{"id":8746,"date":"2013-11-20T23:41:33","date_gmt":"2013-11-21T02:41:33","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=8746"},"modified":"2022-08-04T20:42:00","modified_gmt":"2022-08-04T23:42:00","slug":"van-gogh-consideracoes-finais","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/van-gogh-consideracoes-finais\/","title":{"rendered":"Van Gogh \u2013 CONSIDERA\u00c7\u00d5ES FINAIS SOBRE SUA VIDA"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho<\/b> \"van\"<\/a><\/p>\n

No trabalho art\u00edstico, Van Gogh tinha plena lucidez e pode controlar seus conflitos, sublimando-os at\u00e9. O que ele n\u00e3o conseguia, mesmo, era viver. Talvez concorresse para isso sua doen\u00e7a com s\u00e9rios acessos de depress\u00e3o. Tamb\u00e9m na \u00e9poca n\u00e3o era f\u00e1cil, sobretudo para algu\u00e9m t\u00e3o intrinsecamente alheio aos padr\u00f5es de valores sociais que se definiriam no s\u00e9culo 19. (Fayga Ostrower)<\/em><\/strong><\/p>\n

A obra de Vincent van Gogh<\/i>, executada num curto per\u00edodo de 5 anos, rejeitada em sua \u00e9poca, atinge hoje pre\u00e7os estratosf\u00e9ricos no mercado de arte, num desses reveses da vida. A triste hist\u00f3ria do artista holand\u00eas j\u00e1 se fez presente na sua primeira escolha \u2013 ser evangelizador de uma igreja que n\u00e3o mostrava muita aceita\u00e7\u00e3o por ele. Mas, como sentia que n\u00e3o tinha o manejo f\u00e1cil das palavras, come\u00e7ou a desenhar, coisa que fazia muito bem, e depois a pintar. Antes disso, trabalhou por algum tempo nas minas de carv\u00e3o da B\u00e9lgica, numa situa\u00e7\u00e3o desumana.<\/p>\n

Atr\u00e1s de seu tipo taciturno e desajeitado, quase que desconhecido em seu tempo, Van Gogh<\/i> escondia uma do\u00e7ura e uma generosidade \u00edmpares, talvez s\u00f3 percebidas por seu adorado irm\u00e3o Theo que tanto trabalhou por seu reconhecimento como artista, ainda que fruto algum fosse colhido no seu tempo, mas que se tornaria um celeiro no futuro. Suas linhas abruptas, tra\u00e7os curtos e vigorosos com sequ\u00eancias repetitivas, que se adensam, mostram a alta tens\u00e3o emotiva em que vivia o pintor. Embora toda a sua atividade art\u00edstica n\u00e3o ultrapasse\u00a0 uma d\u00e9cada, ainda assim contabiliza mais de 800 quadros, o que demonstra como sua mente era fren\u00e9tica.<\/p>\n

Muitas vezes n\u00f3s nos perguntamos o porqu\u00ea de o sofrimento desabar pesadamente sobre algu\u00e9m, sem lhe proporcionar um grama de alegria. Assim foi a vida de Van Gogh<\/i>, uma trag\u00e9dia art\u00edstica e humana sem tr\u00e9guas. Ser\u00e3o a sensibilidade e a criatividade o fermento do sofrimento? Por que sofrer com a indiferen\u00e7a da chamada vida civilizada? N\u00e3o teria sido mais f\u00e1cil ignor\u00e1-la? Nada disso foi poss\u00edvel a Van Gogh<\/i> que sentia uma grande necessidade de contato humano e sobretudo de encontrar a si mesmo, de modo a dar sentido \u00e0 sua vida. Nutria uma desesperada necessidade afetiva de se dar aos outros e de ser amado. Mas todas as suas buscas amorosas foram infrut\u00edferas.<\/p>\n

Van Gogh<\/i> entregava-se por inteiro a tudo que fazia, de forma que a for\u00e7a de sua compuls\u00e3o criadora n\u00e3o era capaz de conter-se dentro de moldes preestabelecidos. Ao contr\u00e1rio, vergava-se \u00e0 sua vontade. Dentro dele, como em Noite Estrelada<\/i>, tudo era movimento e agita\u00e7\u00e3o. \u00c9 poss\u00edvel sentir esse turbilh\u00e3o que n\u00e3o se acalmava nunca, atrav\u00e9s de seus tra\u00e7os desinquietos e exasperados, acompanhando as marcas deixadas por seus pinceis e esp\u00e1tulas.<\/p>\n

No in\u00edcio de sua carreira Van Gogh<\/i> escolheu os pobres e os desvalidos para pintar, como uma forma de protesto contra a indiferen\u00e7a de uma sociedade injusta, na qual sentia uma grande dificuldade de se inserir. N\u00e3o conseguia aceitar que a exist\u00eancia fosse daquele jeito. Foi jogando essa emo\u00e7\u00e3o no seu trabalho que alcan\u00e7ou um estilo pessoal inconfund\u00edvel e admir\u00e1vel. A falta de sentido que a vida representou para o artista, est\u00e1 presente em toda a sua obra,\u00a0 assim como sua solid\u00e3o, seus medos e necessidade de afeto.<\/p>\n

Ele jamais se preocupou em encontrar a beleza, pois buscava apenas a verdade. Por isso, nunca sentiu necessidade de apagar as marcas deixadas por sua esp\u00e1tula ou a necessidade de misturar cores prim\u00e1rias. A tinta brotava virgem dos tubos para suas telas que jamais retocava. Tinha dificuldade em retomar uma obra j\u00e1 iniciada, pois estava sempre em busca do novo. Expressar seus sentimentos, ainda que do\u00eddos, era tudo o que queria. Isso fazia com que sua pintura\u00a0 diferisse tanto das demais de seu tempo, a ponto de ser tido como o precursor do Expressionismo<\/i> europeu, conforme atesta o pintor Pablo Picasso: Quando mais ningu\u00e9m soube como continuar, Van Gogh descobriu uma ampla estrada para o futuro. <\/i>Mas essa descoberta custou a vida do pr\u00f3prio pintor. No desespero para encontrar uma explica\u00e7\u00e3o para sua pr\u00f3pria vida, Van Gogh<\/i> acabou se autodestruindo, tomando o suic\u00eddio, aos 37 anos, como caminho final, enquanto deixava uma estrada para o futuro.<\/p>\n

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