<\/a><\/p>\nO sexo, assim como os demais assuntos inerentes \u00e0 vida dos seres humanos, n\u00e3o passa despercebido em meio aos prov\u00e9rbios.\u00a0 Em alguns deles, a conjun\u00e7\u00e3o carnal entre dois indiv\u00edduos \u00e9 abordada atrav\u00e9s de met\u00e1foras. Em outros \u00e9 feita explicitamente, referindo-se a essa ou aquela parte do corpo, de acordo com a vis\u00e3o de cada cultura. \u00c9 neste \u00e2mbito que se pode ver com extrema clareza como a mulher difere do homem no tratamento recebido. O pressuposto, na maioria das culturas, \u00e9 de que o macho pode tudo, pois nenhuma mancha nele pega, enquanto a f\u00eamea, tida como tola algumas vezes, e leviana noutras, n\u00e3o merece nenhum tipo de confian\u00e7a, quer por sua ingenuidade e tolice quer por ser libidinosa e leviana.\u00a0 Por isso, ela tem que ser acompanhada todo o tempo, para que n\u00e3o venha a cair em tenta\u00e7\u00e3o. Ou seja, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.<\/p>\n
Diz um prov\u00e9rbio russo que \u201cQuando a cabra est\u00e1 no jardim, o bode vigia pela janela<\/i>\u201d, ou seja, o homem tem que estar sempre de olho na mulher, pois ela n\u00e3o \u00e9 digna de confian\u00e7a j\u00e1 que \u201cMulher, vento e ventura, a qualquer hora muda<\/i>\u201d. N\u00e3o se pode dar a ela oportunidade para cair na perdi\u00e7\u00e3o, uma vez que \u201cSe a cerca \u00e9 baixa, a vaca ultrapassa-a<\/i>\u201d, ensina um ditado crioulo. A mulher \u00e9 muitas vezes comparada a um animal: \u201cSe a vaca fosse honrada, o touro n\u00e3o tinha cornos<\/i>\u201d, diz um prov\u00e9rbio argentino. \u00c9 tamb\u00e9m muito trai\u00e7oeira, pois \u201cQuando o marido est\u00e1 fora, a mulher aproveita para brincar<\/i>\u201d, ensina um prov\u00e9rbio ingl\u00eas. O \u201cbrincar\u201d refere-se ao ato carnal. Ela \u00e9 t\u00e3o arisca que, mesmo com o marido, \u00e9 capaz de tra\u00ed-lo, como adverte um prov\u00e9rbio hebraico: \u201cN\u00e3o h\u00e1 adult\u00e9rio pior do que o da mulher que pensa em outro homem, enquanto faz amor com o marido<\/i>\u201d. E uma met\u00e1fora mexicana ensina ao homem que \u201cQualquer trapo com abertura para a cabe\u00e7a serve de poncho<\/i>\u201d, ou seja, qualquer mulher serve para ter rela\u00e7\u00e3o sexual.<\/p>\n
Como \u00e9 comum a muitas culturas culpar a mulher por ter sido estuprada, tal vis\u00e3o tamb\u00e9m se reflete nos prov\u00e9rbios, porque eles s\u00e3o a representa\u00e7\u00e3o do pensamento cultural de um povo. O ad\u00e1gio espanhol que reza: \u201cN\u00e3o \u00e9 culpa do ladr\u00e3o se est\u00e1 aberto o port\u00e3o<\/i>\u201d \u00e9 uma amostra clar\u00edssima do que foi dito acima. E se ela n\u00e3o \u00e9 considerada virtuosa, qualquer um pode tom\u00e1-la sexualmente, como deixa bem claro o prov\u00e9rbio jamaicano: \u201cNingu\u00e9m recusa uma fatia de p\u00e3o que j\u00e1 foi cortado<\/i>\u201d, ou ainda o crioulo que reza: \u201cSe as orelhas est\u00e3o furadas, qualquer brinco serve<\/i>\u201d.<\/p>\n
O machismo nos prov\u00e9rbios ensina que o homem n\u00e3o deve perder a oportunidade de se aproveitar da f\u00eamea, seja ela assim ou assado, desde que realize seu objetivo. Neste sentido vemos uma s\u00e9rie de ad\u00e1gios encorajadores: \u201cCom a luz apagada, todas as mulheres s\u00e3o parecidas<\/i>\u201d (Tun\u00edsia); \u201cApaga a luz e todas as mulheres s\u00e3o iguais<\/i>\u201d (Alemanha); \u201c\u00c0 noite todas as mulheres s\u00e3o iguais<\/i>\u201d (It\u00e1lia); \u201cDe noite todos os gatos s\u00e3o pardos<\/i>\u201d (Brasil), etc.<\/p>\n
Quando se analisa o homem atrav\u00e9s dos prov\u00e9rbios, v\u00ea-se que ele leva uma vida dupla: quer se casar com uma mulher \u201cpura\u201d, como alega o ad\u00e1gio: \u201c\u00c0 mulher casta, o marido lhe basta<\/i>\u201d, mas n\u00e3o abre m\u00e3o do prazer que lhe proporciona as \u201clascivas\u201d: \u201cA mulher \u00e9 como a guitarra: quando lhe tocam, soam<\/i>\u201d, ou \u201cAs mulheres perdidas s\u00e3o as mais procuradas<\/i>\u201d. Mas, mesmo a mulher sendo de um jeito ou de outro, ela deve sempre se lembrar de que \u201cO cavalo depende do cavaleiro e a mulher depende do homem<\/i>\u201d, como reza um prov\u00e9rbio \u00e1rabe.<\/p>\n
Assim sendo e sendo assim, resta a n\u00f3s, mulheres, tocarmos a vida para frente, indiferente aos prov\u00e9rbios de ontem, de hoje e de amanh\u00e3, confiantes na import\u00e2ncia de nosso papel no planeta Terra. Somos simplesmente maravilhosas!<\/p>\n
Ilustra\u00e7\u00e3o:<\/span>\u00a0<\/b> Artesanato do Vale do Jequitinhonha\/ MG<\/p>\nFontes de pesquisa:
\n<\/span>Nunca se case com uma mulher de p\u00e9s grandes\/ Mineke Schipper
\nLivro dos prov\u00e9rbios, ditados, ditos populares e anexins\/ Ci\u00e7a Alves Pinto
\nProv\u00e9rbios e ditos populares\/ Pe. Paschoal Rangel<\/p>\n\n
Views: 50<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho O sexo, assim como os demais assuntos inerentes \u00e0 vida dos seres humanos, n\u00e3o passa despercebido em meio aos prov\u00e9rbios.\u00a0 Em alguns deles, a conjun\u00e7\u00e3o carnal entre dois indiv\u00edduos \u00e9 abordada atrav\u00e9s de met\u00e1foras. Em outros \u00e9 feita explicitamente, referindo-se a essa ou aquela parte do corpo, de acordo com […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[43],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/5101"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=5101"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/5101\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46691,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/5101\/revisions\/46691"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=5101"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=5101"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=5101"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}