AÇÚCAR – UMA RELAÇÃO PERIGOSA

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 Autoria de Fernando Carvalho*

A moderna fabricação do açúcar nos trouxe doenças inteiramente novas. O açúcar nada mais é do que um ácido cristalizado que está provocando a degeneração dos seres humanos e é hora de insistir num esclarecimento geral. (Robert Boisler)

Desde que a humanidade existe o organismo animal está adaptado à relação matemática existente entre alimentos e calorias. Quando o Australopitecus capturava um animal e o comia, ou um chinês, há cinco mil anos, comia uma tigela de arroz, seu pâncreas sabia qual a quantidade de insulina que deveria produzir para aquela quantidade de comida. Uma espécie de calculadora biológica combinada com uma espécie de sistema endócrino de injeção eletrônica, preparado pela evolução das espécies, entravam em ação prontamente. O organismo lidava com um bolo de alimento que ao mesmo tempo nutria e fornecia energia. Esse mecanismo biológico veio a ser perturbado depois da intromissão do açúcar na mesa da humanidade.

O açúcar não era um novo alimento que estava chegando à mesa, mas um produto químico, uma substância não nutritiva que apenas adicionava calorias aos alimentos, além de sabor doce. Calorias inúteis que se revelaram nocivas à saúde. O açucareiro deu uma cotovelada no pote de mel da mesa e se instalou como um adoçante com pretensões hegemônicas. Com o advento do açúcar na mesa da humanidade o ser humano se viu diante de uma situação nova, para a qual seu organismo não estava preparado: a de lidar com um bolo de alimentos que quebrava aquela antiga relação alimento/caloria, com a qual estava acostumado desde os tempos de seu avô Australopitecus.

O açúcar, adicionado à comida, provoca reações complexas nos sistemas hormonais endócrino, parácrino e autócrino. Com o açucaramento da dieta a calculadora biológica entrou em pane ao passar a lidar com um bolo de alimentos estranhamente enriquecido de calorias, o que demanda mais insulina. Conforme Arthur Guyton, o trânsito de glicose para o interior das células, quando o pâncreas secreta grandes quantidades de insulina, é dez ou mais vezes mais rápido que o normal. A dieta açucarada criou uma situação de estresse permanente no metabolismo. Segundo a médica portuguesa Luísa Sagreira, a hiperinsulinemia é responsável por alterações lipídicas e das proteínas, aumento de VLDL (colesterol ruim) e de triglicerídeos, diminuição de HDL (colesterol bom), hipertensão arterial, possibilidade de se acompanhar de tolerância diminuída à glicose e, por último, é responsável por uma mortalidade cardiovascular aumentada e prematura.

O açucaramento da dieta humana tem sido progressivo. O doutor Atkins adverte: “Quanto mais açúcar você come, mais anormal torna-se a resposta do organismo ao açúcar”. Ante a dieta açucarada, o pâncreas reage produzindo uma quantidade de insulina maior para fazer face às calorias extras, funcionando em ritmo de trabalho forçado. A insulina ajuda a transformar o açúcar extra em gordura, gerando obesidade e seus corolários mórbidos. A continuidade desse processo torna a insulina cada vez menos eficaz. Essa resistência insulínica provoca pane no próprio mecanismo de administração da insulina.

Ao perturbar o funcionamento do metabolismo do corpo, através da dieta açucarada, a revolução do açúcar inaugurou na história da humanidade a era das doenças crônicas, metabólicas e degenerativas, uma série de novas doenças não transmissíveis para as quais a medicina não estava preparada. Começando pelas cáries dentárias, o açúcar abre caminho para o lento desenvolvimento de doenças num leque bem conhecido: sobrepeso, obesidade, hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. Tais doenças são tão relacionadas entre si que a medicina já criou o conceito de Síndrome X ou plurimetabólica que empacota várias delas.

Quando você ler ou ouvir a palavra “açúcares” tome cuidado, pois estão querendo enganá-lo: trata-se da “teoria dos açúcares”. Segundo ela, existem diversos tipos de açúcar. Sem contar aquela história de que tudo o que você come (pão, batata, verduras e legumes, etc.) em sua barriga vai tudo virar açúcar. O objetivo dessa teoria complexa é ocultar por mimetismo o único açúcar que faz mal ao ser humano. Ele mesmo, o açúcar propriamente dito, o habitante do açucareiro que os químicos chamam de sacarose refinada. O açúcar encontra-se camuflado na floresta dos açúcares, mas o objetivo do meu livro é justamente segurá-lo pelo rabo, sacudi-lo e denunciá-lo, como sendo o único açúcar nocivo à espécie humana.

Açúcar de verdade, aquele de que seu corpo necessita e que fornece energia para você
viver, só existem dois: a glicose e a frutose. Apenas esses dois açúcares foram preparados pela natureza para consumo humano. Glicose e frutose são chamadas de açúcares simples porque já estão prontos para ser utilizados pelo organismo. Do jeito que esses açúcares forem ingeridos, serão assimilados, porque não sofrem nenhuma ação de enzimas digestivas, não dão trabalho ao organismo. A cana de açúcar, por exemplo, depois que é cortada no canavial, tem que ser levada às pressas para a usina, a fim de ser espremida e misturada com produtos químicos, antes que a sacarose comece a transformar-se em açúcares redutores (glicose e frutose), como dizem os químicos. A sacarose em estado natural, como no caldo de cana, por exemplo, acompanhada de nutrientes, é digerível. O problema é a sacarose refinada. A cana e a beterraba em si são alimentos; a sacarose refinada é apenas a parte combustível do alimento cirurgicamente isolada. Outro problema é que todos os alimentos já fornecem energia, de modo que o açúcar acrescentado transforma os alimentos açucarados numa bomba calórica patogênica. O açúcar corresponde a 99,5% de sacarose e os outros 0,5% sequer são cana, mas lixo químico fino, cinzas e outros produtos tóxicos, inclusive metais pesados.

Resta à humanidade lutar contra essa situação patológica através do movimento Açúcar zero. Ele não defende nenhuma dieta nova, apenas recomenda que se elimine o açúcar da mesa. Quanto ao mais, cada um deve comer de acordo com suas inclinações, apetite, idade, sexo, trabalho, clima, geografia, cultura, etnia, etc. Se for guloso será gordo, porém saudável. É o açúcar que gera doentes gordos ou magros. O movimento Açúcar zero luta para contestar a ditadura do açúcar. É uma batalha contra a imposição da dieta açucarada. Como primeiro passo basta que você, por exemplo, pare de comer açúcar e, além disso, ajude a causa tirando o doce da boca das crianças.

*Autor do livro “O Livro Negro do Açúcar”, presente no Google em PDF.

3 comentaram em “AÇÚCAR – UMA RELAÇÃO PERIGOSA

  1. Lu Dias Carvalho Autor do post

    Fernando

    Sempre imaginei que fosse a beterraba que conhecemos. Nunca havia ouvido falar desse outro tipo de beterraba. Seu livro é uma fonte de inúmeras informações. Peço aos leitores que façam a sua leitura por completo, acessando o Google, uma vez que se encontra em PDF. Aqui apresentamos apenas pequenos textos sobre o mesmo. A propósito, já consertei o nome do autor da citação. Obrigada!

    Abraços,

    Lu

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  2. Fernando Carvalho Autor do post

    Olá, gente amiga!

    Trata-se de combinar informações para fortalecer a musculatura teórica de nossa intelligentsia. Por exemplo, o Linus Pauling que ganhou dois Prêmios Nobel (preciso ler pelo menos um resumo biográfico de um homem desses), ainda mais pela natureza dos Prêmios: Nobel de Química e Nobel da Paz. Ele disse que “Antes do açucaramento da dieta humana” (coisa que passa despercebida pela medicina) “o consumo de frutose era de apenas 3%”.

    Eu, para facilitar o entendimento, comparei a frutose com gasolina aditivada e glicose com gasolina comum. Mas não é para pensar que devemos consumir mais frutose. É justamente ao contrário, a frutose desempenha um papel bem específico no corpo. Ela é usada enquanto tal apenas no aparelho sexual masculino. É a frutose o combustível que move aquela corrida louca dos espermatozoide na direção do óvulo maduro. A frutose extra que é consumida passa pelo fígado, onde é transformada em glicose para ser usada pelo organismo ou armazenada em forma de gordura abdominal, o famoso fígado gordo.

    Desse ponto de vista o povo americano está lascado. Ele consome açúcar e em quantidade maior o tal do xarope de milho rico em frutose (CSHF). O açúcar (sacarose refinada) é feito a partir de dois elementos a cana e a raiz de beterraba. Não é essa beterraba avermelhada que consumimos. É uma raiz branca e amarga da qual se extrai apenas a sacarose refinada branca. Já a cana parece coisa do cramulhão, oferece: caldo, melaço, rapadura, açúcar mascavo, demerara, cristal, refinado e de confeiteiro. Mas os médicos enganam a todos com essa conversa mole de açúcar bruto.

    Devemos entender a coisa do seguinte ângulo: o açúcar refinado é veneno puro, os outros são venenos misturados com teores decrescentes. Então quem quiser se envenenar lentamente usa os açúcares brutos. William Dufty no seu admirável “Sugar Blues” criou uma imagem interessante para essa história: É como se você não se incomodasse se o Drácula entrasse em sua casa, mordesse sua jugular, chupasse seu sangue e depois aplicasse uma injeção de vitaminas antes de sair voando em forma de morcego, pela janela de sua casa. Tá ficando extenso. Tchau!

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  3. Lu Dias Carvalho Autor do post

    Fernando

    O seu texto é de utilidade pública, ao trazer às claras a discussão sobre “açúcares”. Formidável! Tenho aprendido muito com eles (textos) e os leitores também, pois o acesso a eles têm sido muito bom. Destaco aqui algo muito interessante:

    “Quanto ao mais, cada um deve comer de acordo com suas inclinações, apetite, idade, sexo, trabalho, clima, geografia, cultura, etnia, etc. Se for guloso será gordo, porém saudável.”

    Abraços,

    Lu

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