Mit. – FAETONTE, O FILHO DO SOL

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Recontado por Lu Dias Carvalho

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O deus da luz, Apolo (Febo), divindade solar, e a ninfa Climene eram os pais de Faetonte, que se sentiu chateado ao saber que era filho de um deus, mas que vivia como um mortal comum. Exigiu que a mãe desse-lhe prova da divindade que carregava. Ela lhe jurou, dizendo que ele era realmente filho do Sol. E foi assim que o rapazinho partiu para a Índia, onde seu pai dava início a seu trajeto. Queria também ouvir a palavra dele sobre sua origem.

Ao encontrar o palácio do pai, situado numa alta montanha, cujas portas eram ornadas com os signos do zodíaco, Faetonte entrou e foi em direção ao genitor, que se encontrava num trono resplandecente de luz, rodeado por seus ajudantes: o Dia, o Mês, o Ano, as Horas, a Primavera, o Verão, o Outono e o Inverno. Meio cego, o rapazola pediu ao Sol que provasse que era mesmo seu pai. E esse, desconhecendo o ímpeto aventureiro do filho, ordenou-lhe que pedisse o que quisesse, como prova. A escolha do moleque recaiu sobre o carro de Apolo. Queria dirigi-lo por um dia. Mas esse era o único pedido que jamais deveria ter feito ao pai.

O Sol argumentou com o filho que dirigir seu carro flamejante era muito perigoso, pois demandava muita força e sabedoria, e que nenhum deus jamais ousara fazer aquilo. Além do mais, ele era mortal, podendo morrer nessa façanha. Queria que mudasse o pedido, uma vez que fora inconsequente na sua promessa. Mesmo depois de ouvir todas as explicações detalhadamente, o garoto encasquetou, não arredando pé. Nada restava a Febo, senão cumprir sua promessa, ainda que totalmente a contragosto.

Dentre os muitos conselhos, Faetonte foi avisado de que não deveria usar o chicote nos corcéis, pois eles sabiam o caminho a fazer. Deveria apenas contê-los, vez ou outra. Tudo lhe foi explicado com paciência, embora o garoto mostrasse-se cada vez mais apressado para dirigir o “brinquedo” e menos atencioso em ouvir as explicações. Ao subir no carro, não se lembrava da metade do que lhe dissera o Sol. Portanto, esse passeio pressagiava maus acontecimentos.

Os corcéis logo deram conta de que o condutor era outro, bem mais leve e sem comando. O carro era jogado de um lado para outro na imensidão do céu. O moleque começou a tremer de medo, sem saber onde se encontrava. Não se lembrava dos conselhos recebidos e tampouco do nome dos cavalos. Não mais aguentava segurar as rédeas. Houve momentos em que o carro do Sol ficou tão próximo à Terra, que seu calor pôs fogo nas plantações e florestas, ressecando os mares e rios, matando animais e gentes. Em suma, tudo embaixo do céu era um caos, tudo sofria profundas e dolorosas transformações.

A Terra, horrorizada com tanta aniquilação, pediu ajuda ao grande deus Júpiter. Lembrou-lhe que Atlas não mais estava aguentando segurá-la no espaço. E se o mar, o céu e a terra fossem dizimados, tudo voltaria ao Caos de antes. Não era justo que não fosse ele a acabar com tudo, mas um moleque mortal. Se ainda tencionava salvá-la que fosse breve, pois a catástrofe total estava a caminho.

Júpiter conclamou todos os deuses para salvarem o que ainda restava da Terra. Ele trovejou e arremessou um raio contra o rapazola imprudente. Ao acertá-lo, tirou-o de dentro do carro, e ele caiu com os cabelos pegando fogo, como se fosse uma estrela cadente. O rio Eridano abriu os braços para receber seu corpo sem vida, refrescando-o. E as Helíadas, suas irmãs, enquanto choravam, foram transformadas em choupos, à beira dos rios. E suas lágrimas, ao tocarem a água, viraram âmbar.

Nota: ilustra o texto a pintura Apolo em seu Carro, de Luca Giordano

Fontes de Pesquisa
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM

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