Canaletto – A RECEPÇÃO DO EMBAIXADOR FRANCÊS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Uma das marcas do estilo de Canaletto são os desenhos que ele cria com luz e sombra. Uma parte surpreendentemente grande do panorama está na sombra, mas o que o olho fixa são suas áreas luminosas. (Robert Cumming)

O pintor e gravador italiano Canaletto (1697 – 1768), cujo nome de batismo era Giovanni Antonio Canal, era filho do pintor e cenógrafo Bernardo Canal – seu primeiro mestre – e de Artemisia Barbieri. Era também tio do pintor Bernardo Belloto. O seu interesse inicial foi a cenografia, trabalhando como pintor de cena teatral, tendo feito uma viagem de estudo a Roma. Foi influenciado pelos artistas Giovanni Paolo Panini e Luca Carlevarijs – esse último especializado em pinturas de vedute (vistas) –  ao pintar o cotidiano da cidade e de sua gente.

A composição intitulada A Recepção do Embaixador Francês – também conhecida como A Recepção do Embaixador do Imperador no Palácio dos Doges – é uma obra-prima do artista, sendo um de seus primeiros trabalhos. Apresenta uma das vistas mais famosas do mundo. Aqui está o coração da próspera Veneza que havia sido um importante império marítimo e nação mercante do passado. Contudo, esta pintura, feita no início do século XVIII, já não enquadra a Veneza de tempos idos e que não tardaria a cair sob o domínio de Napoleão Bonaparte.

A composição mostra a recepção feita ao embaixador francês, assim como os venezianos – divididos entre cidadãos comuns e nobreza – distintos pela vestimenta e posição. Pelo que se conhece da paixão de Canaletto pelas vistas (vedute) é possível que a sua preocupação com a vista era bem maior do que com os rituais relativos à cerimônia do Estado. Canaletto é reconhecidamente o grande mestre dos efeitos fugazes.

Luxuosas embarcações fazem entrada pelo Grande Canal, à esquerda. As barcaças estatais estão decoradas em ouro e prata, sendo conduzidas por homens com elegantes uniformes. À esquerda dessas estão as humildes gôndolas.

O Palácio do Doge – Piazzetta – para o qual todos convergem, ergue-se ostentosamente à direita, tomando grande parte da composição. A edificação é uma mistura de dos estilos gótico e bizantino. No meio do palácio há um balcão, onde se realizam as cerimônias. Adornando-o estão diversas estátuas religiosas, O leão alado de São Marcos ali se encontra. Na parte mais alta está a estátua da Justiça. Um imenso balcão que toma o Palácio Doge de ponta a ponta mostra-se apinhado de gente. Há inclusive pessoas fora do balcão, sentadas. O mesmo acontece na ponte à direita.

À esquerda da Piazzetta encontra-se a Biblioteca e atrás dela está a Casa da Moeda – uma das famosas construções do império veneziano. Duas gigantescas colunas são vistas à esquerda, entre o Palácio Doge e a Biblioteca. Numa delas está o leão alado – símbolo de São Marcos, padroeiro de Veneza. Na outra coluna está a estátua de São Teodoro. A famosa Igreja Maria della Salute com sua arquitetura barroca é vista à esquerda. O Palácio do Doge tem sobre si uma pesada nuvem escura, enquanto há uma grande luminosidade à esquerda.

Ficha técnica
Ano: 1729
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 184 x 265 cm
Localização: Coleção particular, Milão, Itália

Fontes de pesquisa
A arte em detalhes/ Robert Cumming
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman

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