{"id":810,"date":"2013-02-24T15:23:40","date_gmt":"2013-02-24T15:23:40","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=810"},"modified":"2022-07-26T12:13:22","modified_gmt":"2022-07-26T15:13:22","slug":"afeganistao-mulher-mutilada-volta-a-sorrir","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/afeganistao-mulher-mutilada-volta-a-sorrir\/","title":{"rendered":"AFEGANIST\u00c3O – MULHER MUTILADA VOLTA A SORRIR"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho<\/strong>
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Nem tudo sobre a vida de Aisha pode ser revelado, como forma de proteg\u00ea-la. Ela teria sido deixada numa montanha para morrer e, de l\u00e1, arrastando-se, conseguiu chegar a uma aldeia pr\u00f3xima. Dali, mesmo se esvaindo em sangue, foi encaminhada aos m\u00e9dicos americanos, numa base militar dos Estados Unidos.<\/p>\n

A jovem afeg\u00e3, com idade em torno de 18 anos, teve o nariz e as duas orelhas decepados \u00e0 faca. Seu drama ganhou destaque, quando o jornal Time deu destaque a seu rosto mutilado, mostrando ao mundo mais uma v\u00edtima da viol\u00eancia do islamismo radical dos talib\u00e3s no Afeganist\u00e3o.<\/p>\n

O sofrimento de Aisha come\u00e7ou quando, aos 10 anos, foi dada a outra fam\u00edlia, como forma de recompensa, pois seu tio havia matado um parente do homem que se tornaria seu marido. Ela foi usada para p\u00f4r fim \u00e0 animosidade entre as duas fam\u00edlias. E, segundo a ONG respons\u00e1vel por sua prote\u00e7\u00e3o, uma de suas irm\u00e3s tamb\u00e9m foi usada na mesma negocia\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Segundo Aisha, na sua segunda fam\u00edlia ela dormia no est\u00e1bulo at\u00e9 que menstruou e foi tomada como esposa de um dos homens. Era surrada com frequ\u00eancia, costume considerado normal para os isl\u00e2micos extremistas. Quando teria entre 16 e 17 anos, sofreu uma surra extremamente brutal e, com a ajuda de um vizinho, fugiu para Kandahar, cidade controlada pelo Talib\u00e3 na \u00e9poca.<\/p>\n

Para quem n\u00e3o sabe, uma mulher n\u00e3o pode andar desacompanhada de um homem, de acordo com o islamismo radical. Aisha encontrava-se exatamente nessa posi\u00e7\u00e3o, ou seja, sem a prote\u00e7\u00e3o de um homem. Assim, tornou-se presa f\u00e1cil da \u201cpol\u00edcia da moralidade\u201d. Acabou sendo pega e jogada numa pris\u00e3o, onde permaneceu por quatro meses. A pris\u00e3o teria sido um para\u00edso, nas condi\u00e7\u00f5es em que a afeg\u00e3 se encontrava, se seu pai n\u00e3o a tivesse encontrado, libertado-a e, conforme o costume, devolvido-a a seu marido.<\/p>\n

Se h\u00e1 alguma coisa que o islamismo rejeita \u00e9 a desobedi\u00eancia feminina, principalmente nos pa\u00edses onde impera o extremismo. As mulheres n\u00e3o s\u00f3 obedecem a seus maridos, mas a toda a ala masculina: filhos, tios, irm\u00e3os, primos e, na falta desses, a qualquer outro homem. De modo que a pobre Aisha, ao ser entregue ao marido, supostamente um talib\u00e3, sentiu na pele toda a sua selvageria. Enquanto os irm\u00e3os dele a seguravam, o marido executava a mutila\u00e7\u00e3o. A seguir, foi deixada na montanha para morrer.<\/p>\n

Aisha \u00e9 uma mulher analfabeta, nunca frequentou a escola, e mostra-se extremamente alheia \u00e0 realidade de tudo que n\u00e3o diz respeito ao universo dos locais onde vivia. E entra em p\u00e2nico, quando ouve a palavra Talib\u00e3. Desde agosto passado a afeg\u00e3 mutilada encontra-se nos Estados Unidos, sob a prote\u00e7\u00e3o da Funda\u00e7\u00e3o Grossman para Queimados<\/i>, que custear\u00e1 todas as cirurgias de reconstru\u00e7\u00e3o de seu rosto. Dias atr\u00e1s, apareceu em p\u00fablico com uma pr\u00f3tese de nariz, conforme mostra a primeira gravura deste texto.<\/p>\n

A pergunta que se faz \u00e9 o que acontecer\u00e1 a Aisha, quando terminar o seu tratamento. \u00c9 imposs\u00edvel imaginar que seja enviada de volta para o Afeganist\u00e3o, onde passou por todo tipo de viol\u00eancia f\u00edsica e psicol\u00f3gica. E ningu\u00e9m garante que ela possa estar a salvo ali, depois de mostrar ao mundo a crueldade por que passou naquele pa\u00eds. O \u00f3dio do marido, que a julgava morta, deve ter atingido as raias da loucura, assim como o dos extremistas isl\u00e2micos.<\/p>\n

\u00c9 incr\u00edvel o poder de sobreviv\u00eancia dessa mulher, depois de ter as duas orelhas decepadas e o nariz extirpado. Mas uma pergunta fica: At\u00e9 onde pode ir a maldade humana, afian\u00e7ada pelo nome de Al\u00e1?<\/p>\n

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Autoria de Lu Dias Carvalho \u00a0 \u00a0 \u00a0\u00a0 Nem tudo sobre a vida de Aisha pode ser revelado, como forma de proteg\u00ea-la. Ela teria sido deixada numa montanha para morrer e, de l\u00e1, arrastando-se, conseguiu chegar a uma aldeia pr\u00f3xima. Dali, mesmo se esvaindo em sangue, foi encaminhada aos m\u00e9dicos americanos, numa base militar dos […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[18],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/810"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=810"}],"version-history":[{"count":5,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/810\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":45544,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/810\/revisions\/45544"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=810"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=810"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=810"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}