{"id":5309,"date":"2013-06-29T18:04:01","date_gmt":"2013-06-29T21:04:01","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=5309"},"modified":"2022-07-26T21:47:10","modified_gmt":"2022-07-27T00:47:10","slug":"mestres-da-pintura-michelangelo-buonarroti","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/mestres-da-pintura-michelangelo-buonarroti\/","title":{"rendered":"Mestres da Pintura \u2013 MICHELANGELO BUONARROTI"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
\n<\/b><\/p>\n

\u00a0 <\/a>\u00a0\u00a0 <\/a>\"miquel\"\u00a0\u00a0 <\/a>\"miquel1\"<\/a><\/i><\/b><\/p>\n

A boa pintura aproxima-se de Deus e se une a Ele… N\u00e3o \u00e9 mais do que uma c\u00f3pia de suas perfei\u00e7\u00f5es, uma sombra do seu pincel, sua m\u00fasica, sua melodia… Por isso, n\u00e3o basta que o pintor seja um grande e h\u00e1bil mestres de seu of\u00edcio. Penso ser mais importantes a pureza e a santidade de sua vida, tanto quanto poss\u00edvel, a fim de que o Esp\u00edrito Santo guie seus pensamentos. (Michelangelo)<\/i><\/b><\/p>\n

Em cada bloco de m\u00e1rmore vejo uma est\u00e1tua; vejo-a t\u00e3o claramente como se estivesse na minha frente, moldada e perfeita na pose e no efeito. Tenho apenas de desbastar as paredes brutas que aprisionam a ador\u00e1vel apari\u00e7\u00e3o para revel\u00e1-la a outros olhos como os meus j\u00e1 a veem (Michelangelo).<\/i><\/b><\/p>\n

Realizou suas pr\u00f3prias pesquisas se anatomia humana, dissecou cad\u00e1veres e desenhou com modelos, at\u00e9 que a figura humana deixou de ter para ele qualquer segredo. Em pouco tempo n\u00e3o havia postura nem movimento que ele achasse dif\u00edcil desenhar. (Prof. E. H. Gombrich)<\/em><\/strong><\/p>\n

Observei o anjo gravado no m\u00e1rmore, at\u00e9 que eu o libertasse. (Michelangelo)<\/i><\/b><\/p>\n

O escultor, arquiteto e pintor italiano Michelangelo Buonarroti<\/i> (1475 \u2013 1564), ao lado de Leonardo da Vinci e Rafael Sanzio, ocupa um dos mais altos postos na pintura renascentista. \u00c9 tamb\u00e9m um dos g\u00eanios da escultura em todos os tempos.<\/p>\n

Michelangelo Buonarroti<\/i> nasceu em Caprese, perto de Floren\u00e7a, numa fam\u00edlia de velha e conhecida estirpe florentina. Seu pai, Ludovico Buonarroti, era um homem extremamente agressivo, tido como temente a Deus. Sua m\u00e3e, Francesca, faleceu quando o futuro g\u00eanio tinha apenas seis anos, deixando cinco filhos, sendo Michelangelo<\/i> o segundo deles. Ap\u00f3s a morte da m\u00e3e, o garoto passou para os cuidados de uma ama de leite, esposa e filha de marmoristas. Poderia isso ter contribu\u00eddo para a sua voca\u00e7\u00e3o de escultor? Possivelmente contribuiu para aflorar seu talento. O pr\u00f3prio artista disse que junto ao leite da ama estava o germe de sua futura voca\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Na escola, o pequeno Michelangelo<\/i> n\u00e3o se interessava pelas mat\u00e9rias do Trivium<\/em> (gram\u00e1tica, ret\u00f3rica e dial\u00e9tica), sempre voltado para a feitura de desenhos e esbo\u00e7os, o que lhe custava muitos castigos de sua fam\u00edlia tradicional, para quem a presen\u00e7a de um artista em seu seio era desmoralizante. A profiss\u00e3o de pintor era de baixa considera\u00e7\u00e3o social e o senhor Ludovico desejava para seus filhos profiss\u00f5es ilustres. Por isso, o garoto era surrado pelo pai e pelos irm\u00e3os desse, para que n\u00e3o se enveredasse pelos caminhos da arte. Mas aos 13 anos o adolescente obstinado e de car\u00e1ter forte conseguiu permiss\u00e3o do pai para ficar como aprendiz no est\u00fadio de Domenico Guilandaio, tido como um mestre da pintura em Floren\u00e7a. A contragosto o pai aceitou atender a vontade do filho.<\/p>\n

Com Domenico Michelangelo<\/i> apreendeu a t\u00e9cnica de pintura de afrescos, tornando-se um ex\u00edmio desenhista. Ali fez c\u00f3pias de Giotto e tamb\u00e9m de Masaccio, de quem admirava os afrescos da Igreja de Carmine de Floren\u00e7a. Mas o garoto n\u00e3o demorou a entrar em contendas com os colegas e o mestre, de quem n\u00e3o seguia as recomenda\u00e7\u00f5es, fazendo os exerc\u00edcios de acordo com suas pr\u00f3prias ideias.\u00a0 Irritado com a morosidade do aprendizado e considerando a pintura como uma arte limitada, o garoto permaneceu apenas um ano com o mestre florentino. Dali partiu para a escola de escultura que ficava nos jardins de S. Marcos, mantida por Louren\u00e7o, o Magn\u00edfico, atraindo para si o interesse do mecenas, um dos homens mais cultos de Floren\u00e7a e que personificava o ideal do homem renascentista, tido como centro do universo e s\u00edntese de todas as artes.<\/p>\n

Louren\u00e7o levou o jovem Michelangelo<\/i> para seu pal\u00e1cio \u2014 ambiente refinado e cultural do Renascimento italiano. Ele se sentiu integrado \u00e0quela atmosfera po\u00e9tica e erudita que evocava a grandiosidade da Gr\u00e9cia Antiga, onde o homem era o centro do universo. Passou a viver num ambiente culto, voltado para o humanismo, junto de artistas, poetas, fil\u00f3sofos e burgueses cultos. Dentre esses encontravam-se Pico della Mirandola (erudito e fil\u00f3sofo), Agnelo Poliziano (poeta e humanista) e Marsilo Ficino (fil\u00f3sofo).<\/p>\n

No pal\u00e1cio Michelangelo<\/i> tamb\u00e9m granjeou os seus primeiros desafetos que n\u00e3o aceitaram o seu temperamento ir\u00f4nico e impaciente, sempre a por em cheque a lerdeza e a limita\u00e7\u00e3o dos colegas. Ao criticar o trabalho do colega Torrigiano dei Torrigiani, recebeu um brutal soco no rosto que lhe deformou para sempre o nariz. Tal deforma\u00e7\u00e3o foi muito dolorosa para ele que tinha a beleza do corpo como a presen\u00e7a divina na passagem do homem pela Terra. Al\u00e9m disso, come\u00e7ou a sentir que no mundo n\u00e3o existia espa\u00e7o para a sua genialidade.<\/p>\n

Quando o jovem completou 15 anos, o monge Savonarola estava em alta com a sua inflamada prega\u00e7\u00e3o, berrando aos quatro cantos sobre a ira de Deus prestes a\u00a0 abater-se sobre Floren\u00e7a. Ao chegar ao governo da cidade, o monge mandou queimar livros e quadros. O jovem artista ficou t\u00e3o amedrontado com as prega\u00e7\u00f5es apocal\u00edpticas do religioso, a ponto de questionar-se se a beleza seria um pecado e se os sentidos eram inimigos do esp\u00edrito divino, como pregava o monge. Savarola tamb\u00e9m pregava que a arte n\u00e3o podia exibir plenamente o corpo humano, portanto, deveria a arte pag\u00e3 ser destru\u00edda, devendo o artista voltar-se para a arte sacra. Mas, assim que morreu Louren\u00e7o, o Magn\u00edfico, e com a proximidade da revolu\u00e7\u00e3o, Michelangelo<\/i> deixou sua querida Floren\u00e7a, e fugiu para a cidade de Veneza. O religioso foi depois perseguido juntamente com seus seguidores, dentre eles encontrava-se um irm\u00e3o de Michelangelo. O monge foi queimado.<\/p>\n

Embora fosse muito novo, Michelangelo<\/i> procurou conhecer os escultores gregos e romanos atrav\u00e9s das obras que se encontravam na biblioteca dos Medici. Tamb\u00e9m visitou as igrejas de Floren\u00e7a, onde estudou as obras de grandes artistas do passado, tais como Giotto, Donatello, Masacio, Ghiberti, etc, chegando \u00e0 conclus\u00e3o de que a escultura era a mais primorosa das artes e que a figura humana j\u00e1 se encontrava na pedra, bastando retirar o excesso para lhe descobrir a alma.<\/p>\n

O artista florentino foi uma figura pol\u00eamica que viveu numa \u00e9poca conturbada da hist\u00f3ria de seu pa\u00eds, transitando entre as tens\u00f5es religiosas, pol\u00edticas e culturais, sem delas se abster. Para alguns era tido como corajoso, generoso, humilde e racional. Para outros, ego\u00edsta, intolerante, megaloman\u00edaco, desajustado e supersticioso. Mas, para todos era um homem solit\u00e1rio, atormentado e apaixonado por tudo que fazia, um g\u00eanio de inexaur\u00edvel capacidade criativa quer como pintor, escultor ou poeta. Era movido pela paix\u00e3o pela arte, a ponto de chegar ao desespero, pois sua personalidade apaixonada tamb\u00e9m estava imbu\u00edda de uma profunda tristeza e de um pessimismo latente. A melancolia pode ser vista em toda a sua obra, traduzindo sua vis\u00e3o de mundo.<\/p>\n

Michelangelo<\/i> jamais foi compreendido por seus contempor\u00e2neos, combatido, sobretudo, por aqueles que invejam a sua genialidade. Ele foi t\u00e3o genial em sua arte escult\u00f3rica que suas esculturas chegaram a ser confundidas com obras do passado. E<\/i>ra uma pessoa dif\u00edcil, solit\u00e1ria e antissocial, n\u00e3o deixando espa\u00e7o para que as pessoas dele se aproximassem.\u00a0 De uma feita disse com arrog\u00e2ncia: \u201cN\u00e3o tenho amigos, n\u00e3o preciso deles e nem os quero.\u201d. <\/i>Apesar disso era uma pessoa triste e depressiva. Morreu aos 89 anos e foi sepultado na sacristia da igreja da Santa Croce de sua querida Floren\u00e7a.<\/p>\n

Fontes de pesquisa:
\n<\/span>G\u00eanios da Arte\/ Girassol
\nGrandes Mestres da Pintura\/ Cole\u00e7\u00e3o Folha
\nGrandes Mestres\/ Abril Cultural
\nRenascimento\/ Taschen
\nTudo sobre Arte\/ Sextante
\n1000 Obras da Pintura Europeia\/ K\u00f6nemann
\nOs Pintores mais Influentes\/ Girassol
\nArte em Detalhes\/ Publifolha
\nG\u00f3ticos e Renascentistas\/ Abril Cultural
\nA Hist\u00f3ria da Arte\/ E. H. Gombrich<\/p>\n

Nota:<\/span> Autorretrato \u2013 1506 (foto maior) \/ Michelangelo representando Her\u00e1clito em A Escola de Atenas<\/i>, de Rafael Sanzio.<\/p>\n

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