{"id":600,"date":"2013-02-23T21:45:59","date_gmt":"2013-02-23T21:45:59","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=600"},"modified":"2022-07-26T11:59:06","modified_gmt":"2022-07-26T14:59:06","slug":"filme-a-separacao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/filme-a-separacao\/","title":{"rendered":"Filme \u2013 A SEPARA\u00c7\u00c3O"},"content":{"rendered":"
Autoria por Lu Dias Carvalho \u00a0<\/a><\/strong>\u00a0 <\/a><\/p>\n O iraniano \u201cA Separa\u00e7\u00e3o\u201d \u00e9 um desses filmes excepcionais que s\u00f3 de muito em muito tempo surgem \u2013 e p\u00f5em a nocaute. (Isabela Boscov)<\/strong><\/em><\/p>\n Eu gostaria de agradecer \u00e0 Academia e a Sony Pictures Classics e a meus queridos amigos Michael Barker e Tom Bernard. Neste momento muitos iranianos em todo o mundo est\u00e3o nos assistindo e eu imagino que devem estar muito felizes. Meu povo n\u00e3o est\u00e1 feliz s\u00f3 por conta de um importante pr\u00eamio, ou filme, ou diretor, mas porque em um momento quando discursos de intimida\u00e7\u00e3o de guerra e agress\u00f5es s\u00e3o trocadas entre pol\u00edticos em nome de seus pa\u00edses, o Ir\u00e3 \u00e9 falado aqui atrav\u00e9s de sua cultura gloriosa, uma cultura rica e antiga que vem sido escondida sob a poeira da pol\u00edtica. Eu orgulhosamente ofere\u00e7o este pr\u00eamio para o povo do meu pa\u00eds, o povo que respeita todas as culturas e civiliza\u00e7\u00f5es e despreza hostilidade e ressentimento. Muito obrigado. (Asghar Farhadi)<\/em><\/strong><\/p>\n A Separa\u00e7\u00e3o<\/em> (2011), filme iraniano do cineasta Asghar Farhadi, que ganhou o Oscar de Melhor Filme em L\u00edngua Estrangeira, em 2012, depois de ter recebido o Urso de Ouro no Festival de Berlim e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro \u00e9 realmente imperd\u00edvel tanto por seu roteiro excepcional quanto pelo trabalho dos atores e pela dire\u00e7\u00e3o competent\u00edssima de Asghar Farhadi.<\/p>\n O filme, que \u00e9 um drama, traz como enredo a hist\u00f3ria da m\u00e9dica Simin (Leila Hatami) e seu marido, o banc\u00e1rio Nader (Peyman Moadi) que conseguem um visto para sair do pa\u00eds, levando a filha Termeh (Sarina Fahadi) de 11 anos. Eles querem dar melhores oportunidades para a garota que \u00e9 muito inteligente. Tudo vai muito bem at\u00e9 o momento em que Nader descobre que \u00e9 imposs\u00edvel partir, deixando seu pai que est\u00e1 com Alzheimer. A \u00fanica op\u00e7\u00e3o que resta ao casal \u00e9 se divorciar para que a mulher e a filha possam partir. E Simin tem pressa de sair do pa\u00eds com a garota.<\/p>\n A primeira cena do filme mostra o casal num tribunal, diante de uma c\u00e2mara, que faz a vez do juiz, para resolver o problema do div\u00f3rcio. Contudo, Nader volta atr\u00e1s quanto a permitir que a garota parta na companhia da m\u00e3e. Sente que n\u00e3o lhe \u00e9 poss\u00edvel ficar longe da filha, tamanho \u00e9 o seu amor por ela. Por sua vez, Simin n\u00e3o entende a grandeza desse amor, incapaz de dar \u00e0 filha t\u00e3o inteligente e cr\u00edtica um futuro melhor, mesmo que no estrangeiro.<\/p>\n Assim, o que era apenas uma separa\u00e7\u00e3o simulada, vai se tornando real, com o casal totalmente dividido quanto ao futuro de Termeh. Outras quest\u00f5es mais delicadas v\u00e3o sendo trazidas \u00e0 tona, como se tivessem o intuito de ajudar o espectador a tomar partido na trama: Simin, a m\u00e3e, amedronta-se com facilidade, enquanto Nader, o pai, \u00e9 quem estimula a filha a ser ela mesma. Mas, por outro lado, a postura da m\u00e3e n\u00e3o seria um reflexo da cultura de seu pa\u00eds, onde a mulher vive em estado permanente de submiss\u00e3o? E o pai estimulador n\u00e3o o \u00e9 pelo poder que, como homem, recebe num pa\u00eds isl\u00e2mico?<\/p>\n Vivendo num clima de grande conflito, Simin acaba se divorciando do marido e vai morar na casa da m\u00e3e, deixando sua filha Termeh com o pai. Nader, sem a esposa, precisa contratar algu\u00e9m para cuidar de seu pai doente. \u00c9 nessa parte da trama que entra Razieh (Sareh Bayat), a empregada e o piv\u00f4 dos acontecimentos que vir\u00e3o.<\/p>\n Razieh, extremamente radical em rela\u00e7\u00e3o ao islamismo que professa, j\u00e1 assume o emprego amedrontada com a possibilidade de que seu marido Hodjata (Shahab Hosseini), que se encontra desempregado, venha a descobrir que ela est\u00e1 trabalhando na casa de um homem praticamente solteiro. Amedronta-lhe tamb\u00e9m o fato de que possa estar se desvirtuando dos caminhos de sua f\u00e9. Ela se encontra numa situa\u00e7\u00e3o de tanto medo e inseguran\u00e7a que tem d\u00favidas at\u00e9 quanto a dar banho ou trocar as cal\u00e7as do pai de Nader, tendo que ligar para um l\u00edder religioso para obter sua anu\u00eancia.<\/p>\n Como se j\u00e1 n\u00e3o bastassem os problemas de Nader com sua fam\u00edlia, ele acaba se atritando com Razieh, a empregada, ao encontrar o pai sozinho e amarrado \u00e0 cama. Ele a coloca para fora sem saber que ela est\u00e1 gr\u00e1vida, empurrando-a. Acaba sendo processado como agente respons\u00e1vel pelo aborto de sua empregada. \u00c9 quando o mundo desaba sobre as duas fam\u00edlias, que se veem \u00e0s voltas com um julgamento moral e religioso, em que Somayeh (Kimia Hosseini), filhinha de Razieh que a acompanha ao trabalho e Termeh, ing\u00eanuas em rela\u00e7\u00e3o ao mundo que as rodeia, s\u00e3o as duas \u00fanicas testemunhas do fato.<\/p>\n Fontes de pesquisa: \n Views: 3<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Autoria por Lu Dias Carvalho \u00a0\u00a0 O iraniano \u201cA Separa\u00e7\u00e3o\u201d \u00e9 um desses filmes excepcionais que s\u00f3 de muito em muito tempo surgem \u2013 e p\u00f5em a nocaute. (Isabela Boscov) Eu gostaria de agradecer \u00e0 Academia e a Sony Pictures Classics e a meus queridos amigos Michael Barker e Tom Bernard. 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\n<\/span>Revista Veja\/ 25 de janeiro de 2012
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