{"id":7011,"date":"2013-08-27T01:00:53","date_gmt":"2013-08-27T04:00:53","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=7011"},"modified":"2015-10-09T19:59:07","modified_gmt":"2015-10-09T22:59:07","slug":"a-arte-romanica-1a-parte","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/a-arte-romanica-1a-parte\/","title":{"rendered":"A ARTE ROM\u00c2NICA (1\u00aa Parte)"},"content":{"rendered":"

Autoria do Prof. Pierre Santos<\/b><\/p>\n

\u00a0\"igr1\"<\/a> \u00a0 \"igr12\"<\/a><\/b><\/p>\n

Outros motivos que n\u00e3o a ostenta\u00e7\u00e3o de luxo e poderio imperial, bem como necessidades bem diversas daquelas que caracterizavam o Imp\u00e9rio Bizantino, conduziram o arquiteto rom\u00e2nico a resolver os seus problemas construtivos de maneira diferente dos construtores de antes. Distante do Oriente, de onde em raras oportunidades emigraram formas, como para Ravena e Veneza, mas n\u00e3o de vulto a criar ra\u00edzes e adapta\u00e7\u00e3o nas regi\u00f5es para onde emigraram; com tradi\u00e7\u00e3o construtiva crist\u00e3 local j\u00e1 consider\u00e1vel desde o Paleocristianismo, no que contam as influ\u00eancias de v\u00e1rios povos n\u00f4mades e b\u00e1rbaros, como os godos e tantos outros, que invadiram a desprotegida Europa de norte a sul, durante per\u00edodos como o merov\u00edngio, o carol\u00edngio e o otoniano \u2013 sabendo-se que o impulso construtivo art\u00edstico n\u00e3o se interrompeu no Ocidente com a mudan\u00e7a da capital para o Oriente, mas ao contr\u00e1rio, sofreu lenta evolu\u00e7\u00e3o at\u00e9 determinar estilos futuros tardios; e, finalmente, \u00e0 necessidade de se darem locais apropriados \u00e0s massas de aficionados, j\u00e1 agora maiores e desejosas de prece e recolhimento \u2013 s\u00e3o alguns dos fatores que levaram a religi\u00e3o crist\u00e3 do Ocidente ao encontro de solu\u00e7\u00f5es pr\u00f3prias para a sua arquitetura, desenvolvidas nos s\u00e9culos XI e XII, com um per\u00edodo anterior de amadurecimento, ao longo dos tr\u00eas s\u00e9culos anteriores.<\/p>\n

Solu\u00e7\u00f5es arquitet\u00f4nicas do romanismo<\/span><\/p>\n

Na verdade, as solu\u00e7\u00f5es bizantinas, mesmo arrojadas (e tamb\u00e9m mais caras), limitariam as necessidade de expans\u00e3o do templo, a saber que edif\u00edcios grandiosos como Santa Sofia<\/i> e S\u00e3o Marcos<\/i> raramente se levantaram, pela sangria econ\u00f4mica que a edifica\u00e7\u00e3o representava. Essas solu\u00e7\u00f5es, tal como eram postas, n\u00e3o se coadunavam bem com as pretens\u00f5es dos dirigentes rom\u00e2nicos. O novo estilo, por isso mesmo, voltou-se para a primitiva arquitetura crist\u00e3 e f\u00ea-la evoluir-se. Primeiro, retomou sua planta em cruz latina, a qual se vira ent\u00e3o melhor adaptada com amplia\u00e7\u00e3o do transepto, pela necessidade de atender \u00e0 multiplica\u00e7\u00e3o das irmandades religiosas, merecedoras de lugar especial durante os rituais. O transepto cortava a nave longitudinal transversalmente e era separado do primeiro corpo da igreja por uma cancela, onde geralmente se constitu\u00eda em piso mais elevado, formando os bra\u00e7os da cruz. No eixo desse cruzeiro, onde o bizantino punha a c\u00fapula, o rom\u00e2nico adaptou uma torre lanterna quadrada ou octogonal, para ilumina\u00e7\u00e3o da igreja. Depois, em lugar do prec\u00e1rio teto de madeira da bas\u00edlica antiga, adotou para todas as partes do edif\u00edcio a ab\u00f3bada de canh\u00e3o <\/i>ou plena Cintra<\/i>, em pedra, enquanto nas naves laterais colocou uma ab\u00f3bada de meia Cintra<\/i>, ou seja, de um quarto de circunfer\u00eancia, visando \u00e0 neutraliza\u00e7\u00e3o do empuxo que a pesada cobertura central exercia.<\/p>\n

Para fazermos id\u00e9ia simplista desta edifica\u00e7\u00e3o, este novo sistema de constru\u00e7\u00e3o equivalia a tomar o quadril\u00e1tero usado na solu\u00e7\u00e3o bizantina anterior e acrescentar-lhe v\u00e1rios outros quadril\u00e1teros num sentido longitudinal, al\u00e9m do transepto transversal \u2013 sistema este que, sobre ampliar em muito o interior \u00fatil do templo, elevou-se sobremaneira, como pretendia a Igreja na express\u00e3o do \u00eaxtase, a altura da ab\u00f3bada.<\/p>\n

Elemento muito original criado pelo rom\u00e2nico foi o deambulat\u00f3rio<\/i>, que o povo de ent\u00e3o denominava charola<\/i>, o qual consistia na constru\u00e7\u00e3o de v\u00e1rias capelas menores, \u00e0s vezes simples altares, dispostas num corredor semiesf\u00e9rico em torno da abside, parte terminal da igreja onde o sacerdote realiza os rituais lit\u00fargicos perante o altar-mor ali localizado; atr\u00e1s, portanto, da parede curva como um grande nicho da \u00e1bside, atr\u00e1s da qual ficava o deambulat\u00f3rio. Essas capelas radiais foram criadas para atender \u00e0s necessidades das peregrina\u00e7\u00f5es t\u00e3o em moda \u00e0quele tempo. \u00c9 sabido que, ent\u00e3o, os fi\u00e9is se reuniam em grandes grupos e partiam em romaria por essas v\u00e1rias igrejas, que se localizavam de norte a sul, ao longo das chamadas vias de peregrina\u00e7\u00e3o<\/i>, at\u00e9 Compostela, no norte da Espanha, devido ao que ficaram tamb\u00e9m conhecidas como Caminho de Compostela<\/i>. Nessas capelas, cada fiel encontrava o santo de sua devo\u00e7\u00e3o, bem como as imagens dos santos aos quais essas igrejas eram consagradas.<\/b><\/p>\n

O estilo rom\u00e2nico, obviamente, acrescentou muita coisa ao impulso para o c\u00e9u<\/span> desejado pela arquitetura crist\u00e3, mas ainda mostrava inconvenientes. Estes s\u00f3 seriam superados, quando da\u00ed evolu\u00edsse para o g\u00f3tico. Ora, a pesada ab\u00f3bada central exigia pesadas e possantes colunas para o seu sustento; as pesadas ab\u00f3badas laterais que, al\u00e9m do peso do pr\u00f3prio material, ainda recebiam grande parte do empuxo da central, exigiam grossas e resistentes paredes para apoio; por sua vez, essas paredes exigiam o refor\u00e7o de poderosos contrafortes externos, nos quais se escoravam. A compacidade construtiva requerida por esta esp\u00e9cie de arquitetura criava um s\u00e9rio inconveniente para a \u00e9poca, sabendo-se que somente raras janelas, e sempre estreitas, podiam ser abertas, deixando muito obscurecido o interior, al\u00e9m do que as solu\u00e7\u00f5es empregadas ainda n\u00e3o tinham conseguido contornar o problema das \u00e1guas pluviais, amea\u00e7a sempre iminente. Exteriormente, essas igrejas apresentavam total sobriedade (embora houvesse exce\u00e7\u00f5es, como a Catedral de Poitiers<\/i>, com seu rico exterior todo em pedra branca trabalhada): os efeitos decorativos inclusive das fachadas eram muito comedidos, ao contr\u00e1rio da decora\u00e7\u00e3o interior. Para dar maior movimento de massas arquitet\u00f4nicas ao exterior, al\u00e9m da torre lanterna situada no cruzamento de naves e das reentr\u00e2ncias formadas pelos contrafortes de apoio das naves laterais, o rom\u00e2nico tamb\u00e9m acrescentou ao corpo do edif\u00edcio duas torres, as quais, em certos casos, subiam acima dos cem metros de altura. Algumas igrejas, estas mais raras, apresentavam apenas uma torre. A bas\u00edlica primitiva e a igreja bizantina n\u00e3o possu\u00edam nenhuma torre; mas, de modo geral, apenas um simples e limitado campan\u00e1rio afastado do corpo do templo.<\/p>\n

Ilustra\u00e7\u00f5es:<\/span>
\n1.Catedral de Poitiers<\/i>, toda por assim dizer esculpida em pedra branca da regi\u00e3o, destacando-se na parte de cima sua torre lanterna, 1140.
\n2.Cripta de Saint-Sernin<\/i>.<\/p>\n

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