3 dia no trabalho. Podia estar mazelenta do jeito que fosse, mas, mesmo se arrastando, rumava feliz para o seu rotineiro servi\u00e7o. O que havia por l\u00e1 de t\u00e3o atrativo?<\/p>\n

Obs.:<\/span> Se corajoso fores, n\u00e3o percas o epis\u00f3dio III.<\/p>\n

\u00a0<\/h1>\n

Views: 34<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho \u00a0\u00a0 Os encontros entre Celestina e seu amante aconteciam ao cair do sol, dia sim e outro tamb\u00e9m. Mas, como o mundo \u00e9 muito cruel com os amancebados, o pai do tra\u00eddo recuperou-se antes do tempo previsto, voltando o filho para casa bem antes do esperado. Em apuros, a esposa, […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[78],"tags":[],"class_list":["post-49775","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-contos"],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/49775","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=49775"}],"version-history":[{"count":9,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/49775\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":49819,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/49775\/revisions\/49819"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=49775"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=49775"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=49775"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}