Autoria de Lu Dias Carvalho
O Império Britânico continuava explorando as riquezas da Índia. Até o sal indiano só podia ser vendido depois que o império recebesse os tributos inerentes a ele. Em 1930, Gandhi resolveu confrontar o poderio daquele império, ao pegar o sal de seu país, antes que os impostos fossem recolhidos, o que caracterizava uma forma de roubo aos olhos da metrópole.
O gesto de Gandhi, vestindo sua túnica alva, em meio à imensidão das brancas salinas e tendo às costas seus companheiros de luta, também de branco, captado pelas lentes, rodou o mundo todo, através da mídia da época, como se fosse o pequeno desafiando o gigante, o fraco provocando o forte. Aquela imagem ganhou a simpatia do mundo para a causa indiana.
Contudo, revela o escritor Jad Adams em seu livro Gandhi, Ambição Nua, que tal foto foi “uma criação por parte dos jornalistas, produtores de filmes e biógrafos aduladores”. O local, segundo ele, onde Gandhi recolheu um pouco de sal, tratava-se de uma praia lamosa, onde nem era possível divisar o sal. Portanto, a imagem que vemos acima trata-se de uma encenação para a mídia, uma vez que a cena original não fora fotografada. Mas o que importa mesmo foi o gesto de Gandhi.
É sabido que os camponeses da época apanhavam constantemente o sal sem que, por isso, fossem punidos. Então, por que o ato de Gandhi foi tão importante? O pacificador anunciou publicamente que faria uma caminhada de vinte e quatro dias para pegar sal, afrontando as proibições do Império Britânico. A importância de sua ação não estava na infração da lei, mas no longo tempo em que esteve na mídia, que cobria todos os seus passos, espalhando sua causa pelo mundo. O sal, usado como motivo de desobediência, tornou-se um símbolo de sua luta. Gandhi tinha plena consciência do poder de sua imagem e, por isso, usava-a para ganhar a simpatia do mundo.
Fonte de pesquisa:
Gandhi, Ambição Nua/ Jad Adams
Views: 0