Autoria de Lu Dias Carvalho
Os princípios da arte, quer se trate de poesia ou de pintura, têm sua origem no intelecto. (Joshua Reynolds)
O pintor inglês Joshua Reynolds (1723-1740) era filho do reverendo Samuel Reynolds. Seu pai almejava que ele fosse médico, mas o garoto, já aos oito anos de idade, mostrava sua forte propensão pela arte, reproduzindo pinturas e gravuras. Ao tomar conhecimento do “Ensaio sobre a Teoria da Pintura”, anos depois, viu que ser pintor era o que desejava. Prometeu ao pai que seria um pintor de talento.
Reynolds foi para Londres aos 17 anos de idade, onde estudou com Thomas Hudson, um retratista conservador, ficando com o mestre por um período de dois anos e meio, trabalhando com técnica e composição, sem agregar novos conhecimentos a seus estudos. Ao voltar para a sua cidade natal, Devonshire, o artista passou a visitar Londres com frequência, onde tomou conhecimento dos retratos do escocês Ramsay, que se atinha à variação cromática das superfícies e gostava de mudar sempre a posição dos retratados. Reynolds sempre instruía seus colaboradores (a pintura inglesa do século XVIII trabalhava com ajudantes), que ficavam com as paisagens e panejamentos, enquanto ele fazia os desenhos, pintava rostos e mãos da figura e retocava o que fosse necessário. E foi esse tipo de colaboração que permitiu a Reynolds pintar mais de uma centena e meia de retratos por ano, embora ele achasse que a superioridade da arte pictórica encontrava-se na pintura histórica, aguardando seu reaparecimento na Inglaterra. Enquanto isso, ele pintava retratos.
O artista, a convite do Comodoro Augustus Keppel, fez uma visita à Itália, sofrendo um acidente em Minorca, responsável por deixar uma cicatriz nos seus lábios. Ali ficou durante cinco meses, antes de chegar a Roma, onde estudou a obra de Michelangelo e Rafael. Em outras cidades italianas conheceu o trabalho de Guido Reni, Ticiano, Tintoretto e Veronese. Ele acreditava que os grandes mestres da Renascença italiana — Rafael, Michelangelo, Corregio e Ticiano — eram o que havia de melhor na verdadeira arte.
Ao voltar à Inglaterra, passou a morar definitivamente em Londres, produzindo quadros para a elite. Apesar de criá-los em séries, sua capacidade inventiva não permitia que fossem iguais. Eximidos de qualquer forma de sentimento, ele os criava totalmente impessoais. Sua equipe trabalhava tanto, que chegava a produzir nove décimos da feitura da obra. Para o artista, a criação era mais importante do que a execução. Cobrava por suas obras preços exorbitantes, e ainda ganhava muitos presentes caros. Achava que somente o suntuoso e impressivo merecia receber o nome de “grande” arte. Para alguns críticos, “ele eram melhor teórico do que realizador”, sendo que sua capacidade intelectual sobressaía mais do que seu talento criativo. Veio a tornar-se um grande admirador da obra de Peter Paul Rubens, tanto pela intensidade das cores quanto pela inspiração renascentista e soluções barrocas.
Joshua Reynolds tinha predileção pelos ambientes requintados. Era sempre frequente nos meios literários e culturais. Contudo, sua vida privada era impenetrável. Antes de completar 60 anos, passou a sentir o enfraquecimento de sua visão. E três anos depois teve que paralisar seu trabalho, estando também a audição a falhar. A quase cegueira levou-o a distanciar-se dos salões aristocráticos de que tanto gostava. Faleceu aos 69 anos, sendo enterrado na Catedral de São Paulo. Isso comprova a sua importância como pintor paparicado pelos nobres e poderosos. Deixou, pelo menos, 43 autorretratos. Tornou-se um dos mais renomados pintores da arte britânica.
Fontes de pesquisa
Reynolds/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia
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