VISITANDO MANAUS (Parte 1)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Beto Pimentel

folha

Sinto o avião desacelerando devagar. Neste instante, uma voz ecoa no sistema de autofalante da aeronave:

 – Atenção senhores passageiros, aqui é o comandante para informá-los que já iniciamos o procedimento de descida para o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, com estimativa de pouso para as 12h33min, hora local. O tempo em Manaus está bom, com poucas nuvens e a temperatura local é de 38ºC no momento.

Olho para o meu relógio de pulso e começo ajustá-lo para o novo fuso horário de Manaus, voltando no tempo 2 horas, pois está em vigor o horário de verão.  A seguir, olho pela janela do grande pássaro de aço. Só vejo nuvens embaixo de um céu de brigadeiro, iluminado pelo sol do meio dia. Distraidamente, folheio uma revista de bordo e encontro um excelente artigo sobre Manaus, seus pontos turísticos, o Rio Mar, seu povo, sua cultura e suas indústrias. Volto a olhar pela pequena janela e não há mais nuvens, somente um belo e imenso mar verde, entrecortado por rios de todos os tamanhos, serpenteantes num imenso mar verde. E, à medida que descemos, as árvores vão se tornando maiores, mais exuberantes. De repente o avião balança fortemente. As luzes de alerta do teto piscam e o alerta sonoro soa.

– Apertem os cintos!

A voz firme da comissária de bordo avisa que estamos atravessando uma área de turbulência. Mas, felizmente dura pouco e o desconforto causado pela turbulência logo passa. Já se passaram 20 minutos do aviso do comandante. Volto a olhar para a mata novamente e, logo à frente, já consigo avistar Manaus.

Não sei bem o porquê, mas toda vez que me aproximo de Manaus, lembro-me de um ditado popular da  região: “ Quem bebe a água do Rio Negro, come o peixe Jaraqui, não sai  mais  daqui!”.

  Não tomar a água do Rio Negro constitui uma hipótese improvável porque é o manancial utilizado para o sistema de tratamento e abastecimento da capital, sendo captada desse importante e emblemático rio. Já comer o Jaraqui, um peixe muito abundante na região e de bom paladar, nunca deixarei essa iguaria de lado. Ir a Manaus e não comer peixe com pirão feito com a farinha local é como ir a Roma e não ver o Papa. Talvez essa seja a razão de eu ter viajado tantas vezes a Manaus!

O dia seguinte da minha chegada à cidade era um sábado que amanheceu magnífico. Acordei às 6 horas, tomei banho, vesti-me e tomei café. Logo chegaram os amigos para um passeio de barco, partindo do cais do Hotel Tropical de Manaus. Barco lotado. Turistas de várias partes do mundo. Torre da Babel a bordo. Na proa, um guia turístico ia explicando a origem e as características de  cada ponto de interesse que  podia ser avistado nas margens do rio.

– Estão vendo aquela marca naquele barranco à  esquerda – dizia o guia – é a marca deixada pela última enchente, mais de 20 metros! Mais adiante, o prédio da primeira cervejaria da região!

Neste momento, avisto um ponto de captação de água para tratamento e distribuição na cidade e comento com o guia a tão falada pureza da água do Rio Negro,  que necessita de  pouca adição de produtos químicos e decantação. Mas o guia corrige o meu comentário. Necessitava, pois, infelizmente, já se constata a elevação de contaminantes químicos e orgânicos em alguns pontos do rio.

O barco continua avançando rio acima, passa sob uma moderna e bonita ponte. O calor é forte, obrigando-nos a tomar muito líquido. Uma turista chinesa, sentada à minha frente dorme, está quase caindo da cadeira, vencida pelo calor. Mas de repente, começamos avistar à frente, alem das águas escuras do Rio Negro, as águas pardas do Rio Solimões. Botos aparecem aqui e acolá, dando boas vindas ao fenômeno do encontro das águas. É o Rio Amazonas nascendo, formando-se, em seu destino de rio mar. Neste instante, de posse do seu potente microfone, o guia explica:

 – As águas não se misturam por quilômetros! Os estudiosos do assunto relatam três motivos para que isso não ocorra: a velocidade das correntezas, a diferença de temperatura e de acidez das águas dos rios.

Permanecemos cerca de meia hora, observando o fenômeno da Natureza, com os botos nos homenageando e circulando junto ao barco. No céu avistam-se revoadas de pássaros, bandos de araras Canindé, tucanos… Puro deleite junto à Natureza.

O barco parte calmamente. Cansados e famintos, avançamos por mais meia hora rio acima e paramos para almoçar à moda  dos ribeirinhos, num  restaurante flutuante à margem do rio. Descanso necessário para podermos enfrentar a caminhada logo mais, a seguir por uma trilha, selva adentro.

Referências:

(1)   http://sustainabledevelopment.un.org/ – UNITED NATIONS
(2)   INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Nota: Foto do autor, junto à maior folha do mundo da planta Coccoloba da região Amazônica.

Views: 1

6 comentaram em “VISITANDO MANAUS (Parte 1)

  1. Adevaldo

    Beto,

    Lendo seu texto sobre o Amazonas voltei ao tempo. Lá tomei a água do Rio Negro, mas não comi o Jaraqui, pois não voltei mais ali. Foi uma viagem maravilhosa e pretendo voltar para comer o referido peixe. Penso que me serviram o Pirarucu.

    Abraço,

    Adevaldo

    Responder
    1. Carlos A. Pimentel

      Adevaldo,

      Quando voltar a Manaus, não deixe de ir ao restaurante da Bia. Fica na ruela palalela ao Cais da Suframa que termina nas margens do Rio Negro. Lugar simples, mas de comida excelente. Não deixe de comer a costela de tambaqui. O jaraqui é um peixe muito popular em Manaus.

      Abraços,

      Beto

      Responder
  2. Betio

    Lu,

    Obrigado pelos comentários tão motivadores. Mas devo lhe confessar que o calor de Manaus não me incomoda tanto quando estou nos rios ou caminhando nas matas ou parques. Ruim mesmo é o calor sem umidade da selva de pedra que se transformaram as grandes metrópoles. Só cimento. Poucas árvores. Clima de deserto.

    Um abraço,

    Beto

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Beto

      Fiquei impressionada com a maior folha do mundo.
      Que maravilha? É maior do que você.
      Deve ser de uma planta rasteira, por causa do peso.

      Abraços,

      Lu

      Responder
      1. Carlos A. Pimentel

        Lu,

        Não é uma planta rasteira! É uma árvore relativamente alta! A Mãe Natureza, na Amazonia, é superlativa

        Abraços,

        Beto

        Responder
  3. LuDiasBH

    Beto

    Você descreveu tão bem sua viagem, que senti como se ali estivesse também.
    Sofri com a turbulência no avião, maravilhei-me com os rios e a floresta.
    Comi peixe com pirão de farinha.
    E me encantei com a maior folha do mundo.
    Mas como tudo na vida tem um outro lado, também senti o calor da turista chinesa.

    Foi uma viagem maravilhosa a Manaus, lá no coração da Floresta Amazônica.
    Parabéns pelo belo texto.
    E que venham outros.

    Abraços,

    Lu

    Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *