Autoria de Lu Dias Carvalho
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A composição denominada O Triunfo da Morte é uma pintura do artista Pieter Bruegel, o Velho, que mostra a importância de ter sido um pintor de miniaturas, ao agregar numa única tela inúmeras figuras, fato comum em suas obras. Este quadro encontra-se entre as 50 pinturas mais famosas do mundo. Embora não tenha intenção ou temática religiosa, a sugestão para esta obra foi tirada do Apocalipse e do Eclesiastes, livros bíblicos. A sua motivação encontra-se numa razão secular: as chacinas da dominação espanhola e a revolta dos “mendigos”, inspirada, portanto, na resistência.
Bruegel tinha grande preocupação com os princípios morais estabelecidos pela religião. Preocupava-o, sobretudo, a condição humana que parecia servil aos vícios, à loucura, ao homicídio e ao medo. Nesta composição, a exemplo das obras de Hieronymus Bosch, ele mostra que, ao final, a morte sempre triunfará sobre tudo e todos, ou seja, também os opressores serão arrebatados por ela, pouco importando o seu tempo de glória terrena ou a vida de ostentação e poder que levaram.
Não era fácil a vida durante a Idade Média e início da Moderna, quando a ciência ainda engatinhava. As pessoas eram vitimadas por epidemias, pragas e, como se isso não fosse suficiente, também pelas guerras religiosas e políticas. Na visão popular tudo era atribuído ao “castigo divino” em razão dos vícios da humanidade, sendo Deus visto como um juiz temerário que enviava a morte como punição para toda a humanidade.
A tradição de culto à morte que amainou em outros lugares, continuou forte nos Países Baixos, até o século XVI, como nos mostra Bruegel na pintura acima. A Morte, com seu poderoso exército de esqueletos, alastra-se sobre toda a paisagem isolada e esfumaçada, desde o horizonte, destruindo tudo que encontra. Ela se posiciona no meio da composição, conforme mostra o seu distintivo — a foice. Um esqueleto na parte superior à esquerda toca o sino anunciando a batalha, ou seja, a sentença mortal para a Terra e seus habitantes.
A guerra final contra as forças do mal acontece em primeiro plano. À direita, na parte inferior da pintura, a Morte, montada num esquelético cavalo, com uma longa foice na mão, avança contra as pessoas amontoadas umas sobre as outras. Elas são obrigadas a entrar numa espécie de passagem que possivelmente conduz ao Inferno, encurraladas por exércitos de esqueletos à direita e à esquerda, impedindo a fuga. Estes portam escudos amarelos, parecidos com tampas de caixões, com o desenho de uma cruz.
Um esqueleto, montado num raquítico cavalo branco que leva um corvo no dorso, conduz uma carroça, onde são colocados os crânios decepados, trazendo em cima desses uma pá. Um guerreiro da morte aponta um relógio de areia para um rei, a indicar-lhe que seu tempo de vida chegou ao fim. Enquanto o monarca agoniza, um esqueleto rouba-lhe as riquezas guardadas em barris. Nem mesmo os membros da Igreja estão a salvo. Tampouco tem alguma serventia as espadas. No canto inferior direito da composição um tocador de alaúde e uma dama tentam ignorar o horror que deles se aproxima, mas um esqueleto traz a espada em punho atrás da dupla, pois nada escapa ao rigor da Morte.
A colheita da Morte é brutal: cabeças decepadas, corpos enterrados, afogados, torturados, degolados, pisoteados, transpassados por lanças, etc. Mesmo no mar é possível observar a destruição, ocasionada por incêndios e naufrágios. A mulher, usando vestido vermelho e touca branca e sobre a qual irá passar o cavalo e a carroça da morte, traz nas mãos um fuso e uma roca que simbolizam a fragilidade humana. A presença de uma mesa com toalha branca significa que os comensais tiveram que interromper seu banquete para lutar contra a Morte, enquanto o bobo da corte enfia-se debaixo da mesa.
Bruegel em sua cena dramática descreve aspectos da vida no século XVI, quando eram muito usados passatempos como o gamão e o baralho de cartas. Ele usa cores quentes para repassar a sensação de calor, reforçando a ideia de inferno que se estende por todo o quadro. Como quase toda obra do pintor esta também repassa um conteúdo moral que é o de reafirmar que a morte é cruel, mas democrática, pois não faz distinção entre credos, classes sociais ou cargos. É o fim de todos os seres vivos. É impossível esquecer a tragicidade da cena retratada.
Ficha técnica
Ano: c. 1562
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 117 x 162 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha
Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Prado/ Madri
http://comunidade.sol.pt/blogs/jaguar/archive/2008/01/21/A-Pintura-Flamenga
http://www.passeiweb.com/estudos/sala_de_aula/biografias/pieter_brueghel
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Triumph_of_Death
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Excelente conteúdo. Ótimo trabalho.
Ayron
Agradeço a sua visita e comentário!
Abraços,
Lu
Lu
Estou estudando essa obra em história, e quando eu a olhava ficava sem entender nada.
Obrigada, Lu, por tirar minhas dúvidas. Você me ajudou bastante.
Ana Paula
É muito bom saber que meu site ajudou você. Aqui tenho inúmeras obras com a descrição das mesmas. Agradeço sua visita e comentário. Venha sempre. Repasse o endereço deste site para seus colegas.
Grande abraço,
Lu
É para fazer tudo isso no caderno?
Vinícius
Imagino que esta pergunta deva ser feita à sua professora.
Abraços,
Lu
Oi!
Lucas
Seja bem-vindo a este espaço.
Abraços,
Lu
Estou estudando “O tiunfo da morte” em história, é realmente uma obra de arte maravilhosa.
Aline
Trata-se realmente de uma obra belíssima, com muita profundidade. Todo o trabalho de Pieter Bruegel, o Velho, é realmente encantador. Há também outros pintores que retratam o mesmo tema.
Amiguinha, agradeço a sua visita e comentário. Será sempre um prazer tê-la conosco neste espaço. E fale sobre ele com seus amigos e colegas.
Grande abraço,
Lu
Lu, indique-me outros artistas assim, “trágicos”.
Fradique
Vou lhe enviar via e-mail.
Abraços,
Lu