{"id":7021,"date":"2013-08-27T23:00:33","date_gmt":"2013-08-28T02:00:33","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=7021"},"modified":"2015-10-09T20:02:20","modified_gmt":"2015-10-09T23:02:20","slug":"a-arte-romanica-2a-parte","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/a-arte-romanica-2a-parte\/","title":{"rendered":"A ARTE ROM\u00c2NICA (2\u00aa parte)"},"content":{"rendered":"

Autoria do Prof. Pierre Santos<\/b>
\n<\/b><\/p>\n

\"igr123\"<\/a>\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 \"igr1234\"<\/a><\/p>\n

Embora a igreja rom\u00e2nica<\/i> j\u00e1 nos pare\u00e7a melhor articulada em seus v\u00e1rios elementos, que nos d\u00e3o realmente a impress\u00e3o de comporem um todo harm\u00f4nico, d\u00e3o-nos tamb\u00e9m em seu conjunto a impress\u00e3o de peso excessivo e esmagamento, confirmada pela solidez da floresta de colunas e pelos interiores sombrios, como veremos adiante. Todavia, a total predomin\u00e2ncia de cheios sobre vazados, na prolifera\u00e7\u00e3o de suas paredes, deu verdadeira oportunidade a que se desenvolvesse nessas igrejas a arte mural<\/i>, no mais das vezes na t\u00e9cnica do afresco, tendo sido empregado tamb\u00e9m o mosaico e, mais raramente, a tape\u00e7aria e o m\u00e1rmore em varia\u00e7\u00f5es tonais.<\/p>\n

Subsidi\u00e1rias e dependentes da arquitetura, a ela adaptadas, as artes da pintura <\/i>e da escultura<\/i> n\u00e3o tiveram como artes aut\u00f4nomas maiores desenvolvimentos no per\u00edodo. Apesar disso, deitar\u00e3o mais tarde importantes influ\u00eancias sobre artes futuras, sendo para elas a base de seu desenvolvimento. Essas manifesta\u00e7\u00f5es art\u00edsticas figurativas<\/i> se faziam dentro dos mais r\u00edgidos princ\u00edpios espiritualistas e simb\u00f3licos, muitas vezes submetendo as figuras a uma deforma\u00e7\u00e3o, poder-se-ia dizer, prim\u00e1ria, sendo \u00e0s vezes intrigantes. H\u00e1, contudo, muitas obras figurativas de grande valor e not\u00e1vel expressividade realizadas pelo artista da \u00e9poca, principalmente na cria\u00e7\u00e3o de animais imagin\u00e1rios, ex\u00f3ticas vegeta\u00e7\u00f5es e, \u00e0s vezes, frisos geom\u00e9tricos para destaque de pormenores arquitet\u00f4nicos.<\/p>\n

Uma vez equacionadas no princ\u00edpio do s\u00e9culo XI, ap\u00f3s longo per\u00edodo de experimenta\u00e7\u00f5es, as solu\u00e7\u00f5es da constru\u00e7\u00e3o rom\u00e2nica expandiram-se com rapidez pela Europa, agora pacificada, geogr\u00e1fica e politicamente j\u00e1 quase definida, principalmente It\u00e1lia, Fran\u00e7a (ent\u00e3o G\u00e1lia), Alemanha, Inglaterra, Espanha e Portugal. N\u00e3o obstante a unicidade das solu\u00e7\u00f5es construtivas em suas generalidades t\u00e9cnicas, o estilo, em cada regi\u00e3o aonde chegava, adaptava-se \u00e0s necessidades e \u00e0s id\u00e9ias pr\u00f3prias locais, apresentando de umas para outras substanciais diferen\u00e7as de tratamento. Nessas diferen\u00e7as, que muitas vezes eram profundas, os especialistas t\u00eam visto pluralidade de estilos subsidi\u00e1rios, como afluentes que formam um rio comum, tais as escolas de Borgonha, Proven\u00e7a, Auxerre, Auvergne, etc. Baseado nesta pluralidade de pormenores estil\u00edsticos, o arque\u00f3logo franc\u00eas M. de Gerville, no princ\u00edpio do s\u00e9culo XIX, prop\u00f4s a denomina\u00e7\u00e3o de Rom\u00e2nico<\/i><\/b> para designar o estilo, tendo em vista a afinidade de sua forma\u00e7\u00e3o com a forma\u00e7\u00e3o das chamadas l\u00ednguas rom\u00e2nicas<\/i>, aquelas derivadas do latim castrense<\/i>, o falado nos quart\u00e9is: italiano, franc\u00eas, espanhol e portugu\u00eas. A proposta fez sucesso, mormente em se considerando as influ\u00eancias de Roma pag\u00e3 e crist\u00e3 na origem do estilo.<\/p>\n

Finalmente, \u00e9 preciso destacar a grande e fundamental import\u00e2ncia que as chamadas Ordens Religiosas<\/i> passaram a ter durante o per\u00edodo rom\u00e2nico, com seus mosteiros estrategicamente espalhados pela Europa, n\u00e3o s\u00f3 pela sustenta\u00e7\u00e3o e difus\u00e3o que deram ao estilo, mas tamb\u00e9m pela atua\u00e7\u00e3o religiosa, pol\u00edtica, social e econ\u00f4mica dos monges seus componentes. Um fator aleat\u00f3rio muito contribuiu para isto: quando se aproximava o fim do primeiro mil\u00eanio (ent\u00e3o como agora… seria isto sempre um sintoma de fim de mil\u00eanio?), correu a not\u00edcia de que o mundo iria acabar no ano 1.000. Em todas as partes, todas as religi\u00f5es se desdobraram em preces, pedindo aos seus deuses que poupassem o mundo do descalabro. O Cristianismo<\/i> n\u00e3o deixou por menos: multiplicou-se em s\u00faplicas e penit\u00eancias, num misticismo nunca antes visto. E Deus atendeu ao pedido. A cristandade em agradecimento levou ao m\u00e1ximo o seu esfor\u00e7o construtivo, cobrindo a Europa de norte a sul com belas igrejas rom\u00e2nicas, ao lado de muitas das quais iam se estabelecendo os mosteiros, e adquiriu com o tempo o h\u00e1bito de organizar, periodicamente, grandes peregrina\u00e7\u00f5es, que constavam de extensa marcha coletiva por uma via que se iniciava no norte da Fran\u00e7a e descia at\u00e9 Santiago de Compostela, na Espanha, ao longo de cujo caminho igrejas e mosteiros iam sendo visitados.<\/p>\n

Aqui entra a atua\u00e7\u00e3o das Ordens Religiosas<\/i>: para receberem essas grandes multid\u00f5es que chegavam, demoravam alguns dias para as suas preces e de novo partiam, sucedidas por outras, tiveram que aparelhar n\u00e3o s\u00f3 as abadias, mas, principalmente, os seus mosteiros e suas hospedarias, al\u00e9m de terem assumido o gerenciamento das romarias. Por tudo isto, \u00e9 f\u00e1cil imaginar agora a incr\u00edvel ascens\u00e3o das mesmas, em termos de import\u00e2ncia representativa, no mundo de ent\u00e3o e em todos os setores. Duas Ordens tiveram papel destacado nisso tudo: a de Cluny<\/i> e a de Cister<\/i>, ambas de origem borgonhesa, a primeira primando pela decora\u00e7\u00e3o luxuosa; a segunda, pela sobriedade e propor\u00e7\u00e3o de suas abadias e mosteiros. Mas todas cultivando uma arte que se tornou importante no contexto rom\u00e2nico: a arte da iluminura de manuscritos<\/i>, com tanto carinho feitos pelos monges escribas.<\/p>\n

Centenas de templos, portanto, foram edificados durante aqueles dois s\u00e9culos. Entre as igrejas e abadias mais representativas contam-se as seguintes: Saint-Front de Perigueux\u00a0 \/\u00a0 Paray-le-Monial, em Saone et Loire\u00a0 \/\u00a0 Abadia dos Homens e Abadia das Mulheres, em Caen\u00a0 \/\u00a0 Abadia de Fontenay\u00a0 \/\u00a0 Cluny\u00a0 \/\u00a0 Cister\u00a0 \/\u00a0 Saint-Trophime de Arles\u00a0 \/\u00a0 Abadia de Montmajour\u00a0 \/\u00a0 Notre Dame de Port, em Clermont\u00a0 \/\u00a0 Notre Dame La Grande, em Poitiers\u00a0 \/\u00a0 Saint-Sernin de Toulouse\u00a0 \/\u00a0 Sainte-Foy de Conques\u00a0 \/\u00a0 Santiago de Compostela\u00a0 \/\u00a0 Saint-Pierre de Moissac\u00a0 \/\u00a0 Igreja Madelena, de Vezelay\u00a0 \/\u00a0 Saint-Gilles Du Gard\u00a0 \/\u00a0 Duomo de Fi\u00e9sole\u00a0 \/\u00a0 Saint-Beno\u00eet sur Loire\u00a0 \/\u00a0 Igreja de Issoire, em Puy de Dome\u00a0 \/\u00a0 Maria Laach, na Ren\u00e2nia\u00a0 \/\u00a0 Catedral de Bamberg \u2013 e centenas de outras.<\/p>\n

Antes do fim do s\u00e9culo XII, algumas igrejas come\u00e7aram a introduzir em suas estruturas, mas de maneira bastante acanhada, alguns elementos que ir\u00e3o caracterizar de modo mais completo o estilo seguinte, como o cruzamento de arcos, mas s\u00f3 em naves laterais, muito raramente nas centrais, e o arco ogival em alguns detalhes, como o coroamento de portadas e janelas. Entretanto, ainda estava longe o momento em que se poderia tirar desses elementos todos os proveitos aufer\u00edveis.<\/p>\n

Ilustra\u00e7\u00f5es
\n<\/span>1.Catedral e Monast\u00e9rio de Santiago de Compostela<\/i>, terminal da Via de Peregrina\u00e7\u00e3o
\n2.Catedral e Abadia de Jaca<\/i>, na Via de Peregrina\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

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