Autoria de Lu Dias Carvalho
A composição O Suicídio de Lucrécia, também conhecida como Lucrécia, é uma obra do pintor alemão Albrecht Dürer. O artista levou muito tempo para executá-la, sendo encontrados esboços relativos à obra, dez antes de sua criação, o que demonstra o quão criterioso e meditativo era o artista em sua arte. Presume-se que Dürer tenha tomado por modelo algum nu veneziano. Alguns historiadores de arte não gostam desta pintura, enquanto outros veem nela um Dürer menos formal, voltado para si, e mais ligado à presença da morte. Em decorrência de muitas disparidades nas proporções e na expressão da figura, Fedja Anzelewsky, autor de obras sobre Albrecht Dürer, define-a como “uma paródia ao invés de uma exaltação da figura feminina clássica”. De qualquer forma esta obra é vista como um dos trabalhos do artista menos apreciados.
Na composição Lucrécia, com seus cabelos compridos e minguados, apresenta-se nua, em postura frontal, num ambiente apertado, de costas para sua cama nupcial, local onde fora estuprada por seu primo Sextus. Enquanto enfia a espada no ventre, ela olha para cima, como se clamasse aos deuses para que dela servissem de testemunhas. De sua ferida, abaixo do seio direito, espirra um filete de sangue, mas que não mancha o pano que cobre os quadris ou o chão. É incessante notar que ela faz uso apenas da mão direita, enquanto a esquerda encontra-se atrás de seu corpo, repassando a ideia de que não precisa de força alguma para dar cabo ao seu ato. Debaixo da cama avista-se um vaso da noite (urinol).
A nudez de Lucrécia é totalmente desprovida de sensualidade, sendo a figura analisada por alguns estudiosos de arte como “o nu mais casto da história da arte”. A lendária dama romana que optou por suicidar-se a ter que enfrentar a vergonha de seu estupro, é vista com contornos esculturais firmes, sem qualquer lampejo de sedução. O pano que cobre a região pubiana da personagem foi, presumivelmente, expandido para cima, numa repintura da obra, no século XVI ou XVII.
Nota: Lucrécia foi uma dama romana, filha de um dos prefeitos de Roma (Espúrio Lucrécio) e mulher de Lúcio Tarquínio Colatino. Segundo os historiadores da época, ela foi abusada sexualmente por Sexto, filho de Tarquínio, o Soberbo, suicidando-se após contar ao pai e ao marido o que lhe acontecera e pedir vingança.
Ficha técnica
Ano: 1518
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 168 x 74 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha
Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.wga.hu/html_m/d/durer/1/09/1lucrezi.html
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Depois de ler o texto imaginei se ele propositalmente eliminou a sensualidade da figura para ressaltar a dor e sofrimento advindo do ato criminoso. Nunca cometeria erros de proporção a não ser que fossem propositais. Ele então teria se colocado no lugar dela. Apesar disso não pintou como denúncia. Não nos deu elementos claros. É um quadro que não foi feito para agradar aos olhos. Causa um incômodo peculiar, deixa uma pergunta, e me fez pensar como naquela época um artista, e apenas sendo artista, que nega com coragem o belo, e que é capaz de sentir dor alheia, sabe retratar não uma figura, mas um trauma.
Alvimar
Dürer foi um dos grandes mestres do Renascimento do norte europeu, portanto, certamente ele fez tudo propositalmente, como você brilhantemente analisa a obra. Iremos estudar brevemente algumas de suas obras.
Estou gostando muito de sua companhia.
Abraços,
Lu