{"id":5190,"date":"2013-07-08T16:49:18","date_gmt":"2013-07-08T19:49:18","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=5190"},"modified":"2022-07-26T21:55:08","modified_gmt":"2022-07-27T00:55:08","slug":"a-rev-dos-bichos-7-conhecimento-e-poder","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/a-rev-dos-bichos-7-conhecimento-e-poder\/","title":{"rendered":"A Rev. dos Bichos (7) \u2013 CONHECIMENTO \u00c9 PODER"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
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\"bi1\"<\/a><\/p>\n

Ao expulsarem o senhor Jones e fam\u00edlia da Granja do Solar<\/i>, agora denominada Granja dos Animais<\/i>, os bichos tiveram que tomar para si todo o trabalho.\u00a0 O recolhimento do feno foi o primeiro da lista, contando eles com muitas dificuldades, pois, as ferramentas n\u00e3o se adequavam \u00e0 estrutura corporal da bicharada.<\/p>\n

Todas as dificuldades inerentes aos trabalhos na Granja dos Animais<\/i> foram resolvidas com a engenhosidade dos porcos, tidos como os animais mais inteligentes. E, como os mais preparados intelectualmente precisam estar \u00e0 frente de tudo, em tese, os porcos n\u00e3o podiam botar m\u00e3os \u00e0 obra, digo, p\u00e9s, uma vez que tinham que dirigir e supervisionar o trabalho feito por todos os outros. Que tarefa cansativa \u00e9 mandar e mandar! Aposto que eles desejavam estar l\u00e1, com a m\u00e3o na massa, digo, no feno. Ser\u00e1?<\/p>\n

Nenhum animal escapulia do trabalho na granja. Os cavalos, como conheciam cada cantinho do lugar, tomaram para si a tarefa mais pesada. Patos e galinhas iam e viam com pequeninos feixes de feno presos no bico, sem desperdi\u00e7ar um s\u00f3 talinho. Nenhum dos animais abocanhou aquilo que n\u00e3o lhe era devido, de modo que foi a maior safra de feno que a granja j\u00e1 tivera, deixando os bichos alegres com tanta fartura. Tudo agora era produzido por eles e para eles, sem intermedi\u00e1rios ou sonegadores. E ainda tinham tempo para o divertimento.<\/p>\n

Sans\u00e3o, o cavalo, era um exemplo para todos. Com seus m\u00fasculos rijos, ele sempre fora muito trabalhador, mas agora fazia o servi\u00e7o de tr\u00eas, t\u00e3o entusiasmado que estava com a nova situa\u00e7\u00e3o. Nem percebia que o trabalho mais pesado ficava sempre para ele. Chegou a pedir aos galos que o acordassem meia hora mais cedo para, nesse tempo, fazer trabalho volunt\u00e1rio. Mesmo quando estava caindo de cansa\u00e7o, murmurava seu lema: \u201cTrabalharei mais ainda!\u201d. Nunca vivera uma situa\u00e7\u00e3o de tanta paz junto aos companheiros. N\u00e3o mais havia mordidas, ci\u00fames, disc\u00f3rdias e outras coisas t\u00e3o desagrad\u00e1veis, mas corriqueiras nos tempos do senhor Jones. Agora, era preciso manter o progresso e a paz.<\/p>\n

A vida dos bichos \u00e9 bem parecida com a dos homens. Tanto l\u00e1 como c\u00e1, existem sempre os omissos e os espertalh\u00f5es que querem sempre encarapitar-se no ombro dos ing\u00eanuos. Minha m\u00e3e j\u00e1 dizia que “Cacunda de bobo \u00e9 poleiro de esperto”. De modo que Mimosa, a \u00e9gua, estava sempre arranjando desculpas para n\u00e3o trabalhar, assim como o gato que dava uma de perdido, s\u00f3 aparecendo na hora das refei\u00e7\u00f5es ou ao final do trabalho. Enquanto Bejamim, o burro, continuava o mesmo de antes, fazia sempre a sua parte, mas sem se interessar pelos trabalhos extras. Parecia n\u00e3o carregar muito contentamento com a vida.<\/p>\n

Na Granja dos Animais<\/em> n\u00e3o se trabalhava durante os domingos, dia dedicado ao hasteamento da bandeira: uma toalha verde de mesa, pintada com um chifre e uma ferradura no centro. A seguir vinha a Reuni\u00e3o, sempre dirigida pelos porcos, onde eram planejadas as a\u00e7\u00f5es da semana seguinte. Bola de Neve e Napole\u00e3o eram sempre os mais aguerridos e combativos, embora um estivesse sempre se contrapondo ao outro.<\/p>\n

Os porcos, como os mais inteligentes, \u00e9 bom que se diga, definiram que o dep\u00f3sito de ferramentas passaria a ser a sede da dire\u00e7\u00e3o, composta por eles mesmos, onde os animais aprenderiam a ler e escrever mec\u00e2nica, carpintaria e outras artes necess\u00e1rias, atrav\u00e9s dos livros retirados da casa-grande. E assim, foram formados os mais diversos comit\u00eas, sendo que um deles tinha por finalidade domesticar as criaturas selvagens, que acabou n\u00e3o logrando \u00eaxito, pois, apesar do palavr\u00f3rio, pardal algum tinha coragem de se assentar perto de um gato.<\/p>\n

Ser\u00e1 que a intelig\u00eancia dos porcos seria o \u00fanico referencial para levar avante A Revolu\u00e7\u00e3o dos Bichos<\/em>?<\/p>\n

\u00a0Fonte de pesquisa:
\n<\/span>A Revolu\u00e7\u00e3o dos Bichos\/ George Orwell<\/p>\n

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