Autoria de Lu Dias Carvalho
Uirapuru, uirapuru/ Seresteiro, cantador do meu sertão/ Uirapuru, uirapuru/ Seresteiro cantador do meu sertão/ Uirapuru, uirapuru/ Ele canta as mágoas do meu coração/ A mata inteira fica muda ao teu cantar/ Tudo se cala para ouvir tua canção/ Que vai ao céu numa sentida melodia/ Vai a Deus em forma triste de oração/ Se Deus ouvisse o que te sai do coração/ Entenderia que é de dor tua canção/ E dos teus olhos tanto pranto rolaria/ Que daria para salvar o meu sertão. (Jacobina e Murilo Latini)
Uirapuru é o nome comum dado a várias espécies de aves passeriformes, piprídeas, principalmente as mais coloridas dos gêneros Pipra, Chiroxiphia e Teleonema. Recebe também outros nomes como: irapuru, guirapuru, arapuru, irapurá, virapuru, tangará, rendeira, pássaro-de- fandango e realejo. Os nomes: uirapuru, guirapuru, virapuru, arapuru e irapurá são originários do tupi-guarani “wirapu´ru” ou “guirapuru”, e tangará vem de “tãga´rá”.
Dentre as várias espécies chamadas de uirapuru, uma é tida como a verdadeira e, portanto, é chamada de uirapuru-verdadeiro (Cyphorhinus aradus). Trata-se de uma ave pequenina, medindo cerca de 10 centímetros, cujas penas variam entre os tons avermelhados e o marrom claro. Possui pés grandes e bico vigoroso e na cabeça traz manchas brancas, bem próximas aos olhos.
O uirapuru é nativo da América do Sul, presente, principalmente, em florestas e várzeas. Pode ser encontrado nos seguintes lugares: Guianas, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil. No nosso país, ele se faz presente em quase toda a Amazônia. Tanto pode viver sozinho, formar casais ou viver juntamente com outras espécies de pássaros, o que leva o caboclo a achar que seu canto melodioso é o responsável por atrair bandos de aves, mas, segundo pesquisas, ele se une a outros pássaros à cata de alimentos. Possui voos curtos, vivendo numa área limitada. Constrói seu ninho com raízes e folhas e o esconde em meio à folhagem.
Embora pareça uma ave bem comum, de plumagem bastante simples, o uirapuru está entre os pássaros que possuem um dos mais belos cantos, sendo a avezinha, inclusive, apelidada de corneta ou músico da mata. Seu canto melodioso só pode ser ouvido durante cerca de15 dias por ano, ao amanhecer ou entardecer, durante 5 a 10 minutos, enquanto trabalha na construção de um ninho para atrair a fêmea. Ele pode apresentar até sete cantos diferenciados. Macho e fêmea são dotados do belo canto, embora o macho cante melhor. O belo trinado da ave não se assemelha ao de nenhuma outra. Por isso, segundo reza uma lenda, todas as aves emudecem para ouvi-lo.
O uirapuru é um pássaro que se movimenta com muita rapidez pelo solo ou entre as folhagens, com seus pés grandes e plumagem colorida. Trata-se de uma avezinha muito agitada. Aprecia as florestas tropicais, onde se alimenta de frutas e de pequenos insetos. Muitos acreditam que ele se alimenta melhor por ocasião das estações chuvosas, época em que as formigas deixam os formigueiros para atacarem os animais rasteiros, fazendo a festa da passarada.
Existem muitas superstições envolvendo o uirapuru, que durante muito tempo teve um lugar privilegiado em nosso país, mas que hoje se encontra quase que totalmente esquecido. Eis algumas:
- Aquele que obtiver uma pena terá muita sorte na vida.
- Quem conseguir um pedaço de seu ninho terá o amor da pessoa amada pelo resto da vida.
- Quem ouvir seu canto deverá fazer um pedido imediatamente, e será atendido.
- Guardar qualquer parte da ave traz sorte nos negócios.
- A companhia de um uirapuru empalhado traz muita sorte na vida e, especialmente, no amor.
Mitos de mau gosto, especialmente os dois últimos, e de extrema gravidade, pois têm sido responsáveis pela extinção da ave, ao lado do desmatamento.
Lenda sobre o uirapuru
Certa vez um jovem e valente guerreiro acabou se apaixonado pela esposa de um grande cacique, mas como não podia se aproximar dela, fez um pedido a Tupã, que não exatamente um Deus, mas sim uma manifestação divina representada pelo trovão, que transformou o jovem guerreiro num pássaro chamado Uirapuru e assim a noite ele se aproximava de sua amada e cantava para ela.
Entretanto, seu maravilhoso canto também chamou a atenção do cacique, que fascinado ficou e assim certo dia perseguiu o Uirapuru para capturá-lo e desta forma obter a canção somente pra ele, mas o pássaro rapidamente se escondeu em meio à escuridão da floresta e foi por lá que o cacique acabou se perdendo e desaparecendo. Assim Uirapuru, continuou a cantar para sua amada na esperança de que um dia ela percebesse o grande amor do jovem guerreiro. O mito transformou o Uirapuru num amuleto, e onde ele canta proporciona felicidade no amor e também boa caça e fartura.
Fontes de pesquisa:
Wikipédia
www.tvsinopse.kinghost.net
(*) Imagens copiadas de www.tvsinopse.kinghost.net
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Lu,
Embora tenha viajado com frequência para a Amazônia, nunca ouvi o canto do Uirapuru ao vivo. A Amazônia é rica em pássaros até mesmo nas áreas urbanas de Manaus, por exemplo. O Ed agiu muito bem em denunciar o crime ambiental.
Parabéns pelo texto.
Beto
Beto
Realmente torna-se bem difícil ouvir o canto do uirapuru, uma vez que ele só canta durante 15 dias por ano.
Ouvi-lo, deve ser de extremo prazer.
É preciso mesmo muita sorte.
Abraços,
Lu
LuDias
Adoro este tema.
O cantar do Uirapuru é muito lindo.
Infelizmente, há pessoas inescrupulosas que fazem o comércio clandestino desse animal, trazendo-o lá da Amazônia, para os regiões do sudoeste.
Um dia, acordei ouvindo o seu cantar, em área rural (moro na periferia, em bairro de ótimo nível, porém), aqui no centro do estado de São Paulo. Busquei logo a polícia ambiental, mas não conseguimos localizá-lo. Não foi sonho. Levantei-me à noite, chamei minha família que também testemunhou esse crime ambiental.
Sabemos que era o pássaro, porque já tínhamos ouvido, neste vídeo do Youtube, maravilhoso, que quero compartilhar com todos:
http://www.youtube.com/watch?v=Xs6grGD-Q30
Ed
Fiquei emocionada com o seu comentário.
A postagem da música muito enriqueceu o texto.
Também adoro os pássaros.
Como podem ser tão puros e belos!
Eles só nos dão alegria e mesmo assim ainda existem aqueles que lhes fazem mal.
Pobre humanidade!
Abraços,
Lu