{"id":7025,"date":"2013-08-25T23:15:59","date_gmt":"2013-08-26T02:15:59","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=7025"},"modified":"2020-06-05T17:42:38","modified_gmt":"2020-06-05T20:42:38","slug":"os-evangelhos-e-os-evangelistas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/os-evangelhos-e-os-evangelistas\/","title":{"rendered":"OS EVANGELHOS E OS EVANGELISTAS"},"content":{"rendered":"
Autoria do Prof. Pierre Santos<\/b><\/p>\n
<\/a>\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 <\/a><\/p>\n Os Evangelhos Contudo, o primeiro a ter ideia de registrar, em linguagem bem intelig\u00edvel, as prega\u00e7\u00f5es de Jesus, n\u00e3o foi nenhum dos autores dos quatro livros que comp\u00f5em o Livro dos Evangelhos<\/i> aos quais se somaram o Ato dos Ap\u00f3stolos<\/i>, de S\u00e3o Lucas, as treze Ep\u00edstolas<\/i>, de S\u00e3o Paulo, as tr\u00eas de S\u00e3o Jo\u00e3o e, tamb\u00e9m deste, o Apocalipse<\/i>. Quem realmente pensou nisto primeiro foi S\u00e3o Paulo que, em suas treze cartas \u2013 Romanos<\/i>\/ Cor\u00edntios I<\/i>\/ Cor\u00edntios II<\/i>\/ G\u00e1latas<\/i>\/ Ef\u00e9sios<\/i>\/ Filipenses<\/i>\/ Colossenses<\/i>\/ Tessalonicenses I<\/i>\/ Tessalonicenses II<\/i>\/ Tim\u00f3teo I<\/i>\/ Tim\u00f3teo II<\/i>\/ Tito<\/i>\/ Fil\u00e9mon <\/i>\u2013 endere\u00e7adas \u00e0s igrejas por ele fundadas, exp\u00f5e de maneira bem resumida as principais mensagens de Cristo.<\/p>\n No alvor do culto e durante grande parte do s\u00e9culo I, os de\u00f5es sentiam falta de ter em m\u00e3os, por escrito, as palavras do Senhor, para se guiarem com maior seguran\u00e7a durante as ora\u00e7\u00f5es conjuntas. Para tanto, pediam a algu\u00e9m alfabetizado e mais culto para anotar, a partir do relato de pessoas que tivessem ouvido as prega\u00e7\u00f5es do Senhor, os seus ensinamentos. Este costume, contudo, estava sujeito a v\u00e1rios perigos, como o da deturpa\u00e7\u00e3o, da falta de unidade nos escritos e, principalmente, de esses ficarem incompletos, como realmente ficavam, pois a tradi\u00e7\u00e3o da oralidade vai sofrendo altera\u00e7\u00f5es ao longo do tempo e, \u201ccomo quem conta um conto, aumenta um ponto\u201d, de acordo com a sabedoria popular, esses relatos iam perdendo cada vez mais a fidelidade em face da certeza dos ditos sagrados.<\/p>\n No princ\u00edpio do s\u00e9culo II, o Papa Alexandre I, tendo em vista os referidos perigos e conhecedor dos textos escritos, primeiramente por Mateus e Jo\u00e3o, ap\u00f3stolos diretos de Cristo, em seguida, por Marcos e Lucas (havia outros textos que, na \u00e9poca, tamb\u00e9m circulavam, os quais, por n\u00e3o apresentarem a completude e a seguran\u00e7a comprovadas nos textos dos evangelistas, deixaram de ser considerados), determinou a compila\u00e7\u00e3o dos quatro textos aprovados, quais sejam, o evangelho segundo Mateus<\/i>, o primeiro deles, o evangelho segundo Marcos<\/i>, o segundo na ordem e o evangelho segundo Lucas<\/i>, o terceiro deles, sendo estes tr\u00eas chamados sin\u00f3pticos<\/span> ou semelhantes por terem a mesma estrutura e seguirem o mesmo esquema, com poucas diferen\u00e7as; e ainda o evangelho segundo Jo\u00e3o<\/i>, \u201co bem amado\u201d, como a ele se referia Jesus, diferente dos outros textos, porque se ateve mais \u00e0 vida do Mestre e \u00e9 mais completo na transcri\u00e7\u00e3o dos discursos do Senhor, pelo que \u00e9 considerado evangelho teol\u00f3gico. A eles o Papa mandou acrescentar as Cartas <\/i>escritas por Paulo, o Ato dos Ap\u00f3stolos <\/i>escrito por Lucas, autor tamb\u00e9m do terceiro evangelho, as Cartas<\/i> e o Apocalipse<\/i> escritos por Jo\u00e3o. Assim compilados, definidos e aprovados, o Papa recomendou seu uso a todas as comunidades crist\u00e3s, a cujos l\u00edderes era facultada a obten\u00e7\u00e3o de c\u00f3pias, as quais eram feitas por copiadores oficiais, que se atinham com exclusividade aos textos, sem nenhuma sofistica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Essa forma de culto foi mantida at\u00e9 o final do s\u00e9culo VI, ao longo de cujo tempo a liturgia foi evoluindo at\u00e9 \u00e0 defini\u00e7\u00e3o ideal de todos os rituais, com o uso dos evangelhos devidamente estabelecido. \u00c0quela altura, os monast\u00e9rios j\u00e1 iam se espalhando por v\u00e1rios lugares e os monges assumiram o of\u00edcio de copistas, no qual se especializaram a tal ponto, que se puseram a fazer obras em tudo not\u00e1veis, tornando-se os respons\u00e1veis por uma das artes mais representativas da Idade M\u00e9dia: a arte das miniaturas e iluminuras de livros.<\/p>\n Ao longo do s\u00e9culo VII, copiava-se normalmente o Livro dos Evangelhos<\/i>, por encomenda das igrejas crist\u00e3s espalhadas pelo mundo. Mas a\u00ed, os monges come\u00e7aram a sofisticar cada c\u00f3pia. Reis, pol\u00edticos e importantes colecionadores de obras de arte viram essas c\u00f3pias e fizeram encomendas para si, personificadas. A\u00ed veio Carlos Magno e incrementou o empreendimento do setor, como passaremos em revista na pr\u00f3xima postagem.<\/p>\n Os Evangelistas Enquanto o Mestre viveu, Mateus <\/i>o seguiu muito de perto, sem perder nenhuma de suas prega\u00e7\u00f5es, inclusive indagando aos condisc\u00edpulos, com muita curiosidade \u2013 segundo narra em algum lugar de seus textos \u2013 sobre aquelas proferidas antes de sua incorpora\u00e7\u00e3o ao grupo, que Ele n\u00e3o tenha repetido. Aproveitava os momentos em que ficava parado para tudo anotar. Al\u00e9m de ter testemunhado tantos acontecimentos em sua maioria surpreendentes, participou da Santa Ceia<\/i> e presenciou as apari\u00e7\u00f5es de Cristo ressuscitado, sua ascens\u00e3o e o epis\u00f3dio do Pentecostes<\/i>. Depois, na qualidade de pregador independente, enquanto levava os ensinamentos do Senhor a regi\u00f5es como da Palestina e da Eti\u00f3pia, sentiu necessidade de por em ordem e dar melhor reda\u00e7\u00e3o \u00e0s suas anota\u00e7\u00f5es. Assim nasceu o seu evangelho.<\/p>\n S\u00e3o Marcos<\/i> foi o autor do segundo evangelho. Era filho de Maria de Jerusal\u00e9m. Barnab\u00e9 (seu primo), Lucas, Paulo, Marcos e outros personagens, s\u00e3o considerados entre os ap\u00f3stolos b\u00edblicos de Cristo, e n\u00e3o entre os doze escolhidos pelo Salvador. Provavelmente nasceu em Jerusal\u00e9m, mas pouco se sabe sobre sua vida. Sabe-se, contudo, que foi um veemente e ex\u00edmio pregador, tendo viajado a in\u00fameras localidades em companhia de Barnab\u00e9 e Paulo, a fim de levar a elas as palavras do Mestre. Esteve no Egito, onde fundou a Igreja de Cristo, e na It\u00e1lia, onde fundou a cidade de Veneza, da qual \u00e9 o padroeiro. Seu evangelho foi escrito em Roma, por sugest\u00e3o de Paulo, quando l\u00e1 esteve para dar assist\u00eancia ao amigo, que estava encarcerado. Dedicou seu evangelho, de estilo simples e vigoroso, aos crist\u00e3os provenientes do paganismo, constando de 661 vers\u00edculos, pelo que \u00e9 o mais extenso de todos e segue, para a disposi\u00e7\u00e3o da mat\u00e9ria, o esquema do de Mateus, assim como Lucas.<\/p>\n S\u00e3o Lucas<\/i> foi o autor do terceiro evangelho, como tamb\u00e9m de Atos dos Ap\u00f3stolos<\/i>, inseridos no quinto lugar do mesmo livro. Viveu no s\u00e9culo I da era crist\u00e3, era s\u00edrio nascido em Anti\u00f3quia, m\u00e9dico de profiss\u00e3o e pintor nas horas vagas, tendo pintado v\u00e1rios quadros com o tema da Virgem Maria e, segundo consta, retratos de Paulo e de Pedro. S\u00f3 por curiosidade, \u00e9 por isto que as Guildas de S\u00e3o Lucas, na Flandres medieval, tinham seu nome e a Accademia di San Luca, de Roma, com filiais em outras cidades europ\u00e9ias, tem como um de seus objetivos a prote\u00e7\u00e3o dos pintores. Mencionado v\u00e1rias vezes nas ep\u00edstolas de S\u00e3o Paulo, com este viajou por alguns lugares e depois, sozinho, andou pregando o evangelho no sul da Europa, na Maced\u00f4nia, em Jerusal\u00e9m e, finalmente, na Gr\u00e9cia, onde foi martirizado.<\/p>\n S\u00e3o Jo\u00e3o<\/i> foi o autor do quarto evangelho. Usou esquema pr\u00f3prio, diferente dos demais na distribui\u00e7\u00e3o da mat\u00e9ria escrita, n\u00e3o sendo sin\u00f3ptico como os demais, pois sua preocupa\u00e7\u00e3o bem centrada foi narrar a vida e a obra de Jesus Cristo, descrevendo com mais finura os ensinamentos do Senhor e sendo mais inclinado \u00e0 contempla\u00e7\u00e3o do que \u00e0 a\u00e7\u00e3o, o que fez sua diferen\u00e7a. Nascido em Batsaida, na Galil\u00e9ia, foi chamado pelo pr\u00f3prio Jesus para segui-lo, juntamente com seu irm\u00e3o Tiago Maior. Esteve presente em todos os importantes lances da vida de Cristo e foi o \u00fanico a segui-lo at\u00e9 na hora de sua morte, na cruz, ocasi\u00e3o em que foi o apoio de Maria, de quem cuidou. Depois de muitas andan\u00e7as pregando o evangelho, foi viver em \u00c9feso, na \u00c1sia Menor, nas costas da Turquia, de onde comandou v\u00e1rias igrejas que havia criado e onde escreveu seu evangelho. Quando Domiciano assumiu o poder, foi exilado para a Ilha de Patmos, onde escreveu o Livro do Apocalipse<\/i> ou da Revela\u00e7\u00e3o<\/i>, o \u00faltimo a ser inclu\u00eddo no Livro dos Evangelhos<\/i> juntamente com suas tr\u00eas cartas endere\u00e7adas a todos os crist\u00e3os. Faleceu em \u00c9feso j\u00e1 velho, onde foi sepultado.<\/p>\n \u00a0Ilustra\u00e7\u00f5es:<\/span> Views: 4<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Autoria do Prof. Pierre Santos \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 Os Evangelhos Todos n\u00f3s sabemos o que s\u00e3o os evangelhos ou pelo menos temos boa no\u00e7\u00e3o do que sejam. 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\n<\/span>Todos n\u00f3s sabemos o que s\u00e3o os evangelhos ou pelo menos temos boa no\u00e7\u00e3o do que sejam. A rigor, trata-se daqueles textos contidos no Novo Testamento e escritos pelos evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e Jo\u00e3o, dentre os quais apenas S\u00e3o Mateus e S\u00e3o Jo\u00e3o estavam inclu\u00eddos entre os doze ap\u00f3stolos de Cristo. Procuraram eles transcrever, da maneira a mais objetiva poss\u00edvel, as par\u00e1bolas e os ensinamentos passados por Cristo, nos seus serm\u00f5es proferidos na Galileia. Nessa empreitada era sempre coadjuvado por seus doze ap\u00f3stolos \u2013 Pedro, Andr\u00e9, Tiago Maior, Jo\u00e3o, Filipe, Bartolomeu, Judas Tom\u00e9, Tiago Menor, Mateus, Sim\u00e3o, Judas Tadeu e Judas Iscariote \u2013 os quais se encarregavam de esclarecer, para aqueles que n\u00e3o tivessem entendido bem as par\u00e1bolas, o real significado das mesmas. Na verdade, esses doze homens pelo Senhor escolhidos eram seus reais disc\u00edpulos, pois sabia que, em sua falta, iria caber-lhes a dissemina\u00e7\u00e3o de seus ensinamentos.<\/p>\n
\n<\/span>S\u00e3o Mateus<\/i> <\/b>foi o autor do primeiro evangelho. Era filho de Alfeu e seu nome mesmo era Levi. Exercia a profiss\u00e3o de publicano, ou seja, de cobrador de impostos (profiss\u00e3o odiada \u00e0 \u00e9poca) na cidade de Cafarnaum, a servi\u00e7o de Herodes Antipas. Consta que Jesus, um belo dia, ap\u00f3s atravessar o Lago de Tiber\u00edades, ao passar pela porta de uma taberna, avistou l\u00e1 dentro Matias e seus ajudantes, ocupados em conferir a coleta de impostos. Ent\u00e3o, indicando-o num amplo gesto, disse-lhe: \u201c\u00c9s meu escolhido. Segue-me\u201d. E Mateus<\/i> obedeceu, tornando-se um de seus doze ap\u00f3stolos. A prop\u00f3sito, h\u00e1 neste blog uma extraordin\u00e1ria postagem de LuDias<\/i> sobre um quadro de Caravaggio, que trata exatamente desta passagem b\u00edblica, intitulado: Caravaggio \u2013 A VOCA\u00c7\u00c3O DE S\u00c3O MATEUS<\/span><\/a><\/span><\/strong><\/p>\n
\n1.Os quatro Evangelistas<\/i>, iluminura do s\u00e9c. VIII
\n2. Os quatro Evangelistas<\/i>, s\u00e9c. IX, Cat. de Aachen, Alemanhna<\/p>\n