{"id":6953,"date":"2013-08-22T22:22:35","date_gmt":"2013-08-23T01:22:35","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=6953"},"modified":"2015-10-01T14:29:28","modified_gmt":"2015-10-01T17:29:28","slug":"a-morte-de-uma-arvore","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/a-morte-de-uma-arvore\/","title":{"rendered":"A MORTE DE UMA \u00c1RVORE"},"content":{"rendered":"

Autoria de Beto Pimentel<\/strong><\/p>\n

\"casam12\"<\/a><\/p>\n

Ontem eu assisti \u00e0 morte de uma \u00e1rvore. Uma morte lenta. Primeiro cortaram os galhos superiores. Depois os localizados mais pr\u00f3ximos do tronco. E por fim, ela jazia mutilada junto ao solo, v\u00edtima da gan\u00e2ncia sem medida dos homens.<\/p>\n

Deleitava-me todas as manh\u00e3s ao passar perto dela no outono, quando as suas folhas multicoloridas caiam pelo ch\u00e3o, voavam ao vento e nos for\u00e7ava a meditar sobre a nossa exist\u00eancia no planeta Terra e que s\u00f3 temos uma certeza: tudo est\u00e1 em constante mudan\u00e7a.<\/p>\n

As \u00e1guas do rio que passam ligeiro nunca s\u00e3o as mesmas que t\u00ednhamos visto momentos antes. O ciclo eterno do mist\u00e9rio da vida \u00e9 a nossa certeza.<\/p>\n

No meu caminho existem centenas de \u00e1rvores, mas a morte de uma delas afetou-me profundamente. O inverno passaria logo e come\u00e7aria a primavera. As flores que dela brotavam, sinalizando a possibilidade de novas vidas, n\u00e3o brotariam mais. N\u00e3o se ouviria o canto e o alvoro\u00e7o dos p\u00e1ssaros que nela habitavam. Tudo substitu\u00eddo pelo vazio. De repente, senti um calafrio na espinha. Lembrei-me dos milhares de \u00e1rvores nativas que s\u00e3o assassinadas todos os dias, transformando as nossas florestas em terra \u00e1rida ou em reflorestamentos de uma s\u00f3 esp\u00e9cie de \u00e1rvores ex\u00f3ticas, onde impera o sil\u00eancio causado pela quebra do equil\u00edbrio com a fauna.<\/p>\n

Naquela noite fiquei acordado madrugada adentro, ouvindo o pio melanc\u00f3lico da coruja. No dia seguinte, fui at\u00e9 um parque ecol\u00f3gico perto de casa. O administrador daquela \u00e1rea p\u00fablica ficou at\u00f4nito quando lhe pedi autoriza\u00e7\u00e3o para ficar o dia todo plantando \u00e1rvores. Portava um saco com sementes e mudas. Exatamente da esp\u00e9cie da minha \u00e1rvore assassinada.<\/p>\n

Ap\u00f3s eu muito insistir, o homem, incr\u00e9dulo, autorizou-me a plantar. E n\u00e3o resistindo \u00e0 tenta\u00e7\u00e3o, ponderou:<\/p>\n

\u2013 Mas senhor, essas sementes e mudas s\u00e3o de \u00e1rvores que demoram mais de trinta anos para atingirem seis a oito metros de altura e s\u00f3 ent\u00e3o gerarem flores e frutos.<\/i><\/p>\n

Sem olhar para ele, continuava a abrir pequenas valas no solo onde colocava uma semente e a cobria com terra.<\/p>\n

Muito incomodado, ele insistiu:<\/p>\n

\u2013 O senhor falou que gostava muito dessa \u00e1rvore que cortaram. Desculpe, mas n\u00f3s temos mais de sessenta anos e quando as \u00e1rvores plantadas estivem adultas, j\u00e1 estaremos mortos.<\/i><\/p>\n

Continuando o meu trabalho, lhe respondi:<\/p>\n

Estou consciente disso meu amigo, mas para as pr\u00f3ximas gera\u00e7\u00f5es faremos a diferen\u00e7a!<\/i><\/p>\n

(*) <\/b>Imagem copiada de gollnick.blog.terra.com.br<\/a><\/i><\/p>\n

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