{"id":8486,"date":"2013-10-28T23:11:02","date_gmt":"2013-10-29T02:11:02","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=8486"},"modified":"2022-08-04T20:22:32","modified_gmt":"2022-08-04T23:22:32","slug":"raizes-da-mpb-jacob-do-bandolim","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/raizes-da-mpb-jacob-do-bandolim\/","title":{"rendered":"Ra\u00edzes da MPB \u2013 JACOB DO BANDOLIM"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho<\/b> \"chiquinha1\"<\/a><\/p>\n

Selecionar faixas dentro da discografia constru\u00edda ao longo de duas d\u00e9cadas por Jacob \u00e9 um desafio, pois sempre ficar\u00e3o de fora grava\u00e7\u00f5es espetaculares. Trata-se da melhor discografia de um solista brasileiro de todos os tempos: numerosa, homog\u00eanea em qualidade e muito coerente em termos de repert\u00f3rio. (Henrique Cazes, m\u00fasico, produtor, arranjador e escritor)<\/i><\/b><\/p>\n

O compositor e instrumentista Jacob Pick Bittencourt<\/i> nasceu na cidade do Rio de Janeiro\/RJ, em 1918,era filho do farmac\u00eautico capixaba Francisco Gomes Bittencourt e da polonesa Rachel Pick.<\/p>\n

Na parte de baixo do sobrado em que moravam Jacob<\/i> e sua fam\u00edlia, vivia um franc\u00eas que tocava violino, e que ficara cego na Primeira Guerra Mundial. O menino solit\u00e1rio deliciava-se com suas m\u00fasicas. Ganhou um violino, mas n\u00e3o se adaptou com o arco do instrumento, partindo in\u00fameras cordas. Resolveu ent\u00e3o mudar para um bandolim, aprendendo a tocar sozinho. Era um autodidata. E, como quem gosta de m\u00fasica est\u00e1 sempre com o ouvido em alerta, certo dia, quando vinha de uma festa, ouviu um choro solado pela clarinete de Luiz Americano. Em casa, tentou reproduzir a melodia que ouvira. A partir da\u00ed nasceu a paix\u00e3o de Jacob<\/i> pelo choro.<\/p>\n

Quando tinha 15 anos de idade, Jacob <\/i>fez sua estreia na R\u00e1dio Guanabara. E, ao sair vencedor do concurso Programa dos Novos, com o conjunto Jacob e sua Gente<\/i> (Val\u00e9rio Farias, Roxinho, Osmar Menezes, Carlos Gil, Manoel Gil e Natalino Gil), passou a se dedicar totalmente \u00e0 carreira de solista. Seu conjunto tocava em r\u00e1dios, ganhando pequenos cach\u00eas. E, quando Osmar Menezes morreu, um dos integrantes do conjunto Jacob e Sua Gente<\/i>, Benedito C\u00e9sar Ramos de Faria, pai de Paulinho da Viola, entrou em seu lugar como violonista.<\/p>\n

Ao resolver se casar com Adylia Freitas, Jacob<\/i> teve que prometer ao pai da futura mulher que n\u00e3o dependeria da m\u00fasica como sustento de sua futura fam\u00edlia. De modo que, paralelamente \u00e0 profiss\u00e3o de artista, Jacob<\/em> sempre exerceu outras atividades como vendedor, agente de seguros e t\u00edtulos, pr\u00e1tico de farm\u00e1cia, etc. Chegou a ser dono de um laborat\u00f3rio e duas farm\u00e1cias. Logo vieram os filhos S\u00e9rgio e Elena.<\/p>\n

Quando gravou com Ataulfo Alves, em 1940, alguns sambas, incluindo o cl\u00e1ssico Ai, que saudades de Am\u00e9lia<\/i>, sua genialidade come\u00e7ou a ser notada. Mesmo assim, Jacob <\/i>fez um concurso p\u00fablico para escriv\u00e3o da justi\u00e7a, no qual trabalhou at\u00e9 se aposentar, cumprindo a promessa feita ao sogro.<\/p>\n

Foi a esposa Adylia quem insistiu para que Jacob<\/i> voltasse para a vida art\u00edstica. Ele formou um novo grupo, composto por C\u00e9sar Fria, Fernando Ribeiro, Pinguim e Luna, passando a gravar discos na gravadora Continental. Depois, transferiu-se para a RCA Victor. Ao deixar a gravadora Continental, um novo artista assumiu seu lugar, Waldir Azevedo, que j\u00e1 estreava o cl\u00e1ssico Brasileirinho<\/i>, vindo depois o bai\u00e3o Delicado<\/i> e Pedacinhos do C\u00e9u<\/i>, o que acabou mexendo com o \u00e2nimo de Jacob<\/i>. Mas, ele n\u00e3o deixava de dar o melhor de si, aperfei\u00e7oando-se em tudo que fazia. Al\u00e9m de come\u00e7ar a escrever suas pr\u00f3prias composi\u00e7\u00f5es, tamb\u00e9m tinha a preocupa\u00e7\u00e3o de anotar m\u00fasica de autores antigos, para que essas n\u00e3o viessem a se perder com o tempo.<\/p>\n

Jacob<\/i> foi respons\u00e1vel por trazer Ernesto Nazareth, sofisticado compositor, para o choro, ao gravar oito m\u00fasicas de sua autoria, adaptando-as para o bandolim e conjunto regional. Da\u00ed para frente, os chor\u00f5es sentiram mais facilidade para tocar as m\u00fasicas do erudito compositor. Jacob<\/i> tamb\u00e9m se preocupou em trazer para cena os chor\u00f5es da velha guarda como \u00c1lvaro Sandim e Juca Kalut, entre outros, deixando um rico acervo para a m\u00fasica popular brasileira. Foi o criador do instrumento chamado \u201cviolinha\u201d, respons\u00e1vel por enriquecer as can\u00e7\u00f5es mais rom\u00e2nticas.<\/p>\n

Jacob<\/i> passou a trabalhar com o regional do Canhoto. Como sempre, sua produ\u00e7\u00e3o era regular e de elevado n\u00edvel de qualidade. Seu maior sucesso foi o choro Cariocas<\/i>. E, para atender os diretores da RCA, alegando que a vendagem de seus discos era baixa, Jacob <\/i>aceitou solar m\u00fasicas de sucesso com o acompanhamento de uma orquestra, nascendo o LP \u00c9poca de Ouro, que tamb\u00e9m viria a ser o nome de seu conjunto. Ele adorou o disco, apontando-o como o seu melhor trabalho, mesmo n\u00e3o trazendo choro, mas apenas sambas e valsas. Gravou depois, com orquestra, Valsa Brasileiras de Antigamente.<\/p>\n

Quando Canhoto trocou de gravadora, Jacob<\/i> montou o seu grupo, o inesquec\u00edvel Conjunto \u00c9poca de Ouro, composto por competent\u00edssimos instrumentistas: C\u00e9sar Faria, Carlinhos Leite, Horondino Silva, o Dinu, Jonas e Gilberto D\u2019\u00e1vila. Tudo como ele queria, sendo sempre muito exigente em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 qualidade do que fazia, sendo poss\u00edvel ver em Assanhado<\/i>, em A Ginga do Man\u00e9<\/i> e no Voo da Mosca<\/i>, a preciosidade do seu trabalho.<\/p>\n

Em 1964, Jacob<\/i> gravou aquilo que considerava seu grande sonho: a Su\u00edte Retratos<\/i> para bandolim, regional e orquestra de corda, dedicada a ele pelo maestro Radam\u00e9s Gnattali, em 1956. Cada movimento trazia homenagem a um pioneiro da m\u00fasica brasileira: Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Anacleto Medeiros e Chiquinha Gonzaga. Embora n\u00e3o tivesse feito sucesso entre os chor\u00f5es, Su\u00edte Retratos<\/i> iniciava as mudan\u00e7as que o choro viveria muitos anos depois. Em 1967, gravou o disco Vibra\u00e7\u00f5es<\/i>, tido pela cr\u00edtica como o mais completo de sua carreira.<\/p>\n

Jacob do Bandolim<\/i> morreu em 1969, aos 51 anos, de seu segundo infarto, quando retornava da casa de seu amado Pixinguinha.<\/p>\n

Nota
\n<\/span>Cliquem no link abaixo para ouvirem a can\u00e7\u00e3o Assanhado:
\n<\/i>
http:\/\/www.youtube.com\/watch?v=r_zmyeLgEG8<\/a><\/p>\n

Fonte de pesquisa:
\n<\/span>Ra\u00edzes da M\u00fasica Popular Brasileira\/ Cole\u00e7\u00e3o Folha de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n

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