<\/a><\/p>\nHor\u00e1cio, poeta romano l\u00edrico e sat\u00edrico, al\u00e9m de fil\u00f3sofo, viveu entre 65 a.C. e 8 a. C., sendo reverenciado como um dos maiores poetas da Roma Antiga. Epicurista, achava que era preciso aproveitar cada momento antes de morrer, ou seja, viver o presente sem demonstrar muita preocupa\u00e7\u00e3o com o futuro. Acreditava na vida ap\u00f3s a morte. Tamb\u00e9m ficou conhecido como o deus da Poesia. \u00c9 dele esta maravilha de pensamento:<\/p>\n
\u201cSe um homem olhar com amorosa compaix\u00e3o para seus semelhantes sofredores, e tomado de amargura indagar aos deuses: <\/b>Por que afligis meus irm\u00e3os? Ele \u00e9, sem d\u00favida alguma, olhado por Deus mais ternamente do que o homem que com Ele se congratula por ser misericordioso e o deixar florescer com infelicidade, tendo s\u00f3 palavras de adora\u00e7\u00e3o para oferecer. Porque o primeiro homem reza por amor e piedade, atributos divinos, t\u00e3o pr\u00f3ximos do cora\u00e7\u00e3o de Deus, e o outro fala pelo ego\u00edsmo complacente, um atributo animalesco, que n\u00e3o se aproxima da luz envolvente do esp\u00edrito de Deus.\u201d<\/i><\/p>\n
Observemos a \u00e9poca em que viveu Hor\u00e1cio, com o seu pante\u00e3o inomin\u00e1vel de deuses e a sua capacidade de entendimento, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 dor de outrem. Para ele, os deuses tinham muito mais amor por aqueles que os questionavam ou se enfureciam com eles, em raz\u00e3o do sofrimento dispensado ao pr\u00f3ximo. N\u00e3o se tratava de \u00f3dio, mas de raiva e insatisfa\u00e7\u00e3o diante daquilo que julgava injusto. Pois o cora\u00e7\u00e3o de quem pensa no seu semelhante \u00e9 puro e generoso. N\u00e3o carrega a gan\u00e2ncia e nem o ego\u00edsmo que destroem a si e os outros. O que esbraveja, pra proteger o seu irm\u00e3o menos favorecido, n\u00e3o quer ser feliz sozinho. Ele exige que haja compartilhamento.<\/p>\n
Ao contr\u00e1rio do que diz Hor\u00e1cio, mesmo depois dos ensinamentos do Messias ao mundo, ainda vemos aqueles que jogam no segundo time dos criticados pelo poeta. Abaixo uma ora\u00e7\u00e3o, que seria, com certeza, desprezada por Hor\u00e1cio:<\/p>\n
Ora\u00e7\u00e3o de A\u00e7\u00e3o de Gra\u00e7as<\/i><\/span> (Michel Quoist)<\/i><\/p>\n\u00c9 maravilhoso, Senhor,
\nTer bra\u00e7os perfeitos, quando h\u00e1 tantos mutilados!
\nMeus olhos perfeitos, quando h\u00e1 tantos sem luz!
\nMinha voz que canta, quando tantas emudeceram!
\nMinhas m\u00e3os que trabalham, quando tantas mendigam!
\n\u00c9 maravilhoso voltar para casa, quando tantos n\u00e3o t\u00eam para onde ir!
\n\u00c9 maravilhoso: amar, viver, sorrir, sonhar, quando h\u00e1 tantos que choram, odeiam, revolvem-se em pesadelos, morrem antes de nascer.
\n\u00c9 maravilhoso ter um Deus para crer, quando h\u00e1 tantos que n\u00e3o t\u00eam o consolo de uma cren\u00e7a.
\n\u00c9 maravilhoso Senhor, sobretudo, ter t\u00e3o pouco a pedir e tanto a oferecer e agradecer. Am\u00e9m!<\/i><\/p>\n
Vemos aqui um exemplo claro de arrog\u00e2ncia e falta de compaix\u00e3o, onde o EU \u00e9 a chave central. Nunca vi nada mais eg\u00f3ico e nem sei como algu\u00e9m pode se julgar fiel a um Deus que \u00e9 Amor com tal discurso. E pior, \u00e9 um insulto aos que possuem necessidades especiais. Por isso, deveriam eles odiar Deus? Como posso me congratular com minha perfei\u00e7\u00e3o diante do sofrimento do outro? Eis um tipo de orgulho doentio, cheio de indiferen\u00e7a e frieza, que faz ouvidos moucos para o sofrimento alheio, uma vez que tudo est\u00e1 bem consigo. N\u00e3o h\u00e1 nesta ora\u00e7\u00e3o, um s\u00f3 pedido que seja, em favor dos sofredores e que possuem muito, mas muito mesmo, a pedir. N\u00e3o consigo encontrar aqui um laivo de humanidade, mas uma tola cantilena, repleta de arrog\u00e2ncia.<\/p>\n
O esp\u00edrito de superioridade fecha-se com chave de lat\u00e3o como se, na sua arrog\u00e2ncia, pudesse oferecer coisa alguma:<\/p>\n
\u00c9 maravilhoso Senhor, sobretudo, ter t\u00e3o pouco a pedir e tanto a oferecer e agradecer. Am\u00e9m!<\/i><\/p>\n
O rezador, o orador, o fiel, o devoto, o crist\u00e3o, ou sei l\u00e1 o qu\u00ea, que faz tal ora\u00e7\u00e3o, literalmente fecha olhos e ouvidos para os desfavorecidos, colocando-se acima deles, como se fora um ser especial. E julga santo o seu individualismo, isolando-se dos “imperfeitos”. Esse \u00e9 o tipo de ser que mais perigo traz, pois se v\u00ea no mundo como um ungido do Senhor. Claramente diz que \u00e9 melhor do que os outros, cheio de um excessivo orgulho, permanecendo na ignor\u00e2ncia e no isolamento. Falta-lhe magnanimidade.<\/p>\n
Tom\u00e1s de Aquino ensinava que \u201cA n\u00e3o a\u00e7\u00e3o \u00e9 um tipo de a\u00e7\u00e3o. A omiss\u00e3o \u00e9 diretamente contr\u00e1ria \u00e0 justi\u00e7a\u201d<\/i>. Portanto, cobrar do Criador uma vida menos do\u00edda para aqueles dilacerados pelo sofrimento \u00e9 a\u00e7\u00e3o, enquanto enaltecer o pr\u00f3prio ego \u00e9 omiss\u00e3o.<\/p>\n
Eta! Que mundo louco, meu Deus!<\/p>\n
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Autoria de Lu Dias Carvalho Hor\u00e1cio, poeta romano l\u00edrico e sat\u00edrico, al\u00e9m de fil\u00f3sofo, viveu entre 65 a.C. e 8 a. C., sendo reverenciado como um dos maiores poetas da Roma Antiga. Epicurista, achava que era preciso aproveitar cada momento antes de morrer, ou seja, viver o presente sem demonstrar muita preocupa\u00e7\u00e3o com o futuro. […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[9],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7029"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=7029"}],"version-history":[{"count":6,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7029\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":45869,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7029\/revisions\/45869"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=7029"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=7029"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=7029"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}