<\/a><\/p>\nO retirante olha as estrelas no firmamento.
\nH\u00e1 poucas delas no c\u00e9u, qui\u00e7\u00e1 umas cinco.
\nAli perto, a nuvem escurece o velho morro,
\ne o poente encoberta-se com muitos cirros.
\nEle vigia de novo cheio de contentamento.<\/p>\n
\u00c9 preciso ter certeza de n\u00e3o estar sonhando.
\nA lua est\u00e1 cercada por um ar\u00e9ola cor de leite,
\ne sua sombra leitosa prossegue agraudando.
\nOs cirros acumulam-se e certamente chover\u00e1.
\nA caatinga reviver\u00e1 com as \u00e1guas chegando.<\/p>\n
Uma vira\u00e7\u00e3o tepente alastra-se feito catinga,
\nempuxando os xiquexiques e os mandacarus.
\nUma palpita\u00e7\u00e3o diferente atinge tudo em volta.
\nH\u00e1 um reviver de garranchos e folhas secas.
\nO press\u00e1gio de chuva arrupia o solo nu.<\/p>\n
Quando a chuva chegar ali, naquele \u201cSaara\u201d,
\nbadalos de ossos animar\u00e3o a tristeza, e ir\u00e3o
\ntilintar prazenteiros por todos os arrebaldes.
\nOs pixotes brincar\u00e3o na terra e se espojar\u00e3o
\nno chiqueiro de terra fofa das cabras.<\/p>\n
As cores retornar\u00e3o ao rosto de Sinha Vit\u00f3ria,
\nsua cara murcha e cheia de rugas reverdecer\u00e1,
\nas n\u00e1degas bambas e mi\u00fadas entronquecer\u00e3o.
\nEla suscitar\u00e1 a inveja de outras madamas, pois
\nvestir\u00e1 saias de flores e ramas vistosas.<\/p>\n
Quando a chuva chegar naquele ch\u00e3o iracundo,
\na semente do gado retornar\u00e1 \u00e0quele \u00e1rido curral,
\na caatinga do sert\u00e3o bruto ficar\u00e1 toda verdejante.
\nEle ser\u00e1 o vaqueiro pelejador da fazenda morta.
\nN\u00e3o apenas isso – ser\u00e1 o dono daquele mundo.<\/p>\n
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\u00a0Autoria de Lu Dias Carvalho O retirante olha as estrelas no firmamento. H\u00e1 poucas delas no c\u00e9u, qui\u00e7\u00e1 umas cinco. Ali perto, a nuvem escurece o velho morro, e o poente encoberta-se com muitos cirros. Ele vigia de novo cheio de contentamento. \u00c9 preciso ter certeza de n\u00e3o estar sonhando. A lua est\u00e1 cercada por […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[51],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7853"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=7853"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7853\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":45899,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7853\/revisions\/45899"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=7853"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=7853"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=7853"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}