Kano Hideyori – EXCURSÃO A TAKAO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

Esta obra que anuncia o realismo e a simplicidade das gravuras do século XVIII é muito importante, porque marca o advento da pura pintura de gênero na arte japonesa, cuja inspiração vem de cenas e momentos especiais da vida cotidiana. O assunto era totalmente inovador à época.

A cena mostra uma família em excursão a Takao, templo próximo à cidade de Kyoto, famoso pelos jardins cujas cores mudavam-se no outono. O parque encontra-se junto ao rio e a uma ponte arqueada unifica a composição.

Inúmeros e alegres personagens aparecem na cena: mulheres sentadas debaixo de uma árvore floridas – uma delas trazendo um bebê ao seio –, duas crianças brincando, guerreiros passeando e um vendedor de doces e bebidas.

Ficha técnica
Ano: meados do séc. XVI
Autor: Kano Hideyori
Período Muromachi
Dimensões: 148,1 x 362,9 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

Views: 5

Ando Hiroshige – Vista de Shono

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho
  
A composição Vista de Shono é uma xilogravura sobre papel, obra do famoso pintor japonês Ando Hiroshige que era apaixonado pela chuva, como mostram muitos de seus trabalhos, incluindo este. Faz parte das “Cinquenta e Três Estações de Tokaido”, parte do famoso “Caminho do Mar do Oriente”.

Hiroshige apresenta seis personagens numa estrada, açoitados pela chuva que cai. As pessoas apressam o passo para chegarem à aldeia situada no no vale. A composição, apesar de simples, tem um belo colorido, pois o artista conseguiu criar uma atmosfera lírica.

Hiroshige (1797 – 1858) nasceu em Edo. Foi aluno de Utagawa Toyokuni e Utagawa Toyohiro. Atingiu a plenitude de sua arte quando começou a pintar imagens de flores e pássaros, obras que se tornaram muito apreciadas. Desenhou mais de 10.000 temas (sem contar as ilustrações de livros) durante a sua vida.

Ficha técnica
Ano: 1833
Autor: Ando Hiroshige
Período Edo
Dimensões: 27 x 39,5 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

Views: 0

Pietro Bernini – SACRIFÍCIO DE MARCO CURZIO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

Esta estátua equestre, denominada Sacrifício de Marco Curzio e também conhecida como Marco Curzio a Cavalo, encontra-se na Galleria Borghese, em Roma/Itália. O crítico de arte e pintor C. Baglione define o local como “Jardim ou Villa, se quisermos assim chamá-la, na qual se encontra toda sorte de delícias que se possam desejar ou ter na vida, toda adornada de belíssimas estátuas antigas, de pinturas excelentes e de outras preciosidades…”.

A estátua acima se encontra numa das paredes do salão de entrada da galeria.  O cavalo visto em forte galope foi criado por um escultor anônimo que viveu no primeiro ou segundo século de nossa era. Veio depois a receber como adendo o cavaleiro, tarefa que coube ao florentino Pietro Bernini (1562 – 1629), pai do também escultor Gianlorenzo Bernini.

Agregar a uma obra de mais de mil anos uma segunda parte exigia muita criatividade e destreza, pois não se podia quebrar o ritmo da obra quando em sua totalidade, tampouco apagar a sugestão de movimento da peça original. O objetivo era corporificar a lenda de Marcus Curtius (general sabino) – uma alegoria mostrando que o amor à pátria, pode ser mais forte do que o próprio amor à vida.

O cavaleiro solta as rédeas de seu cavalo e faz um gesto de atirar-se com ele em direção ao vazio, conforme narra a lenda de Marcus Curtius, precipitando-se sobre uma depressão a fim de salvar Roma.

Ficha técnica
Arte romana
Ano: Séc. I/II d.C. (cavalo)
Localização: Galleria Borghese, Roma, Itália

Fonte de Pesquisa
Galleria Borghese/ Os Tesouros do Cardeal

Views: 3

O ANTIGO AMOR AOS ANIMAIS

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Marguerite Yourcenar

Durante milênios o homem tem considerado o animal como propriedade sua, só que subsistia um estreito contato entre ambos.

E dizer que o amor aos animais é tão antigo quanto a raça humana. Milhares de testemunhos escritos ou falados, de obras de arte e de gestos visíveis dão prova disso. O campo­nês marroquino, que acaba de saber seu asno condenado à morte, certamente amava sua alimária, pois havia, durante semanas inteiras, derramado óleo de automóvel em suas longas orelhas cobertas de chagas, por julgá-lo mais eficaz, porquanto mais caro, que o óleo de oliva existente em abundância em sua pequena propriedade. A horrível necrose das orelhas apo­drecera aos poucos todo o pobre animal, que já não tinha muito tempo de vida, mas que continuaria sua tarefa até o fim, pois o homem era pobre demais para admitir sacrificá-lo.

Também amava seu cavalo aquele rico avarento que levava a uma consulta grátis com famoso veterinário europeu o belo corcel de pelo grisalho, orgulho de seus dias de fausto, cujo mal se resumia enfim a uma alimentação inadequada. Amava seu cão o rústico português que levava nos braços todas as manhãs seu pastor alemão que partira a anca, para fazer-lhe companhia durante seu longo dia de jardinagem e que ele alimentava com restos de comida.

Amam os pássaros os ve­lhos que vemos nos parques parisienses, alimentando pombos, e a quem criticamos sem razão, pois é graças a esse farfalhar de asas ao seu redor q amava os animais o autor do Eclesiastes, ao perguntar para onde ia a alma dos bichos; 1 Leonardo, libertando os pássaros prisioneiros num mercado de Florença, ou ainda a chinesa que há mil anos, encontrando num canto do pátio uma gaiola enor­me com centenas de pardais (seu médico recomendara comer todos os dias miolos da ave ainda mornos), abre as grandes portas do viveiro, dizendo: “Quem sou eu para me preferir a esses bichinhos?” As opções que temos de tomar a cada ins­tante, outros já tomaram antes de nós.

Nota: texto extraído do livro “O Tempo, Esse Grande Escultor”/ Edit. Nova Fronteira

Imagem copiada de http://renatomanasses.com.br/

 

Views: 0

Géricault – A INSANIDADE MENTAL

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

           

O sensível pintor francês Jean-Louis-André Théodore Géricault (1791 – 1824), filho do advogado e comerciante Georges Nicolas e de Louise Jean-Marie Carruel, foi um dos mais famosos, autênticos e expressivos artistas do estilo romântico em seu início, na França. Sua mãe era uma mulher inteligente e culta. Desde a sua infância Géricault demonstrava interesse pelos desenhos e cavalos. Sua família mudou-se para Paris e sua mãe faleceu quando o garoto tinha apenas dez anos de idade, deixando-lhe uma renda anual. Na capital francesa o futuro artista tornou-se esportista, elegante e educado, frequentando os ambientes mais sofisticados. Embora seu pai não aprovasse a sua opção pela pintura, um tio materno resolveu o impasse, ao chamar o sobrinho para trabalhar com ele no comércio, mas lhe deixando um bom tempo livre para dedicar-se à pintura.

Em seus dois últimos anos de vida (1822/1823) o artista pintou dez telas – estando cinco delas desaparecidas – sob a orientação do psiquiatra social Dr. Georget, no manicômio de Paris/França. Todas trazem a mesma temática: a insanidade mental e uma crítica clara à vida cheia de competições, invejas, buscas pelo falso poder e glórias, quando tudo é tão passageiro.

Os insanos apresentados pelo trabalho de Géricault não são vistos como criaturas bizarras, com esgares grotescos, mas carregam apenas – em maior grau – o comportamento patológico das atitudes humanas tidas como normais, mas que neles se mostram exacerbadas. Não existe a preocupação do pintor em mostrar um estudo científico dos transtornos mentais, seu foco é o drama humano da infelicidade contida na vida das pessoas, principalmente na busca obsessiva pelo falso poder e glórias.

É plausível que a visão do artista fosse ainda muito fraca no que diz respeito à ciência relativa à insanidade mental, numa época em que muito pouco havia sido descoberto. Mesmo assim ele tentou adaptar sua pintura à orientação do psiquiatra Dr. Georget, para quem a loucura era apenas um fenômeno moderno, uma consequência dos avanços sociais. Géricault mostrou apenas as causas visíveis que podem ser responsáveis pelos transtornos mentais: o sacrifício em busca do poder, da fortuna e do prestígio pessoal. Para ele, portanto, o alienado mental era, antes de tudo, uma vítima de si mesmo, ao não conter os ídolos tão exigentes e obsessivos que traz em si: riqueza, poder, prestígio e glorificação.

Os retratos acima, feitos dentro de uma perspectiva realística, ainda assim não isentos de compaixão e solidariedade apresentam:

  • Alienada Monomaníaca pelo Jogo
  • Alienado Afetado de Cleptomania
  • Alienada Monomaníaca pela Inveja
  • Alienado Monomaníaco pela Glória Militar

Ficha técnica

  • 77 x 64 cm/ Museu do Louvre, França, Paris
  • 60 x 50 cm/ Museu de Belas Artes, Gand, França
  • 72 x 58 cm/ Museu de Belas Artes, Lion, França
  • 86 x 65 cm/ Museu Kunst, Winterthur, Suíça

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Views: 11

OS ANIMAIS E A CRUELDADE HUMANA

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Marguerite Yourcenar

Quem sabe se o sopro de vida dos filhos dos homens se eleva para o alto, e o sopro de vida dos brutos desce para a terra? (Eclesiastes, III, 21)

Narra um conto das Mil e Uma Noites que a Terra e os animais tremeram no dia em que Deus criou o homem. Esta visão admirável de poeta adquire um significado total para nós, que sabemos, bem melhor que o contista árabe da Idade Mé­dia, quanto a Terra e os animais tinham razão em tremer.

Quando deparo um rebanho ou alimárias no campo, belo es­petáculo que em todos os tempos os pintores e poetas cultiva­ram como “idílio”, cada vez mais raro, infelizmente, em nosso mundo ocidental; quando me ocorre mesmo ver galinhas cis­cando ainda em liberdade num terreiro de fazenda, vem-me logo o pensamento de que esses animais, sacrificados ao ape­tite do homem ou usados a seu serviço, irão morrer um dia “de mala morte”: sangrados, abatidos, esganados, ou, segundo antigo costume, quando se trata de cavalos que não se enviam às boucheries chevalines*, sacrificados a tiros no mais das ve­zes imprecisos, que quase nunca significam um verdadeiro “golpe de misericórdia”; ou abandonados nas solidões da ser­ra, como é costume até hoje entre os agricultores da Madeira; ou ainda (em que país foi que me contaram este fato?) força­dos à ponta de aguilhão a se precipitarem nos abismos onde morrerão reduzidos a frangalhos.

 Ocorre-me pensar também nesse momento, que talvez du­rante meses ou anos ainda, esses animais irão viver ao ar livre, em pleno sol ou em plena noite, não raro maltratados, mas bem tratados, às vezes perfazendo normalmente os ciclos de sua existência animal, tal como nos resignamos a cumprir os ciclos de nossa própria vida.

Essa relativa “normalidade” já não é tão comum entre nós, onde uma pavorosa superprodução (que ao fim também avilta e mata o homem) faz dos animais produtos fabricados em série, que vivem sua pobre e curta existência (é preciso que os granjeiros recuperem seus gastos o mais cedo possível) no insuportável clarão das lâmpadas elé­tricas, atulhados de hormônios cujos perigos sua carne nos irá transmitir, pondo ovos e “sujando em cima deles” (como diziam antigamente as enfermeiras e as amas-de-leite), privados, no caso das aves confinadas, até dos bicos e das garras que, nessa horrível vida de pacotes, fariam voltar contra suas companhei­ras de miséria; ou ainda, como ocorre com os bons cavalos da Guarda Republicana, velhos e cansados, condenados a ago­nizar, às vezes durante dois anos, num estábulo do Instituto Pasteur, tendo por única distração serem sangrados todos os dias, para afinal sucumbirem exangues, andrajos equestres vítimas dos nossos progressos imunológicos, enquanto os próprios soldados da Guarda se mortificam: “Preferíamos que fossem mandados de vez ao matadouro!”

 É certo que quase todos nós já fizemos uso de vacinas, sonhando com essa época em que tais progressos médicos pas­sarão de moda, como já passaram tantos outros; a maior parte das pessoas come carne, mas algumas se recusam a isto, e pen­sam, com leve ironia, em todas as adversidades do pavor e da agonia, em todas as células gastas de um ciclo nutritivo que chega a seu fim nas mandíbulas desses devoradores de bifes.

* Açougues onde se vende carne de cavalo na França. (N. do T.)

Nota: texto extraído do livro “O Tempo, Esse Grande Escultor”/ Edit. Nova Fronteira

Imagem copiada de https://www.historiasinfantis.com.br

Views: 0