A ARTE NA MESOPOTÂMIA (Aula nº 11)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

                     
                                  (Clique nas imagens para ampliá-las)

A denominação Oriente Próximo (ou Antigo Oriente) diz respeito à região onde surgiram as civilizações anteriores às clássicas, ou seja, as relativas ao mundo greco-romano. Ali existiam grandes e poderosos impérios, sendo o Egito apenas um deles. A própria Bíblia — livro sagrado dos cristãos — relata muitos fatos acontecidos nessa parte da Terra, inclusive ao referir-se à Palestina, situada entre o reino egípcio do Nilo e os impérios babilônio e assírio, situados no vale dos rios Tigre e Eufrates — região conhecida como Mesopotâmia, cujo nome corresponde em grego a “terra entre rios” e que hoje constitui a maior parte do Iraque.

A Mesopotâmia é tida como um dos berços da civilização por ter abrigado parte das primeiras civilizações da humanidade. Inúmeros povos habitaram essa região durante a Antiguidade, dentre eles podemos destacar os sumérios, acádios, amoritas (ou babilônios), assírios e caldeus. Ali tiveram origem a roda, a agricultura, as cidades, a escrita, o direito, a medicina, a filosofia, a matemática e a astronomia. A Mesopotâmia e regiões vizinhas, mesmo tendo acolhido diferentes povos e culturas, deu origem a formas de arte bem parecidas. O corpo humano era representado de forma rígida, sem expressão de movimento e sem detalhes anatômicos pelos artistas mesopotâmicos. Pés, mãos e braços ficavam ligados ao corpo coberto com mantos, enquanto os olhos eram complementados com esmalte brilhante.

A arte mesopotâmica era voltada para os deuses, sendo alguns deles ligados aos astros, o que leva a crer que o movimento planetário fosse muito importante para esse povo, dando, assim, origem à astronomia e, em consequência, à matemática. Sua arte não gozava da mesma posição que a egípcia, sendo bem menos conhecida. Uma das causas desse desconhecimento diz respeito à falta de pedreiras no vale, sendo as construções feitas com tijolos cozidos que, com o tempo, acabavam se desintegrando, impedindo a permanência dos monumentos para a posteridade, o que não aconteceu com os egípcios.  Além disso — provavelmente a principal causa —, está no fato de que os povos que habitavam essa região não comungavam da mesma crença religiosa dos egípcios no que diz respeito à conservação e à representação do corpo humano, relativas à sobrevivência da alma, embora os sumérios — habitantes da Baixa Mesopotâmia — durante um período longínquo em sua história, quando governaram a cidade de Ur, tivessem um comportamento parecido. Seus reis, ao morrerem, eram sepultados com todos os residentes da casa real — incluindo os servos —, levando muitas riquezas, sob a alegação de que precisavam de um séquito no além, como mostram descobertas feitas no cemitério real da referida cidade.

Aos artistas mesopotâmicos não era impingida a obrigação de ornamentar as tumbas mortuárias, como acontecia com os egípcios. Cabia-lhes o dever de manter os poderosos vivos, mas através da memória de seu povo. Os reis encomendavam aos artistas monumentos que festejassem suas vitórias nas caçadas e nas guerras, mostrando os inimigos capturados e os despojos obtidos, como mostra a ilustração de um monumento, acima, à esquerda, feito em pedra em que o soberano pisa sobre o corpo de um inimigo derrotado, enquanto outros, atemorizados, rogam por piedade. Obras como essa são verdadeiras crônicas ilustrativas das batalhas travadas. A mais bem conservada delas diz respeito ao reinado de Assurnasipal II da Assíria que viveu um pouco depois do bíblico rei Salomão, no século IX a. C. Na obra ilustrativa, à direita, é possível acompanhar os pormenores de um ataque a uma fortaleza, onde são vistas as armas de sítio em ação, seus defensores tombando e até mesmo uma mulher gritando do alto de uma torre, localizada à esquerda.

A arquitetura mesopotâmica era bem desenvolvida, tendo nos palácios e templos suas principais manifestações, embora houvesse falta de pedras na região. As construções das paredes eram bem grossas, feitas com tijolos. Uma característica da arquitetura desse povo eram os zigurates — templos com vários andares — que tinham função religiosa, pois os mesopotâmicos acreditavam que serviam de morada para os deuses (terceira ilustração à direita). Tais construções eram feitas com tijolos queimados, usando a sobreposição de plataformas, circundadas por uma escadaria. Ao contrário das pirâmides egípcias, elas não possuíam câmaras internas, servindo apenas como templos religiosos, cujo objetivo era servir de moradia para os deuses, sem nenhuma destinação mortuária. Em geral, o zigurate eram a construção mais alta da cidade e seu símbolo principal.

Presume-se que o zigurate (templo) da Babilônia possa ter sido a Torre de Babel bíblica. É uma pena o fato de poucos zigurates tenham resistido ao tempo. A escultura e a pintura na Mesopotâmia objetivavam decorar os espaços arquitetônicos. Dentre os materiais usados na fabricação artística estavam: argila, terracota, adobe, cerâmica, junco, marfim, ouro, etc.

Exercícios

1. Qual a importância da Mesopotâmia para a humanidade?
2. Por que a arte dos mesopotâmicos foi menos influente que a dos egípcios?
3. Como os reis buscavam se perpetuar através da arte?

Ilustração: 1. Estela da Vitória do Rei Naram-Sin, c. 2270 a.C/ 2. Exército Assírio Sitiando uma Fortaleza, c. 883 – 859 a. C. / 3. Reconstrução em 3D da aparência que teria tido o Zigurate da cidade da Babilônia.

Fontes de pesquisa:
A História da Arte/ E. H. Gombrich
Arte/ Publifolha

Views: 39

14 comentaram em “A ARTE NA MESOPOTÂMIA (Aula nº 11)

  1. Matê Autor do post

    Lu
    A invenção da roda foi algo extraordinário, pois através dela muitas outras surgiram. Essa gente era muito inteligente para a sua época.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Matê

      A invenção da roda teve uma significância imensurável para o caminhar da humanidade. E, como você escreveu, foi responsável por muitas outras criações.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Matê Autor do post

    Lu
    Com um estilo didático cheio de clareza e leveza você vem nos transportando para o mundo da ARTE. Estamos sendo levados ao passado para conhecer e valorizar as obras de várias gerações que vieram antes de nós. O mundo da ARTE representa toda a cultura da humanidade. Parabéns!

    Um abraço!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Matê

      Você é muito generosa em sua avaliação. A arte está mesmo ligada a toda a história da humanidade. Agradeço a sua presença e comentário.

      Abraços,
      Lu

      Responder
  3. Adevaldo Rodrigues

    Lu

    Estou gostando bastante do curso: fiz um arquivo com perguntas e respostas e ficou bom. Mais uma vez parabéns pela iniciativa!

    Sobre a arte da Mesopotâmia foi uma viagem ao tempo pretérito, recordando às raízes do passado, onde surgiram as primeiras civilizações, as organizações sociais e a hierarquia de atividades. Lugar onde apareceu a primeira cidade do mundo e onde começou a formação do Estado, a partir da divisão do trabalho e das hierarquias sociais, passando de uma sociedade comunitária – em função da agricultura – para uma sociedade de classe: faraós, sacerdotes, nobres, comerciantes, camponeses e escravos. O detalhe é que não existia mobilidade social.

    Abraço,

    Devas

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Adevaldo

      É incrível como aquele pedaço de terra entre os rios Tigre e Eufrates foi capaz de dar um passo tão grande no que diz respeito aos caminhos que tomaria a humanidade. Quanto à mobilidade social a sua existência perdura em muitas partes da Terra até hoje, como ainda podemos ver por aqui. Parece-me que os dirigentes sentem uma dificuldade danada em fazer o compartilhamento, ou seria isso uma estratégia de deter o poder?

      Abraços,

      Lu

      Responder
  4. Moacyr Autor do post

    Lu
    Achei muito interessante a informação de que o templo da Babilônia possa ter sido a famosa Torre de Babel bíblica. Realmente tem tudo para ser. Os textos estão ótimos!

    Beijos

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Moacyr

      Também concordo com você, pois a Mesopotâmia agregou diferentes e povos e, consequentemente, diferentes línguas. Os relatos sobre a Torre de Babel falam sobre a diversidade de línguas, não é mesmo? Fico feliz ao saber que está gostando dos textos/aulas.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  5. Marinalva Dias Autor do post

    Lu
    Estou aprendendo muito. Os assuntos são claros e objetivos, à altura do entendimento de qualquer pessoa. Sobre a cultura mesopotâmica, nota-se que a arte está voltada para a religião, os deuses, os astros, as guerras, o além vida, enfim, ao cotidiano daquele povo. Com o acréscimo da cultura de outros povos, a mesopotâmica foi muito enriquecida. Pena que, ao longo do tempo, muita coisa se perdeu. Mesmo assim, aquela gente deixou um legado fabuloso.

    Abraços

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Tenho buscado tornar os assuntos o mais explicado possível, soltando pequenas doses da matéria, para que todos possam acompanhar as aulas. Pelo visto, não têm surgido dúvidas até agora, pois são mais de 350 participantes e ninguém nunca me pediu para tirar qualquer dúvida. Mas me encontro à disposição. Fico feliz ao saber que tem aprendido muito.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  6. Hernando Martins

    Lu

    A Mesopotâmia, região banhada pelos rios Tigre e Eufrates, localizada no Oriente Médio foi o berço da civilização. As construções arquitetônicas da Mesopotâmia não têm a mesma grandiosidade do Império Egípcio, até porque a região era deficiente em rochas utilizadas para construções, sendo preciso trabalhar com materiais disponíveis ali. Utilizaram como elemento básico, principalmente para os templos, o tijolo. Em virtude da falta de resistência do tijolo, a erosão provocada pelo tempo fez com que muitas obras arquitetônicas desmoronassem.

    Assim como os egípcios, os artistas eram induzidos a retratar cenas de guerras para mostrar o poder do rei e inibir os inimigos. Houve muitos trabalhos artísticos para ornamentação dos templos, pois o povo acreditava que os deuses habitavam os andares de seus monumentos. É importante observar que alguns dos deuses adorados eram ligados aos astros. Isso foi muito importante para abrir a mente e direcioná-la para algo brilhante, através da observação, que foi o desenvolvimento da matemática, das técnicas agrícolas, da filosofia, da ciência, da medicina. A criação da roda foi o elemento precursor das carroças e do carro atual.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      A Mesopotâmia foi de grande importante para a evolução da humanidade, pois foi aí que apareceram as civilizações que antecederam as clássicas, ou seja, a grega e a romana. Aí viveram diferentes povos, cada um contribuindo à sua maneira para que a humanidade desse um passo à frente em sua evolução. Fiquei fascinadas com a criação dos zigurates. Não resta dúvida de que a observação é a mola mestra das invenções, criações e descobertas.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  7. Antonio Messias Costa

    Lu

    É bem interessante esta caminhada a passos curtos pela arte, pois possibilita um visão temporal na formação dos povos através de seus valores e temores. Fica claro que a “incógnita” do “pós-mortem” é mais arrefecida com essa mistura paralela dos povos do Oriente próximo, quem sabe um pouco mais evoluída em relação aos egípcios.

    Engraçado, se morria o rei, o séquito ia junto para servi-lo no além túmulo. É difícil não acreditar na roubalheira dos tesouros tanto no túmulo quanto na partilha do que ficou fora dele. A própria visão mais criativa e desenvolvimentista, como narra o texto, evidencia a mudança de valores que se refletiam na arte, infelizmente grande parte dela não chegou à posteridade.

    Abraços

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Antônio

      Mesmo vivendo em pleno século XXI, nós carregamos a mesma preocupação de nossos antepassados do Egito e da Mesopotâmia com o pós-morte, ainda que num outro patamar.

      A pilhagem já existia naquela época. Nem o medo do castigo, muitas vezes resultando na morte do infrator, ou no corte de uma das mãos, foi capaz de impedir o saque aos túmulos. Não foram poucos os tesouros roubados no Egito e na Mesopotâmia. E, como diz um velho ditado, na história humana mudam apenas os personagens, pois tudo continua como dantes no quartel de Abrantes.

      Abraços,

      Lu

      Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *