Autoria de Lu Dias Carvalho
Estou convencido de que dificilmente haverá um pintor entre eles que esgote o seu tema até, precisamente, à última gota amarga, tal como eu o fiz em a Menina Doente. Não era apenas eu próprio que estava lá sentado – eram todos os meus entes queridos. (Edvard Munch)
Edvard Munch perdeu sua irmã Sophie quando essa estava com 15 anos de idade, nove anos após a morte da mãe, ambas vitimadas pela tuberculose. Em sua composição A Criança Doente, que possui outras versões, ele retrata o sofrimento da irmã, prisioneira em seu leito de morte.
A garota doente encontra-se sentada sobre sua cama, recostada numa gigantesca almofada branca, que joga luz no seu rosto pálido. A parte inferior de seu corpo está coberta por uma manta esverdeada. À sua esquerda, está uma mulher visivelmente abatida, e à direita encontra-se uma cômoda com um frasco de remédio sobre ela. Atrás da mulher, as cortinas estão fechadas.
A adolescente está virada em direção à acompanhante, que se encontra ajoelhada a seu lado (ou sentada), e traz a cabeça inclinada para baixo. Ela segura a mão esquerda da garota enferma, não sendo possível enxergar o seu rosto. Um copo com líquido até o meio aparece em primeiro plano, sobre uma pequenina mesa, aos pés da cama, à direita.
Ao ser mostrada na Exposição de Outono, em Christiania (atual Oslo), em 1886, esta composição foi alvo de reações impetuosas e exaltadas. O escândalo protagonizado pela obra nos círculos artísticos advinha do fato de a pintura apresentar contornos desordenados e sinais de trabalhos preparatórios executados pelo pintor, que aludia a seu trabalho como um estudo. Para alguns, ela não passava de “manchas incoerentes de tinta”. Mas o fato é que eles ainda não estavam preparados para compreender a pintura de Munch.
É interessante notar que nenhuma luz externa penetra no quarto. A que aí reside vem da almofada e do rosto da garota.
Ficha técnica
Ano:1885/86
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 119,5 x 118,5 cm
Localização: Nasjonalgalleriet, Oslo, Noruega
Fonte de pesquisa
Munch/ Editora Paisagem
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