Autoria do Dr. Telmo Diniz
Especialistas alertam sobre os perigos que o celular traz: a postura com a cabeça inclinada para baixo provoca problemas sérios de coluna; o uso de celular à noite, sem iluminação, provoca degeneração da mácula ocular em virtude da luz azul que é prejudicial (lembrando que o excesso de luz também interfere no sono, devido ao desequilíbrio na produção de melatonina); induz à ansiedade, pois as pessoas não conseguem relaxar, ficando conectadas dia e noite. (Hernando Dias)
Várias pesquisas nos últimos anos detectaram forte relação entre o uso de celulares e aparelhos afins com a piora na qualidade do sono. Trabalhos ingleses mostram que sete em cada dez crianças e nove em cada dez adolescentes britânicos têm pelo menos um dispositivo móvel à beira da cama e a grande maioria checa o celular no meio da noite. Este texto dedica-se ao impacto deste comportamento na vida e na saúde das pessoas.
Um grupo de pesquisadores da universidade de Harvard (EUA) comparou o efeito da leitura de livros de papel com os leitores digitais (e-readers) antes de dormir. Eles verificaram que as pessoas que haviam lido livros digitais levavam mais tempo para adormecer e tinham um sono de pior qualidade. Como consequência, elas se sentiam mais cansadas ao acordarem na manhã seguinte, com queda na produtividade e com um humor mais irritadiço.
De igual forma, as crianças e adolescentes são tão afetados quanto os adultos. Segundo um trabalho de novembro de 2016 do King’s College London, publicado no periódico “Jama Pediatrics”, os jovens parecem ter sensação permanente de estarem conectados, mesmo que os aparelhos estejam desligados à noite, e isto interfere no padrão de sono. Outra pesquisa de 2014, publicada pelo “Canadian Journal of Public Health”, relacionou que a presença desses dispositivos móveis no quarto de crianças de 9 a 11 anos provoca piora do sono e sobrepeso. Portanto, olhar Facebook, Twitter ou Instagram pelo tablet ou celular antes de dormir e depois deixá-lo na cama, ao seu lado, pode ser prejudicial para a qualidade do sono e, por consequência, da saúde. O motivo? A melatonina, hormônio que ajuda as pessoas a adormecerem, tem sua produção inibida pela luz que estes aparelhos emitem.
Para os estudiosos sobre o tema “sono”, o uso de aparelhos eletrônicos no período da noite pode não só interferir na qualidade do sono como prejudicar a rotina no dia seguinte – especialmente no longo prazo. As pesquisas publicadas nos últimos anos revelam uma forte ligação entre privação de sono e a ocorrência de doenças como obesidade, diabetes, problemas cardiovasculares, enfraquecimento do sistema imunológico e até câncer. É importante lembrar que, até os 21 anos, o cérebro segue um processo muito ativo de desenvolvimento. E boa parte desse remodelamento neuronal acontece justamente à noite, ao dormir. Sem sono, nossas conexões podem deixar a desejar em termos de atenção, comportamento e memória.
Quer ver seu filho dormir bem? Que tal proibir o uso e até mesmo a presença de celulares e tablets no quarto à noite? É bom lembrar que quanto mais os pais usam tecnologias dentro de casa, maior é o risco de os filhos repetirem o mesmo padrão de comportamento em seus respectivos dormitórios. Temos de dar o exemplo, reduzindo o uso destes aparelhos à noite, bem como ser mais enfático nas proibições no uso desta tecnologia na hora de ir dormir. Você pode até ficar com fama de chato, mas, provavelmente, eles agradecerão no futuro. Resumindo: celular desligado na sala e uma boa noite de sono no quarto.
Nota: imagem copiada de 180graus.com