![\"escravo1\"](\"http:\/\/virusdaarte.net\/wp-content\/uploads\/2013\/07\/escravo1.png\")
<\/a>\u00a0(*)<\/b><\/p>\nCad\u00ea o cl\u00ednico?<\/p>\n
Sabe aquele m\u00e9dico da fam\u00edlia que atendia a todos os membros, desde as crian\u00e7as at\u00e9 os mais velhos? Era realmente bom poder contar com uma pessoa que conhecia todos os membros da fam\u00edlia e que, al\u00e9m de m\u00e9dico, era um amigo e confidente. Saudosismo meu, mas acho que esses tempos n\u00e3o voltam mais. Espero estar errado e gostaria que meus filhos tivessem o que eu pude vivenciar em tempos de crian\u00e7a.<\/p>\n
A evolu\u00e7\u00e3o da ci\u00eancia m\u00e9dica leva nossos m\u00e9dicos rec\u00e9m-formados a j\u00e1 procurarem por uma especializa\u00e7\u00e3o. Hoje, os alunos buscam uma especializa\u00e7\u00e3o precoce e n\u00e3o podem ser condenados por isso. Eles sabem do aviltamento dos sal\u00e1rios do m\u00e9dico que n\u00e3o \u00e9 especialista. Sabem que a consulta m\u00e9dica \u00e9 injustamente trocada, e mal remunerada, pela complexidade da alta tecnologia. Os professores que\u00a0 deveriam inici\u00e1-los na arte da cl\u00ednica m\u00e9dica s\u00e3o cada vez mais raros.<\/p>\n
Claro que necessitamos dos especialistas, pois com o crescimento do conhecimento e da ci\u00eancia de forma t\u00e3o r\u00e1pida, n\u00e3o temos como acompanhar e estudar tudo como se fazia em um passado relativamente recente. Na minha \u00e9poca de faculdade, o pessoal brincava que o cl\u00ednico geral \u00e9 aquele que sabia tudo e n\u00e3o resolvia nada, enquanto o cirurgi\u00e3o era aquele que n\u00e3o sabia nada, mas resolvia tudo. Uma mera brincadeira de estudantes de medicina, claro. Era uma procura danada pelas especialidades cir\u00fargicas. Algu\u00e9m vai ser cl\u00ednico? Poucos eram os que se anunciavam. Isso n\u00e3o mudou agora.<\/p>\n
A impress\u00e3o que se tem \u00e9 que os alunos de medicina imaginam que um cl\u00ednico geral sabe pouco sobre muita coisa e, por isso, se sentem inseguros e optam pelas especialidades. \u00c9 um paradoxo, pois as necessidades da popula\u00e7\u00e3o e do mercado de trabalho pedem m\u00e9dicos generalistas<\/i>. O generalista<\/i> \u00e9 a porta de entrada para a pesquisa diagn\u00f3stica, tratamento e, quando necess\u00e1rio, fazer a triagem para o especialista.<\/p>\n
Vejo que este problema passa, necessariamente, pelas escolas m\u00e9dicas. O padr\u00e3o do ensino m\u00e9dico de atua\u00e7\u00e3o, onde o foco \u00e9 a doen\u00e7a e n\u00e3o a preven\u00e7\u00e3o, e a promo\u00e7\u00e3o da sa\u00fade devem ser revistos. O cl\u00ednico, antes de tudo, antecipa problemas futuros de forma preventiva.<\/p>\n
Percebo no dia a dia que o paciente que procura o m\u00e9dico n\u00e3o quer s\u00f3 falar da sua doen\u00e7a ou da queixa cl\u00ednica que o levou ao consult\u00f3rio. Ele quer ser ouvido. Quer ouvir palavras de conforto e de est\u00edmulo. Ser tranquilizado e orientado em rela\u00e7\u00e3o a sua sa\u00fade. Este \u00e9 o papel n\u00e3o s\u00f3 do cl\u00ednico, mas de todos os m\u00e9dicos. Quem sabe um dia nossos generalistas<\/i>, ou quem sabe alguns deles, possam se tornar aqueles bons e velhos amigos da fam\u00edlia.<\/p>\n