Autoria de Lu Dias Carvalho
Ao se casar com a rica Saskia, sobrinha de seu sócio, Rembrandt ascendeu social e artisticamente, tornando-se membro da alta sociedade holandesa, o que possibilitou que sua fama chegasse até a corte de Haia, de onde passou a receber inúmeras encomendas.
Robertus foi o primeiro filho do casal e que viria a falecer meses depois de nascido, apesar do bom nível econômico da família. Cornélia, a segunda filha de Rembrandt e Saskia, morreu antes de completar um ano de vida.
O relacionamento do pintor com os pais da esposa que o acusavam de ter dilapidado o patrimônio da filha, tornou-se insuportável, só cessando quando Rembrandt mostrou que o casal tinha mais bens do que quando se casaram, pois eram grandes colecionadores de obras de arte.
O casal teve uma nova filha, à qual deu o nome da primeira filha morta: Cornélia. Mas, assim como os dois bebês anteriores, ela só viveu poucos meses para tristeza de seus pais. No ano seguinte Saskia deu a luz a Titus, o único a sobreviver até a idade adulta.
Na sua família as coisas não iam bem para o artista, embora tivesse se tornado um dos principais artistas europeus. Saskia, sua jovem esposa, encontrava-se gravemente doente, acometida pela tuberculose, vindo a falecer aos 30 anos de idade.
A governanta Geetje Dircx foi morar com Rembrandt para tomar conta de seu filho Titus, vindo também a tornar-se amante do pintor. Geetje depois o acusou publicamente de descumprir a promessa de casar-se com ela. Embora inocentado, o pintor foi obrigado a pagar-lhe uma quantia anualmente.
Rembrandt iniciou depois uma relação com a camponesa Hendricjke que fora trabalhar em sua casa, mas sem compromisso matrimonial, para não ter que dividir a herança deixada por Saskia. Mesmo assim, além de ser um colecionador voraz, sem muita cautela nas suas escolhas, e também um mau administrador, gastou sua fortuna em aquisições duvidosas, aliado ao fato de que os Países Baixos entraram em crise econômica. Teve que recorrer a empréstimos. Como desgraça pouca é bobagem, Rembrandt foi acusado de concubinato pelo tribunal eclesiástico calvinista. O artista alegou que era menonita.
Hendricjke deu à luz uma menina que também recebeu o nome de Cornélia, como as duas filhas mortas do pintor. Mas a amante morreu de peste bubônica pouco tempo depois. Titus casou-se com a filha de um joalheiro, melhorando a situação da família, porém faleceu vitimado pela peste bubônica, oito meses após o casamento e cinco anos após a morte de Hendricjke, deixando a esposa grávida de uma filha que viria a ser chamada de Titia.
A vida atribulada do pintor parecia não ter fim, pois sua nora Magdalena denunciou-o nos tribunais, alegando que o sogro estaria usando os bens de sua neta para sobreviver. Em defesa de Rembrandt, uma testemunha afirmou que ele só fazia uma refeição diária de pão com queijo ou um arenque.
Somente a morte foi capaz de libertar o pintor de tanto sofrimento. Ele morreu aos 63 anos de idade e — como se a família fosse vítima de uma trama oculta — sua nora Magdalena morreu seis dias depois. Cornélia, filha ilegítima de Rembrandt, e Titia, sua neta, ficaram sós, dependentes da caridade pública. Os tutores das duas meninas entraram numa disputa acirrada pela posse dos poucos quadros deixados pelo pintor.
Fontes de pesquisa
Rembrandt/ Coleção Folha
Rembrandt/ Coleção Girassol
Rembrandt/ Abril Coleções
Tudo sobre Arte/ E. H. Gombrich
Nota:
O quadro Flora, cujo modelo é Saskia, esposa de Rembrandt ilustra o texto.
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