{"id":602,"date":"2013-02-23T21:51:27","date_gmt":"2013-02-23T21:51:27","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=602"},"modified":"2022-07-26T11:58:41","modified_gmt":"2022-07-26T14:58:41","slug":"filme-trilogia-das-cores","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/filme-trilogia-das-cores\/","title":{"rendered":"Filme \u2013 TRILOGIA DAS CORES"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
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\u00a0 \u00a0 \"a<\/a>\u00a0\u00a0 \"a<\/a><\/p>\n

T<\/strong>odos os tr\u00eas filmes nos prendem de imediato pela narrativa interessante. S\u00e3o metaf\u00edsicos pelo exemplo, n\u00e3o pela teoria. Kieslowski narra a par\u00e1bola, n\u00e3o prega a li\u00e7\u00e3o. (Roger Ebert)<\/strong><\/em><\/p>\n

Kieslowski amava realmente seus personagens e nos convida a tomarmos consci\u00eancia tanto de nossas limita\u00e7\u00f5es quanto de nossa capacidade de transcend\u00eancia. (Annete Insdorf)<\/strong><\/em><\/p>\n

A cineasta polon\u00eas Krzysztof Kieslowski (1941 -1996), deixou seu pa\u00eds por motivos pol\u00edticos, e tamb\u00e9m em busca de outro que pudesse lhe oferecer melhores condi\u00e7\u00f5es financeiras para continuar o seu trabalho. Escolheu a Fran\u00e7a como nova p\u00e1tria.<\/p>\n

A Trilogia das Cores<\/em> (1993 -1994) \u00e9 uma homenagem ao pa\u00eds escolhido, tendo sido cada um dos filmes inspirado nas cores que comp\u00f5em a bandeira francesa e nos tr\u00eas ideais democr\u00e1ticos por elas representados: liberdade, igualdade e fraternidade. S\u00e3o eles: A Liberdade \u00e9 Azul<\/em> (1993), A Igualdade \u00e9 Branca<\/em> (1994) e A Fraternidade \u00e9 Vermelha<\/em> (1994). Os tr\u00eas filmes s\u00e3o ambientados na Fran\u00e7a, Pol\u00f4nia e Su\u00ed\u00e7a, e as hist\u00f3rias acontecem num per\u00edodo invernal, com dias cinzentos ou encobertos pela n\u00e9voa. N\u00e3o tratam de personagens mirabolantes, mas de pessoas comuns com seus dramas cotidianos. Contam tamb\u00e9m com a trilha sonora deslumbrante do fant\u00e1stico compositor polon\u00eas Zbiniew Preisner.<\/p>\n

Embora lide com doen\u00e7as, perdas, desencantos e mortes em seus filmes, Kieslowski deixa sempre um espa\u00e7o para o humor. Em A Liberdade \u00e9 Branca<\/em>, por exemplo, \u00e9 imposs\u00edvel n\u00e3o rir das trapalhadas do imigrante polon\u00eas, ao voltar para seu pa\u00eds dentro de uma mala, que acaba sendo roubada. Em suma, a Trilogia das Cores mostra que ainda \u00e9 poss\u00edvel encontrar sensibilidade, poesia, beleza e emo\u00e7\u00e3o no cinema.<\/p>\n

Embora os filmes que comp\u00f5em a Trilogia das Cores sejam independentes, com hist\u00f3rias e personagens diferentes, podemos encontrar dois elos que os une: o primeiro, a presen\u00e7a de uma pessoa extremamente idosa, carregando uma bolsa ou sacola, tentando jogar uma garrafa descart\u00e1vel num dep\u00f3sito de lixo recicl\u00e1vel, mas a abertura do recipiente \u00e9 alta demais para que ela alcance seu intento com facilidade. No \u00faltimo filme, Valentine, a personagem principal, acaba ajudando-a. O segundo elo acontece no \u00faltimo filme, durante um acidente tr\u00e1gico na travessia do Canal da Mancha, quando o cineasta re\u00fane os personagens principais da trilogia, os \u00fanicos a serem salvos, para surpresa do espectador.<\/p>\n

Kieslowski despede-se do cinema com a Trilogia das Cores<\/em>. Por\u00e9m, come\u00e7a a escrever o roteiro da trilogia “Para\u00edso, Purgat\u00f3rio e Inferno”, baseada na Divina Com\u00e9dia de Dante Alighieri, mas morre de um ataque card\u00edaco, aos 54 anos, dois anos ap\u00f3s filmar a Fraternidade \u00e9 Vermelha.<\/p>\n

Sinopse dos tr\u00eas filmes:<\/span><\/p>\n

Antes, eu era feliz. Eu os amava e eles me amavam. Agora entendi que s\u00f3 farei uma coisa: nada. N\u00e3o quero bens, presentes, amor ou v\u00ednculos. Tudo isso s\u00e3o armadilhas. (Julie)<\/strong><\/em><\/p>\n

I – A Liberdade \u00e9 Azu<\/em>l – ao acordar num hospital, ap\u00f3s sofrer um grave acidente, Julie fica sabendo que seu marido, um importante compositor encarregado da composi\u00e7\u00e3o de uma partitura para comemorar a unifica\u00e7\u00e3o europeia, e filha pequena morreram no acidente. Tomada por extremo desespero, ela tenta se matar, mas n\u00e3o consegue. Ent\u00e3o resolve cortar todos os v\u00ednculos com o passado, como forma de sobreviver \u00e0 dor, pois acha que qualquer forma de v\u00ednculo \u00e9 uma armadilha. Com o tempo, v\u00ea que ter\u00e1 que fazer uma op\u00e7\u00e3o entre enfrentar a vida com seus desafios ou n\u00e3o. Ela \u00e9 livre para iniciar ou n\u00e3o uma vida nova, depois das dolorosas perdas. Tem liberdade para fazer a sua pr\u00f3pria escolha.<\/p>\n

Onde est\u00e1 a igualdade? O fato de eu n\u00e3o falar franc\u00eas \u00e9 uma raz\u00e3o para o tribunal n\u00e3o ouvir meus argumentos?(O imigrante)<\/em><\/strong><\/p>\n

II – A Igualdade \u00e9 Branca<\/em> – conta a hist\u00f3ria de um cabelereiro, imigrante polon\u00eas em Paris, que recebe uma intima\u00e7\u00e3o para comparecer ao Pal\u00e1cio da Justi\u00e7a, onde fica sabendo que a esposa est\u00e1 pedindo o div\u00f3rcio, alegando que ele n\u00e3o consumou o casamento. O imigrante, que nem domina a l\u00edngua do pa\u00eds, tenta de todo jeito reabilitar a uni\u00e3o, mas a mulher continua irredut\u00edvel, a ponto de chamar a pol\u00edcia, quando ele tenta se aproximar. Al\u00e9m disso, p\u00f5e fogo no sal\u00e3o de beleza, onde os dois trabalhavam, e imputa a culpa a ele. Abandona-o, depois de invalidar seu cart\u00e3o de cr\u00e9dito, deixando-lhe apenas uma mala na rua. Ele enfrenta o frio, dormindo no metr\u00f4, onde encontra um conterr\u00e2neo rico. Depois de muitas reviravoltas, o marido desprezado volta para a Pol\u00f4nia, fica rico e arquiteta uma vingan\u00e7a contra a ex-mulher, embora continue apaixonado por ela, numa prova de que o amor n\u00e3o resiste \u00e0 humilha\u00e7\u00e3o. Ao se tornar rico, iguala-se a ela e p\u00f5e em marcha seus planos. Simula sua morte, e doa seus bens \u00e0 malvada, que logo parte para a Pol\u00f4nia em busca. L\u00e1, ela \u00e9 acusada de matar o marido.<\/p>\n

N\u00e3o sei se eu estava do lado do bem ou do mal. Aqui, ao menos, sei onde est\u00e1 a verdade. Tenho uma vis\u00e3o melhor do que no tribunal. […] Mas quantos eu poderia ter salvado? Mesmos culpados. Decidir o que \u00e9 verdade ou n\u00e3o, agora me parece falta de mod\u00e9stia.(O juiz )<\/strong><\/em><\/p>\n

III – A Fraternidade \u00e9 Vermelha<\/em> – uma famosa modelo, atropela uma cadela e, ao socorr\u00ea-la, encontra o endere\u00e7o de seu dono na coleira. Trata-se de um juiz amargo, desencantado com a vida, que passa o tempo interceptando as conversas telef\u00f4nicas de seus vizinhos e os observando pela janela, acompanhando o desenrolar de suas vidas. A princ\u00edpio, ele recebe Valentine com muita frieza e doa sua cadela para ela, sem se importar com a sa\u00fade do animal. Enquanto passeia com Rita (nome da cadela), ela foge para a casa do antigo dono, tendo Valentine que ir atr\u00e1s. A\u00ed come\u00e7am as descobertas em rela\u00e7\u00e3o ao comportamento ilegal do juiz. Mas uma rela\u00e7\u00e3o de amizade acaba se estabelecendo entre os dois, o que vir\u00e1 a mudar o curso da vida de ambos. Eles possuem uma fraternidade de almas capaz de superar as barreiras existentes entre ambos.<\/p>\n

Pr\u00eamios<\/span><\/p>\n

A Liberdade \u00e9 Azul<\/em> ganhou o Le\u00e3o de Ouro em Veneza como melhor filme e melhor fotografia, tendo Juliette Binoche como melhor atriz. O Cesar foi concedido ao filme nas categorias: melhor atriz, melhor montagem e melhor som. E tr\u00eas indica\u00e7\u00f5es ao Globo de Ouro: melhor filme estrangeiro, melhor m\u00fasica e melhor atriz.<\/p>\n

A Igualdade \u00e9 Branca<\/em> deu o Urso de Prata em Berlim para Kieslowski como melhor diretor.<\/p>\n

A Fraternidade \u00e9 Vermelha<\/em> ganhou em Cannes como melhor filme; o Cesar pela melhor trilha sonora e foi indicado ao Globo de Ouro como melhor filme estrangeiro e ao Oscar como melhor dire\u00e7\u00e3o, melhor roteiro e melhor fotografia.<\/p>\n

Observa\u00e7\u00e3o:<\/span><\/p>\n

N\u00e3o deixem de ver A Dupla Vida de Veronique<\/em> que conta a hist\u00f3ria de duas mulheres de 20 anos, totalmente id\u00eanticas. Uma \u00e9 polonesa e vive em Vars\u00f3via. A outra \u00e9 francesa e mora em Paris. Todas as duas s\u00e3o cantoras e possuem o mesmo problema de sa\u00fade: cora\u00e7\u00e3o. Uma nada sabe sobre a exist\u00eancia da outra at\u00e9 que, casualmente, elas se encontram durante uma viagem de turismo, o que mudar\u00e1 totalmente o destino de cada uma. E pior, um sacrif\u00edcio ser\u00e1 necess\u00e1rio para que uma delas sobreviva. Imperd\u00edvel.<\/p>\n

Fontes de Pesquisa:
\n<\/span>A Magia do Cinema\/ Roger Ebert
\nTudo sobre Cinema\/ Sextante
\nCine Europeu\/ Folha
\nWikip\u00e9dia<\/p>\n

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