A Nova Gram\u00e1tica do Portugu\u00eas Brasileiro<\/span>, onde n\u00e3o entra reg\u00eancia verbal ou an\u00e1lise sint\u00e1tica. Contudo, ele mostra a import\u00e2ncia de se ensinar os verbos tafalano<\/i>, sisquecer<\/i>, etc. Sugere que o mais-que-perfeito do indicativo, que ningu\u00e9m fala ou escreve, sofra uma mudan\u00e7a, como por exemplo, em vez de andara<\/i>, deveria ser usado eu tinha andado<\/i>, comum em todas as partes do pa\u00eds. Ou seja, deve siscrev\u00ea como sifala<\/i>.<\/p>\nA gram\u00e1tica de Ataliba de Castilho prop\u00f5e que a l\u00edngua falada deva estar de acordo com a escrita, pondo de lado as regras e as exce\u00e7\u00f5es, de modo que n\u00e3o exista nem o certo e nem o errado. O importante \u00e9 que a comunica\u00e7\u00e3o aconte\u00e7a. Assim, como h\u00e1 distintos modos de escrever ou falar, dependendo da pessoa com quem nos comunicamos, ele acha que devemos ser bil\u00edngues ou tril\u00edngues dentro de nosso pr\u00f3prio idioma. Cada forma em seu contexto, pensa ele. O linguista acha ainda que, em 200 anos, portugueses e brasileiros n\u00e3o mais se entender\u00e3o, pois existem diferen\u00e7as verbais, morfol\u00f3gicas e sint\u00e1ticas enormes, entre os dois pa\u00edses. E, como somos mais pessoas a falar o portugu\u00eas, o Brasil ter\u00e1 preponder\u00e2ncia sobre a l\u00edngua.<\/p>\n
N\u00e3o resta a menor d\u00favida de que a l\u00edngua \u00e9 din\u00e2mica. E \u00e9 exatamente por isso que se torna necess\u00e1rio termos uma base firme, para qual possamos voltar sempre. Caso contr\u00e1rio, a l\u00edngua ser\u00e1 mudada a cada gera\u00e7\u00e3o e, ao final, estaremos falando um idioma totalmente desconhecido, ou muitos dialetos. Acredito que as boas gram\u00e1ticas funcionam como um po\u00e7o de \u00e1gua limpa, para que os povos n\u00e3o percam a identidade com a l\u00edngua de seu pa\u00eds, \u00a0com o passar dos anos.<\/p>\n
O linguista acima diz que falamos \u201ctafalano\u201d, \u201cceisv\u00e3o\u201d, \u201cAs pessoa\u201d, \u201cviagi\u201d, \u201cHoje tem aula\u201d, \u201cIsto \u00e9 para mim fazer\u201d, por exemplo. E que tais mudan\u00e7as deveriam ser agregadas \u00e0 l\u00edngua escrita. \u00c9 fato que muitos falam assim, principalmente as classes mais pobres, que n\u00e3o tiveram acesso aos bancos escolares. Mas, se aceitas tais mudan\u00e7as, outras vir\u00e3o. Basta pegarmos o \u201cvosmic\u00ea\u201d, voc\u00ea, \u201coc\u00ea\u201d, \u201cc\u00ea\u201d, para vermos que a id\u00e9ia proposta pelo famoso linguista n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o vi\u00e1vel assim. A l\u00edngua passaria a ser ref\u00e9m de cada \u00e9poca, perdendo a sua unidade e a sua identidade. Chegaria um tempo em que n\u00e3o nos entender\u00edamos, num vasto pa\u00eds como o nosso.<\/p>\n
Para os jovens \u201cdoido\/sinistro\/da hora\/demais\u201d significam \u201cbonito\/ charmoso\/muito bom\u201d. E que \u201cv\u00e9io\u201d significa \u201cirm\u00e3o\u201d. Tudo bem, essa \u00e9 a linguagem incorporada por eles como grupo. Mas todos entendem o significado da palavra \u201cbonita\u201d ou \u201cirm\u00e3o\u201d. Caso contr\u00e1rio, cada grupo teria uma l\u00edngua pr\u00f3pria. A l\u00edngua nacional perderia o seu fator agregador, apesar das diferen\u00e7as geogr\u00e1ficas, socioculturais e individuais. Penso eu que a exclus\u00e3o e o preconceito seriam ainda maiores.<\/p>\n
Para mim, o trabalho do linguista Ataliba \u00e9 importante como ajuda no ensino da l\u00edngua portuguesa, mostrando aos educadores onde residem os erros mais comuns, para que os professores possam melhor trabalh\u00e1-los, mas us\u00e1-lo como base para se ensinar portugu\u00eas \u00e9 um desservi\u00e7o ao idioma p\u00e1trio.<\/p>\n
Afastados da l\u00edngua portuguesa falada em Portugal j\u00e1 estamos h\u00e1 muito tempo. A come\u00e7ar pela pron\u00fancia das palavras e entona\u00e7\u00e3o da voz. O pa\u00eds lusitano est\u00e1 tornando a l\u00edngua portuguesa cada vez mais consonantal, enquanto a nossa \u00e9 cada vez mais voc\u00e1lica. Tanto \u00e9 que, segundo alguns turistas estrangeiros, o portugu\u00eas falado no Brasil \u00e9 a\u00e7ucarado, rom\u00e2ntico e sensual, bem diferente do falado em Portugal, que \u00e9 bastante \u00e1spero.<\/p>\n
Sabemos que as l\u00ednguas neolatinas (derivadas do latim), como o portugu\u00eas, o franc\u00eas, o espanhol, o italiano, etc., s\u00e3o voc\u00e1licas, enquanto certas l\u00ednguas, como o alem\u00e3o, o ingl\u00eas, etc., s\u00e3o consonantais. O portugu\u00eas falado em Portugal tem eliminado as vogais na linguagem oral.<\/p>\n
Fico imaginando, se a proposta do linguista Ataliba de Castilho pega e passamos a considerar correto o \u201cgerundismo\u201d cultuado pelos operadores de marketing:<\/p>\n
– N\u00f3s vamos estar oferecendo<\/i> mais vantagens…<\/p>\n
Views: 1<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho A briga entre aqueles que defendem o portugu\u00eas culto que deve ser ensinado nas escolas e o portugu\u00eas oral, cheio de erros e g\u00edrias, falado cotidianamente, continua na trama da l\u00edngua portuguesa, hoje chamada de brasileira por muitos. O linguista Ataliba de Castilho acaba de lan\u00e7ar A Nova Gram\u00e1tica do […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[3],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7045"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=7045"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7045\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":45836,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7045\/revisions\/45836"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=7045"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=7045"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=7045"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}