{"id":8416,"date":"2013-10-23T21:07:42","date_gmt":"2013-10-24T00:07:42","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=8416"},"modified":"2022-08-04T20:05:28","modified_gmt":"2022-08-04T23:05:28","slug":"raizes-da-mpb-herivelton-martins","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/raizes-da-mpb-herivelton-martins\/","title":{"rendered":"Ra\u00edzes da MPB \u2013 HERIVELTON MARTINS"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho \"dac\"<\/a><\/b><\/p>\n

Herivelto Martins pertence a um tempo na m\u00fasica brasileira em que existiam dois nichos bem marcados de artistas: o bloco dos grandes cantores e o dos grandes compositores, que se orgulhavam de ter suas m\u00fasicas gravadas por essas belas vozes. Havia poucas exce\u00e7\u00f5es como Ataulfo Alves e Dorival Caymmi \u2013 que j\u00e1 eram not\u00f3rios e expressivos cantores e compositores. Herivelto ficava no meio termo, nunca sendo visto exatamente como um \u201ccantor\u201d. (Rodrigo Faour, jornalista e pesquisador musical)<\/i><\/b><\/p>\n

O compositor, cantor e violonista Herivelto de Oliveira Martins<\/i> nasceu em Engenheiro Paulo de Frontin\/RJ, em 1932. Era filho do ferrovi\u00e1rio e artista amador, C\u00e9lio Bueno Martins e de Carlota de Oliveira Martins, sendo o mais velho dos seis irm\u00e3os. Mesmo a profiss\u00e3o de artista n\u00e3o sendo bem vista naquela \u00e9poca, seu pai incentivava-o a seguir a carreira musical. Aos 3 anos de idade, ele j\u00e1 recebia uns trocados por recitar versinhos.<\/p>\n

Quando Herivelto<\/i> tinha 5 anos, a fam\u00edlia foi morar em Barra do Pira\u00ed, onde o pai fundou uma esp\u00e9cie de clube e teatro onde, segundo o pr\u00f3prio Herivelto, os membros da fam\u00edlia trabalhavam como ajudantes diretos, pois, toda ela tinha tend\u00eancia art\u00edstica. Era obrigado a tocar diversos instrumentos e a aprender se conduzir pelo palco. Aos 10 anos de idade, j\u00e1 fazia par\u00f3dias, imitando alguns tipos comuns e ainda ajudava a fam\u00edlia, vendendo doces que a m\u00e3e fazia. N\u00e3o completou o curso prim\u00e1rio. <\/i>Quando tinha 15 anos de idade, sua fam\u00edlia foi morar em S\u00e3o Paulo, mas ele n\u00e3o se adaptou ao novo ambiente e, ao completar 18 anos, foi sozinho para o Rio de Janeiro, morar com seu irm\u00e3o. Passou a dividir um quarto com sete pessoas, levando uma vida dos diabos.<\/p>\n

No Rio, Herivelto Martins<\/i> comp\u00f4s as primeiras marchas de rancho, que fez para um bloco carnavalesco. Depois foi cantar de gra\u00e7a na R\u00e1dio Educadora, enquanto fazia testes em r\u00e1dios. Chegou a desmaiar de fome na rua. N\u00e3o estava f\u00e1cil ganhar dinheiro no mundo musical. Sentiu que era preciso arranjar um emprego fora da \u00e1rea buscada. Foi trabalhar numa barbearia, contratado por um portugu\u00eas, mal sabendo segurar uma navalha. O dinheiro dava para pagar o feij\u00e3o com arroz da semana.<\/p>\n

Herivelto<\/i> passou a ser corista no conjunto do cantor J.B. de Carvalho, gravando nos est\u00fadios da Victor. Acabou tendo sua primeira m\u00fasica comercial gravada. Como era muito h\u00e1bil na cria\u00e7\u00e3o de arranjos de coral nas can\u00e7\u00f5es, terminou como diretor de coro da Victor. Depois disso, fez par com o baiano Francisco Sena, na dupla Preto e Branco, gravando pela primeira vez como artista.<\/p>\n

As m\u00fasicas de Herivelto Martins<\/i> passaram a ser gravadas por grandes cantores. O flautista e arranjador Benedito Lacerda tornou-se seu parceiro. Compuseram muitas m\u00fasicas. Foram gravados at\u00e9 por Carmem Miranda. \u00c9poca em que comp\u00f4s seu grande cl\u00e1ssico, Ave Maria no Morro<\/i>, que se tornou o mais gravado de sua obra e um dos cl\u00e1ssicos da MPB, sendo gravado pelos mais diferentes int\u00e9rpretes, em v\u00e1rias l\u00ednguas, inclusive em russo e esperanto.<\/p>\n

Quando Francisco Sena, seu parceiro na dupla Preto e Branco, morreu, Herivelto<\/i> ficou conhecendo Nilo Chagas, que iria substitu\u00ed-lo, e acabou conhecendo Dalva de Oliveira. Os tr\u00eas passaram a trabalhar juntos, nascendo o Trio de Ouro. Dalva e Herivelto acabaram se casando. O cantor Pery Ribeiro foi o primeiro filho do casal e Ubiratan o segundo. Mas, Herivelto<\/em> tinha outros dois filhos, H\u00e9lcio e H\u00e9lio, com Maria Aparecida, com quem teve um relacionamento logo ap\u00f3s chegar ao Rio.<\/p>\n

A vida de Herivelto<\/em> e Dalva foi de muitas dificuldades no in\u00edcio, embora parecessem sempre muito elegantes. Com o tempo, a situa\u00e7\u00e3o financeira foi melhorando e a fam\u00edlia passou a viver muito bem. A casa vivia sempre cheia de visitas.<\/p>\n

Herivelto Martins<\/i> era muito genioso. N\u00e3o aceitava ser contrariado, tanto \u00e9 que recebeu o apelido de \u201cgalo garnis\u00e9\u201d. E, como tanto ele quanto Dalva eram geniosos, as brigas come\u00e7aram a acontecer. Ele era, sobretudo, um grande mulherengo, o que mais agu\u00e7ava a desaven\u00e7a que chegava, muitas vezes, \u00e0 viol\u00eancia f\u00edsica. Depois que Herivelto<\/i> passou a ficar com a aeromo\u00e7a Lurdes Torlly, com quem teve tr\u00eas filhos, o casamento degringolou de uma vez. Os dois meninos, Pery e Ubiratan, foram parar um col\u00e9gio interno.<\/p>\n

Quando casados, Herivelto<\/em> era quem administrava as finan\u00e7as do casal, ou seja, Dalva n\u00e3o via o dinheiro. Com a separa\u00e7\u00e3o, ela se tornou a maior cantora do pa\u00eds, ganhando muito dinheiro, o que mexeu com a macheza de Herivelto<\/i>, que partiu para os insultos, transformando a separa\u00e7\u00e3o num esc\u00e2ndalo, com as pessoas e a m\u00eddia tomando partido de um lado ou de outro. Sem falar nas trocas de farpas feitas atrav\u00e9s das can\u00e7\u00f5es, num bate-rebate.<\/p>\n

Dalva de Oliveira e Chico Alves eram os dois grandes int\u00e9rpretes das m\u00fasicas de Herivelton Martins<\/i>. Com a separa\u00e7\u00e3o da primeira e a morte do segundo, Nelson Gon\u00e7alves passou a ser seu principal int\u00e9rprete. Depois \u00c2ngela Maria entrou em cena e gravou sucessos seus.<\/p>\n

E, como a vida d\u00e1 muitas voltas, Dalva de Oliveira gravou Fracassamos<\/i>, em seu \u00faltimo compacto, samba-can\u00e7\u00e3o enviado-lhe por Herivelto<\/em>, atrav\u00e9s do filho Pery, como presente. E Lurdes, a nova mulher do ex-marido, tornou-se sua amiga, ajudando-a nos seus \u00faltimos dias de vida. Herivelto Martins<\/i> morreu aos 80 anos de idade, em 1992, de complica\u00e7\u00f5es pulmonares.<\/p>\n

Nota
\n<\/span>Ou\u00e7am Ave Maria no Morro<\/i>, atrav\u00e9s dos links, abaixo, com Dalva de Oliveira, Scorpions e Andrea Bocelli, respectivamente:
\nhttp:\/\/www.youtube.com\/watch?v=nHkdnNK3wcs<\/a>
\nhttp:\/\/www.youtube.com\/watch?v=NyrUzqhx2aM<\/a>
\nhttp:\/\/www.youtube.com\/watch?v=10sc8Vhgfio<\/a><\/p>\n

Fonte de pesquisa:
\n<\/span>Ra\u00edzes da M\u00fasica Popular Brasileira\/ Cole\u00e7\u00e3o Folhas<\/p>\n

Views: 3<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho Herivelto Martins pertence a um tempo na m\u00fasica brasileira em que existiam dois nichos bem marcados de artistas: o bloco dos grandes cantores e o dos grandes compositores, que se orgulhavam de ter suas m\u00fasicas gravadas por essas belas vozes. Havia poucas exce\u00e7\u00f5es como Ataulfo Alves e Dorival Caymmi \u2013 […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[6],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/8416"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=8416"}],"version-history":[{"count":9,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/8416\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":45903,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/8416\/revisions\/45903"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=8416"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=8416"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=8416"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}