Autoria de Lu Dias Carvalho
Bem que o senhor poderia, como já evocou por meio do desenho uma visão do “pogrom”, mostrar toda a miséria dos refugiados de hoje diante dos consulados, nos navios, nas ferrovias, nas estradas! Isso teria um efeito monumental de uma parte à outra do mundo, e o senhor com isso criaria um documento de nosso tempo. (Stefan Sweig, escritor)
Eu observo o ser humano como eterno refugiado e desde sempre tratei deste problema na minha arte. (Laser Segall)
Navio de Emigrantes é a maior das telas do artista lituano naturalizado brasileiro, Lasar Segall (1889-1957). Mesmo sendo também um judeu emigrante, para ele o assunto tratava-se de uma temática universal, sempre presente na vida da espécie humana.
A visão que se tem dos emigrantes acumulados no convés do navio é do alto, mas o pintor aproxima os 150 personagens do observador, ao individualizá-los, como se ele estivesse observando cada um dos passageiros, nas mais diferentes situações: mães cuidando de seus bebês, pessoas dormindo, conversando, ensimesmadas, na amurada do navio a observar o mar com suas ondas bravias, etc.
No grande grupo de emigrantes presente na composição encontram-se crianças, mulheres e homens nas mais diferentes idades. Cinco enormes chaminés são responsáveis por fazer circular o ar dos porões.
Além da tristeza, um grande cansaço e desesperança parecem tomar conta dos viajantes. Muitos se recostam uns nos outros, enquanto as crianças amparam-se em suas mães. A maior parte dos passageiros está de frente para a popa da embarcação.
O ponto de fuga da composição é a proa que aponta em direção à nova terra que ainda não se encontra à vista. Na parte superior, à esquerda, atrás das cordas, três gaivotas sobrevoam o navio de emigrantes, indicando que a nova pátria está se aproximando. O céu carregado de nuvens escuras acentua o desalento do grupo por ter deixado para trás a sua querida pátria.
Ficha técnica
Ano: 1939-1941
Técnica: óleo com areia sobre tela
Dimensões: 230 x 275 cm
Localização: Acervo do Museu Lasar Segall, São Paulo/SP, Brasil
Fonte de pesquisa
Lasar Segall/ Coleção Folha
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