<\/a><\/p>\nOntem eu assisti \u00e0 morte de uma \u00e1rvore. Uma morte lenta. Primeiro cortaram os galhos superiores. Depois os localizados mais pr\u00f3ximos do tronco. E por fim, ela jazia mutilada junto ao solo, v\u00edtima da gan\u00e2ncia sem medida dos homens.<\/p>\n
Deleitava-me todas as manh\u00e3s ao passar perto dela no outono, quando as suas folhas multicoloridas caiam pelo ch\u00e3o, voavam ao vento e nos for\u00e7ava a meditar sobre a nossa exist\u00eancia no planeta Terra e que s\u00f3 temos uma certeza: tudo est\u00e1 em constante mudan\u00e7a.<\/p>\n
As \u00e1guas do rio que passam ligeiro nunca s\u00e3o as mesmas que t\u00ednhamos visto momentos antes. O ciclo eterno do mist\u00e9rio da vida \u00e9 a nossa certeza.<\/p>\n
No meu caminho existem centenas de \u00e1rvores, mas a morte de uma delas afetou-me profundamente. O inverno passaria logo e come\u00e7aria a primavera. As flores que dela brotavam, sinalizando a possibilidade de novas vidas, n\u00e3o brotariam mais. N\u00e3o se ouviria o canto e o alvoro\u00e7o dos p\u00e1ssaros que nela habitavam. Tudo substitu\u00eddo pelo vazio. De repente, senti um calafrio na espinha. Lembrei-me dos milhares de \u00e1rvores nativas que s\u00e3o assassinadas todos os dias, transformando as nossas florestas em terra \u00e1rida ou em reflorestamentos de uma s\u00f3 esp\u00e9cie de \u00e1rvores ex\u00f3ticas, onde impera o sil\u00eancio causado pela quebra do equil\u00edbrio com a fauna.<\/p>\n
Naquela noite fiquei acordado madrugada adentro, ouvindo o pio melanc\u00f3lico da coruja. No dia seguinte, fui at\u00e9 um parque ecol\u00f3gico perto de casa. O administrador daquela \u00e1rea p\u00fablica ficou at\u00f4nito quando lhe pedi autoriza\u00e7\u00e3o para ficar o dia todo plantando \u00e1rvores. Portava um saco com sementes e mudas. Exatamente da esp\u00e9cie da minha \u00e1rvore assassinada.<\/p>\n
Ap\u00f3s eu muito insistir, o homem, incr\u00e9dulo, autorizou-me a plantar. E n\u00e3o resistindo \u00e0 tenta\u00e7\u00e3o, ponderou:<\/p>\n
\u2013 Mas senhor, essas sementes e mudas s\u00e3o de \u00e1rvores que demoram mais de trinta anos para atingirem seis a oito metros de altura e s\u00f3 ent\u00e3o gerarem flores e frutos.<\/i><\/p>\n
Sem olhar para ele, continuava a abrir pequenas valas no solo onde colocava uma semente e a cobria com terra.<\/p>\n
Muito incomodado, ele insistiu:<\/p>\n
\u2013 O senhor falou que gostava muito dessa \u00e1rvore que cortaram. Desculpe, mas n\u00f3s temos mais de sessenta anos e quando as \u00e1rvores plantadas estivem adultas, j\u00e1 estaremos mortos.<\/i><\/p>\n
Continuando o meu trabalho, lhe respondi:<\/p>\n
– Estou consciente disso meu amigo, mas para as pr\u00f3ximas gera\u00e7\u00f5es faremos a diferen\u00e7a!<\/i><\/p>\n
(*) <\/b>Imagem copiada de gollnick.blog.terra.com.br<\/a><\/i><\/p>\nViews: 6<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Beto Pimentel Ontem eu assisti \u00e0 morte de uma \u00e1rvore. Uma morte lenta. Primeiro cortaram os galhos superiores. Depois os localizados mais pr\u00f3ximos do tronco. E por fim, ela jazia mutilada junto ao solo, v\u00edtima da gan\u00e2ncia sem medida dos homens. Deleitava-me todas as manh\u00e3s ao passar perto dela no outono, quando as […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[9],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6953"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=6953"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6953\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":22152,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6953\/revisions\/22152"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=6953"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=6953"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=6953"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}