{"id":5937,"date":"2016-03-08T01:15:59","date_gmt":"2016-03-08T04:15:59","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=5937"},"modified":"2022-08-13T20:18:47","modified_gmt":"2022-08-13T23:18:47","slug":"hipatia-1-a-mulher-intelectual-da-historia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/hipatia-1-a-mulher-intelectual-da-historia\/","title":{"rendered":"HIP\u00c1TIA \u2013 1.\u00aa MULHER INTELECTUAL DA HIST\u00d3RIA"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
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\"ui123456\" \u00a0\u00a0\u00a0 <\/a>\"ui1234567\"<\/a><\/p>\n

Havia em Alexandria uma mulher chamada Hip\u00e1tia, filha do fil\u00f3sofo Theon, que fez tantas realiza\u00e7\u00f5es em literatura e ci\u00eancia que ultrapassou todos os fil\u00f3sofos de seu tempo. Tendo progredido na escola de Plat\u00e3o e Plotino, ela explicava os princ\u00edpios da filosofia a quem a ouvisse, e muitos vinham de longe para receber seus ensinamentos. Com um grande autocontrole e descontra\u00e7\u00e3o, que obteve como consequ\u00eancia do cultivo da sua mente, n\u00e3o raras vezes aparecia em p\u00fablico, na presen\u00e7a dos magistrados. Nem se coibia de comparecer numa assembleia de homens. Pois todos os homens a admiravam ainda mais devido \u00e0 sua extraordin\u00e1ria dignidade e virtude.<\/i><\/b> <\/i>(S\u00f3crates)<\/i><\/b><\/p>\n

Vestida com o manto dos fil\u00f3sofos, abrindo caminho no meio da cidade, explicava publicamente os escritos de Plat\u00e3o e de Arist\u00f3teles, ou de qualquer fil\u00f3sofo, a todos os que a quisessem ouvi-la\u2026 Os magistrados costumavam consult\u00e1-la em primeiro lugar, para administra\u00e7\u00e3o dos assuntos da cidade. (Hes\u00edquio)<\/i><\/b><\/p>\n

Hip\u00e1tia distinguiu-se na matem\u00e1tica, na astronomia, na f\u00edsica e foi ainda respons\u00e1vel pela escola de filosofia neoplat\u00f4nica – uma extraordin\u00e1ria diversifica\u00e7\u00e3o de atividades para qualquer pessoa daquela \u00e9poca. Nasceu em Alexandria em 370. Numa \u00e9poca em que as mulheres tinham poucas oportunidades e eram tratadas como objetos, Hip\u00e1tia moveu-se livremente e sem problemas nos dom\u00ednios que pertenciam tradicionalmente aos homens. Segundo todos os testemunhos, ela era de grande beleza. Tinha muitos pretendentes, mas rejeitou todas as propostas de casamento. A Alexandria do tempo de Hip\u00e1tia – ent\u00e3o desde h\u00e1 muito sob o dom\u00ednio romano – era uma cidade onde se vivia sob grande press\u00e3o. A escravid\u00e3o tinha retirado \u00e0 civiliza\u00e7\u00e3o cl\u00e1ssica a sua vitalidade, a Igreja Crist\u00e3 consolidava-se e tentava dominar a influ\u00eancia e a cultura pag\u00e3s.”(Carlos Sagan, em Cosmos)<\/i><\/b><\/p>\n

Ao analisar a magistral composi\u00e7\u00e3o de Rafael Sanzio, A Escola de Atenas<\/i>, o Prof. Pierre Santos assinala que Hip\u00e1tia<\/i> foi a primeira mulher intelectual registrada pela Hist\u00f3ria. Pela an\u00e1lise do quadro, onde se encontram as cabe\u00e7as mais celebradas da \u00e9poca, causa espanto a presen\u00e7a de uma mulher. E, para que ela ali se encontrasse, deve ter sido de fato um grande expoente do saber, a ponto de passar pelo filtro do machismo em vigor, cujos resqu\u00edcios ainda predominam nos nossos dias. Portanto, nada como fazer uma homenagem a essa grande mulher, que viveu num passado t\u00e3o long\u00ednquo.<\/p>\n

Hip\u00e1tia (ou Hip\u00e1cia)<\/i>, matem\u00e1tica e fil\u00f3sofa neoplat\u00f4nica, e tamb\u00e9m versada em religi\u00e3o, astronomia e artes, viveu em Alexandria, no Egito, entre os anos 355 e 415, \u00e9poca da domina\u00e7\u00e3o romana. Mais tarde tornou-se professora e, posteriormente, diretora da Academia de Alexandria. Vinha de uma fam\u00edlia culta, tendo por pai Theon, um famoso fil\u00f3sofo, matem\u00e1tico e astr\u00f4nomo que foi professor e diretor do Museu de Alexandria. O pai tinha uma grande paix\u00e3o por ela, repassando-lhe as mais diferentes formas de conhecimento, al\u00e9m de despertar na filha a busca pelo saber, sem jamais aceitar respostas prontas. Era tamb\u00e9m submetida a uma r\u00edgida disciplina, com o intuito de alcan\u00e7ar o ideal hel\u00eanico que se traduzia numa mente s\u00e3 em um corpo s\u00e3o. Juntamente com o pai, ela escreveu um tratado sobre o professor e matem\u00e1tico Euclides.<\/p>\n

Hip\u00e1tia fez op\u00e7\u00e3o por n\u00e3o se casar. E, se lhe perguntavam por que n\u00e3o contra\u00edra matrim\u00f4nio, ela respondia que seu compromisso era com a verdade. Sua fama era tamanha que v\u00e1rios matem\u00e1ticos buscavam-na para ajud\u00e1-los na solu\u00e7\u00e3o de problemas complexos, pois ela era obcecada pela demonstra\u00e7\u00e3o l\u00f3gica. E, embora vivesse num ambiente em que predominava o cristianismo, Hip\u00e1tia n\u00e3o se deixou sensibilizar por esse, continuando pag\u00e3. A sua n\u00e3o aceita\u00e7\u00e3o da religi\u00e3o crist\u00e3 foi tida por muito tempo, como a causa que levou a seu assassinato. Por\u00e9m, estudos mais recentes atestam que a causa foi pol\u00edtica, ou seja, ela fazia parte da luta pelo dom\u00ednio de Alexandria. Assim, S\u00f3crates, o Escol\u00e1stico, relata a sua morte:<\/p>\n

Numa tarde de mar\u00e7o de 415, quando regressava do Museu, Hip\u00e1tia foi atacada, em plena rua, por uma turba de crist\u00e3os enfurecidos. Ela foi arrastada pelas ruas da cidade at\u00e9 uma igreja, onde foi cruelmente torturada at\u00e9 a morte. Depois de morta, o corpo foi lan\u00e7ado a uma fogueira. A sua morte foi um crime pol\u00edtico provocado por conflitos persistentes que se faziam sentir em Alexandria. (Maria Dzielska, em Hip\u00e1tia de Alexandria)<\/i><\/p>\n

“Meu cora\u00e7\u00e3o deseja a presen\u00e7a de vosso divino esp\u00edrito que mais do que tudo poderia ado\u00e7ar minha amarga sorte. Oh minha m\u00e3e, minha irm\u00e3, mestre e benfeitora minha! Minha alma est\u00e1 triste. Mata-me a lembran\u00e7a de meus filhos perdidos\u2026 Quando receber not\u00edcias tuas e souber, como espero que est\u00e1s mais feliz do que eu, aliviar-se-\u00e3o pelo menos a metade de minhas dores”. (<\/i>Trecho de uma carta de Sin\u00e9sio de Cirene, aluno de Hip\u00e1tia)<\/i><\/p>\n

Curiosidade:
\n<\/span>\u00c1gora<\/i> trata-se de um filme espanhol, dirigido pelo cineasta Alejandro Amen\u00e1bar, lan\u00e7ado na Espanha em 2009, relatando a vida da fil\u00f3sofa Hip\u00e1tia<\/i>. O diretor apresenta no filme uma licen\u00e7a rom\u00e2ntica, criando um romance entre a personagem principal e um de seus escravos, Davus. Trata tamb\u00e9m das lutas acirradas entre crist\u00e3os, judeus e a cultura greco-romana. \u00c9 interessante notar no filme o tratamento dado \u00e0 mulher naquela \u00e9poca.<\/p>\n

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