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<\/a>A Granja dos Animai<\/i>s<\/i> n\u00e3o vivia bons tempos com a chegada da seca. A terra estava imposs\u00edvel de ser trabalhada. Intensificaram-se as reuni\u00f5es no celeiro. Mais uma vez os porcos arvoraram-se na sua capacidade intelectual para resolverem os problemas inerentes \u00e0 pol\u00edtica agr\u00edcola da granja, com o assentimento dos outros bichos, pois, na terra de cego quem tem um olho s\u00f3 \u00e9 rei, sem falar nos omissos, cuja filosofia \u00e9 \u201ctanto faz como tanto fez\u201d.<\/p>\nAs coisas teriam andando a contento, se a rivalidade entre os dois maiorais, Bola de Neve<\/i> e Napole\u00e3o<\/i>, n\u00e3o tivesse chegado a um patamar insuport\u00e1vel. Estavam naquele p\u00e9 em que dois bicudos n\u00e3o se beijam. Por\u00e9m, n\u00e3o se pode negar que Napole\u00e3o<\/i> era o mais invejoso, despeitado e belicoso. Qualquer animal que tivesse um m\u00ednimo de perspic\u00e1cia compreenderia que as coisas n\u00e3o terminariam bem entre os dois. Assim como acontece com os homens, o poder era disputado a unhas e dentes. A princ\u00edpio, a disputa era encoberta por certa n\u00e9voa, at\u00e9 se tornar clara para quem quisesse tomar partido. E foi isso que aconteceu. Alguns bichos ficaram ao lado de Bola de Neve<\/i>, enquanto outros bandearam para o lado de Napole\u00e3o<\/i>. O primeiro obtinha a maioria de aliados atrav\u00e9s de seus discursos, e o segundo, nos conluios.<\/p>\n
Assim como os homens, os dois outrora amigos porcos, em tempo de vacas magras, quando eram escravizados pela tirania de Jones, comiam no mesmo coxo e dividiam os mesmos ideais, mas, a partir do momento em que as coisas come\u00e7aram a prosperar na granja, o poder subiu-lhes \u00e0 cabe\u00e7a, de modo que o lugar come\u00e7ou a ficar pequeno para os dois narizes de tomada el\u00e9trica. E eu fico c\u00e1 pensando na semelhan\u00e7a desta hist\u00f3ria com a dos partidos pol\u00edticos criados pelos homens. A princ\u00edpio, seus criadores dizem-se imbu\u00eddos dessa e daquela filosofia, tudo para o bem do povo e coisa e tal. Depois, passam a saltitar entre um partido e outro, \u00e0 cata daquele que possa lhe trazer maior ganho pessoal e destaque. E o povo? Fica a ver navios! Foi para a Cucuia.<\/p>\n
O fato \u00e9 que Bola de Neve<\/i> pensou em construir um moinho de vento para gerar eletricidade para a Granja dos Animais<\/i>. J\u00e1 com todo o planejamento pronto, a princ\u00edpio, s\u00f3 encontrou desinteresse por parte de Napole\u00e3o<\/em> que manipulou para angariar adeptos, e, consequentemente, a granja foi dividida em duas fac\u00e7\u00f5es. Havia tamb\u00e9m o problema com a defesa da granja. Napole\u00e3o<\/i> achava que os animais deveriam usar armas de fogo, enquanto Bola de Neve<\/i> defendia que deveriam enviar mais pombos para propagar a Revolu\u00e7\u00e3o entre os bichos de outras granjas, de modo a faz\u00ea-los se rebelar e, assim fortalecidos, n\u00e3o haveria necessidade de armamentos.<\/p>\n O dia D foi aquele em que Bola de Neve<\/i> apresentou os planos do moinho de vento, sendo rebatido por Napole\u00e3o<\/i> que, ao perceber que todos iriam concordar com seu inimigo, fez entrar no local seus guarda-costas. E quem eram eles? Nada mais, nada menos do que aqueles c\u00e3ezinhos que ele prometera cuidar, l\u00e1 no in\u00edcio da hist\u00f3ria. O fato \u00e9 que os animais pularam sobre Bola de Neve<\/i> que teve que fugir \u00e0s pressas em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 estrada. Os homens tamb\u00e9m s\u00e3o assim, quando lhes falta a capacidade de vencer com argumentos, democraticamente, partem para a viol\u00eancia.<\/p>\n A partir da fuga de Bola de Neve<\/i>, Napole\u00e3o<\/i> assumiu o comando da granja. Os bichos, amedrontados, tinham medo at\u00e9 de abrir o bico ou balan\u00e7ar o rabo. Garganta<\/i> ficou ainda mais falante e atrevido. Encarregou-se de desmerecer todos os feitos de Bola de Neve<\/i>, pois rei posto \u00e9 rei morto tanto l\u00e1 como c\u00e1. Disse at\u00e9 que a ideia da constru\u00e7\u00e3o do moinho era de seu novo chefe, tendo sido roubada pelo escorra\u00e7ado. Agora, levaria avante o seu plano, sem a presen\u00e7a do pernicioso, mau-car\u00e1ter e antigo amigo. O que poderia acontecer da\u00ed para a frente?<\/p>\n