Arquivo da categoria: Crônicas

Abrangem os mais diversos assuntos.

NOSSO PLANETA TERRA

Autoria de Lu Dias Carvalho

terra

Se o aumento da temperatura que prevejo, de 6 a 8 graus centígrados, se produzir, a civilização poderá ser ameaçada: teremos uma extinção em massa de espécies e a agricultura se tornará impossível em boa parte da superfície do planeta. O alimento será insuficiente, haverá migrações de populações inteiras, conflitos, a humanidade se concentrará ao redor das regiões polares… (James Lovelock, cientista britânico)

O Protocolo de Kyoto é como os acordos de Munique que vivi na minha juventude. O mundo inteiro percebe o perigo que se aproxima e os políticos pronunciam belas frases e fazem de conta que estão fazendo alguma coisa. (James Lovelock)

A vegetação são os pelos da Terra; os rios, as veias que necessitam estar sempre desentupidas e limpas; o mar, o pulmão por onde exerce a expiração: vazante e quando maré cheia: inspiração. Os mangues e pântanos, geradores de milhões de seres. (…) Ela é um lindo ser vivo colorido e extremamente generoso que, com apenas uma sementinha, dá-nos de graça um monte de alimentos que nem damos conta de comer sozinhos. Só temos de agradecer sempre a sua beleza e bondade! (Lilana Lima)

O homem possui pouco conhecimento sobre a história de seu planeta, como se a vida aqui fosse “ad eternum”, ou como se pensasse em relação às gerações que estão por vir, que o problema é delas. Pesquisei fatos curiosos sobre a nossa amada Terra:

  • Em 20000 a.C. toda a humanidade vivia num continente maciço. As temperaturas eram muito baixas, havendo uma grande extensão de geleiras, por toda parte do planeta.
  • Os oceanos tinham níveis baixíssimos de água. E se existisse a cidade do Rio de Janeiro naquela época, a grande maioria de seus habitantes não conheceria o mar, tamanha seria a distância.
  • A partir de 15000  a.C., os verões e outonos começaram a ser mais quentes, ainda que de forma gradativa.
  • Entre 12000  a.C. a 9000  a.C., o degelo deu uma grande guinada, fazendo subir o nível dos mares.
  • No ano de 8000 a.C. a elevação dos mares tinha subido até 140 metros, transformando aquele continente maciço num mosaico. Sendo o continente australiano o mais alterado, pois, por ser o mais plano, perdeu 1/7 de suas terras secas. Segundo o historiador Geoffrey Blainey (de Uma Breve História do Mundo), esse acontecimento foi o mais extraordinário na história humana, nos últimos 100 mil anos, mais do que a ida do homem à Lua, ou o somatório de todos os eventos do século XX. Em função da grande transformação que se deu e em relação à explosão populacional, pois o clima se tornou ameno, favorecendo enormemente a agricultura.

Até o final do século XX ainda predominou a ideia de que a Floresta Amazônica continuava, praticamente virgem, diante de tantas mudanças ocorridas no planeta, por ser densa e impenetrável. Infelizmente, essa crença não demorou a ser desmistificada. Vemos que o Pulmão do Mundo, aceleradamente, vai sendo destruído em seus alvéolos, entra governo e sai governo. Sendo seus dois maiores problemas as queimadas e os desmatamentos, o que coloca o nosso país no patamar do 16º poluidor do mundo e o 4º em relação à devastação ambiental.

É público e notório que a temperatura da Terra está subindo e o homem é o maior responsável, em razão da velocidade com que a atividade humana vem atuando nessa mudança. O acúmulo dos gases começou no século XVIII com o advento da Revolução Industrial.

Imaginemos a temperatura do planeta subindo 4 graus até 2100.  Pesquisas mostram que a vida humana em sociedade, só é possível até 45º. Basta que voltemos no tempo e vejamos o que aconteceu com a Terra (pesquisas mostram que em 650 000 anos foram identificados, pelo menos, 4 períodos de aquecimento de nosso planeta) .

Se nada for feito, possivelmente, as futuras gerações terão não mais mosaicos, mas um quebra-cabeça de ínfimas partes compondo as terras secas do planeta, num cenário catastrófico.

 Nota: Citações e imagem copiadas da revista Oásis

Views: 2

MEU PAI – UM EXEMPLO DE VIDA

Autoria de Luiz Cruz

cruz1

Meu pai, Antônio Faustino da Cruz, ou Antonio Joanito, como era conhecido pelos velhos amigos, nasceu em 1919, em Tiradentes, e faleceu no dia 5 de julho de 2014, em São João del Rei. Foi uma das figuras mais queridas de Tiradentes, em sua história contemporânea, testemunho de diversos fatos e da revitalização da cidade. Dono de memória privilegiada, conhecia cada família local e também do povoado de Bichinho, onde tinha muitos amigos. Gostava de anotar tudo, com letra desenhada e traço impecável. Tinha o hábito da leitura diária. Trabalhou como vendedor, barbeiro, servente, carteiro. Foi enfermeiro prático, voluntário, e, através dessa atividade, salvou muitas vidas.

Na tenra idade de cinco anos, ele vendeu pastel no cinema e teatro, atualmente Museu Casa Padre Toledo, circulando com um pequeno balaio, antes e durante as sessões. Não conhecia os números, mas recebia ajuda para lidar com o dinheiro. O ganho era revertido para a família numerosa. Aos seis anos, tornou-se coroinha, ajudando nas missas. Acompanhou o padre José Bernardino em muitas jornadas, tanto na zona urbana de Tiradentes quanto na rural. O transporte usado era o cavalo da paróquia, denominado Aventureiro. Ia à garupa. Tornou-se sineiro da Matriz de Santo Antônio. Trabalhou no Hotel São José, onde muitos dos hóspedes eram tuberculosos que vinham se tratar no Balneário de Águas Santas. Com a transferência do hotel para São João del Rei, ele o acompanhou. Ali, trabalhou como entregador de mantimentos e servente de pedreiro, juntamente com seu pai, Joanito. Os dois iam e voltavam a pé.

Aos doze anos, meu pai foi enviado à Barbacena para fazer um curso de auxiliar de enfermagem e, ao retornar, assumiu a antiga função de cuidar dos enfermos de Tiradentes e do povoado de Bichinho. Circulava por todos os cantos a pé ou de bicicleta, aplicando injeção e ministrando outros medicamentos, após seu trabalho. Aprendeu o ofício de barbeiro e teve um salão durante longos anos. Cuidava dos presos da Antiga Cadeia de Tiradentes, barbeando-os e lhes aplicando medicação, quando necessário. Foi tentar a vida no Rio de Janeiro, onde teve dificuldade para encontrar trabalho. Tornou-se vendedor de doces. Ao retornar, continuou com suas atividades anteriores, tanto em Tiradentes quanto em Bichinho. E, ao cuidar do senhor Vicente José da Costa, o Vicente Firmino, quando doente, e o visitar durante bom tempo, acabou se casando com sua filha mais velha, Antônia Augusta, a Dona Nica. O casal teve doze filhos, dos quais sobreviveram dez. Moraram em diversos locais até comprar uma casa na Rua Direita, onde nasceram alguns filhos e a família vive há mais de meio século. Enquanto os filhos dormiam, o casal tecia colares e pulseiras em prata, trabalhando até a exaustão, o que rendia um complemento orçamentário para a família.

Meu pai tornou-se funcionário dos Correios e Telégrafos, fazendo o serviço sozinho, recebendo e entregando a mala diariamente na estação. Tudo chegava e saia via trem. Entregava as correspondências e tinha cuidado especial com os telegramas. Entrou na política e foi eleito vice-prefeito, experiência partidária ímpar em sua vida. Ao se aposentar dos correios, reabriu seu salão de barbearia, onde ainda trabalhou vários anos. Paralelamente, fazia colchetes (fechos) para pulseiras e colares e também bolinhas para os terços. Adorava futebol, não perdendo uma partida do Aimorés Futebol Clube ou do Grêmio Esportivo, times rivais. Foi fidelíssimo aos amigos. Era chamado pela comunidade de Vitoriano Veloso como “o médico do Bichinho”. Tanto lá quanto em Tiradentes fez diversos partos. Além da saúde física, também cuidava da espiritualidade. Preparou muitos enfermos para a passagem desta para a outra vida. Concedeu extrema-unção. Banhou e barbeou defuntos. Muitas vezes foi a pé a São João del Rei comprar um caixão, trazendo-o nas costas, para fazer um enterro, propiciando um mínimo de dignidade a muitos conterrâneos.

Em sua casa, na Rua Direita, meu pai teve uma farmácia. Distribuía remédios aos doentes. Comprava grandes vidros de comprimidos atendendo aos que o procuravam, dia e noite, pedindo socorro e medicamento. Tornou-se Ministro Extraordinário da Eucaristia, levando a comunhão aos enfermos, bem como a palavra de Fé e Esperança. Participou de quase todos os Jubileus da Santíssima Trindade, ajudando a coletar as intenções das missas, apresentando-as ao iniciar as celebrações. Anualmente, ele preparava os santos protetores do ano, com sua bela caligrafia, e os distribuía nas primeiras missas de cada ano. Ao final das missas, de que participava, puxava a sua oração preferida: Alma de Cristo.

O dia que meu pai considerava mais importante era o de Corpus Christi. Para celebrá-lo, colocava seu terno branco e se revestia de alegria. Passava o ano todo picando papel branco para enfeitar a rua para a procissão do “Corpo de Deus”, celebração que considerava ser o evento mais importante da Igreja Católica. Devoto fervoroso de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, tinha sua imagem em frente a sua cama. Diariamente, rezava três terços. Foi ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida muitas vezes, de onde sempre trazia uma imagem sacra diferente. Gostava de receber visitas e apresentar aos turistas o seu quarto, com seus quadros de santos e imagens. Circulava por lugares inusitados, onde havia amigos. Adorava contar os casos antigos de Tiradentes aos visitantes. No seio de sua família, soube trilhar o cotidiano, utilizando seu sentido mais refinado, a audição. Ouviu cada um com seus problemas. Sempre teve uma palavra e uma oração para ajudar. Nunca deu ordem, apenas orientou e ofereceu seus ombros para o consolo.

Meu pai sempre foi um homem doente. Passou por diversas cirurgias. Sentia prazer em circular pelos quartos do hospital, visitando e rezando com os enfermos. Preparou-se para partir! Em sua última noite no Hospital Nossa Senhora das Mercês dizia que tinha uma viagem marcada. Arrancou os equipamentos e queria se levantar para a viagem. Após orações, acalmou-se. Dormiu e acordou melhor, tomou café, conversou. Depois passou mal, teve duas paradas cardiorrespiratórias e partiu. Iria completar noventa e cinco anos. Teve uma vida longa, com uma vasta história. Como um dos muitos exemplos deixados por ele, a solidariedade humana é, sem dúvida, o mais forte. Ele foi solidário a muitas pessoas e famílias nos momentos de tristeza e de dor. Soube, como poucos, amenizar o sofrimento físico e levar o conforto espiritual, através da palavra de Deus.

Adeus, meu saudoso pai! Seu exemplo é a maior herança deixada para seus filhos.

Views: 48

O CRISTIANISMO NOS DIAS DE HOJE

Autoria de Lu Dias Carvalho

crisred

O cristianismo representa o conjunto das religiões cristãs, ou seja, aquelas que são baseadas nos ensinamentos, na pessoa e na vida de Jesus Cristo. Portanto, cristão é todo aquele que professa o cristianismo e acredita que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que se tornou homem e morreu na cruz para remir a humanidade de seus pecados.

A religião cristã divide-se em três ramos principais: Catolicismo, a Ortodoxia Oriental (que se separou do catolicismo em 1054) e o Protestantismo (que surgiu no século XIV com a Reforma Protestante). O Protestantismo, por sua vez, subdivide-se em outros grupos, chamados de denominações. As diferenças entre as três vertentes do Cristianismo encontram-se na forma de como elas interpretam certos pontos da religião, embora partilhem de muitos pontos comuns. O mesmo acontece com as denominações protestantes, que divergem em certos pontos da interpretação da Bíblia (livro sagrado para todo cristão) e, muitas vezes significam apenas a criação de uma nova igreja. O Cristianismo é a religião do mundo que conta com o maior número de seguidores.

Os Evangelhos (os primeiros quatro livros do Novo Testamento) podem ser divididos em cinco partes: os atos da vida do Cristo, os milagres, as predições, as palavras que fundamentam os dogmas do cristianismo e o ensino moral. De que parte dos Evangelhos mais precisa o mundo nos dias de hoje? Qual deve ser vista com mais afinco? Em que tecla mais se deve bater? Não resta dúvida de que seja o ensino moral, responsável pela reforma interior que cada cristão deverá fazer de si. A humanidade nos dias atuais possui palavras de mais e boas ações de menos, pois os ensinamentos morais, embutidos numa grande massa de narrativas, passam muitas vezes despercebidos aos fiéis, cuja maioria carrega apenas o rótulo, sem nenhuma vivência cristã.

Perdem tempo as religiões cristãs, disputando quem detém a verdade absoluta. Pretensão ingênua e descabida. Qual delas pode se arvorar em árbitro supremo da verdade? Melhor seria que gastassem o tempo mostrando a seus adeptos como se transformar em pessoas melhores para si e para o planeta, pois os preceitos morais estão em decadência no mundo em que vivemos, e a maioria dos ditos cristãos levam em conta apenas os rituais. É preciso resgatar os ensinamentos de Cristo sobre a compaixão, a tolerância e a comunhão entre os homens, enquanto existem caminhos possíveis de serem trilhados.

Os sofomaníacos e os presunçosos do Cristianismo, existentes nos três ramos, precisam ter humildade para admitir que nem tudo sabem e que não possuem todas as respostas, mas que podem caminhar juntos, dentro de uma visão ecumênica, de modo a ajudar a salvar a humanidade de seu egocentrismo e, em consequência, o planeta Terra.  Não é possível falar de fé a uma pessoa faminta, pois o corpo físico ignora a mente para sobreviver. Também não é possível falar de salvação em “outra vida”, quando o egoísmo e a ganância dizimam homens e mulheres e, em consequência, esfacelam as relações humanas e o planeta, sem dó ou piedade.

As divisões e subdivisões do Cristianismo aconteceram em razão de diferentes opiniões. E o que é “opinião”? Responde o nosso Aurélio: “Forma de assentimento (2) objetiva e subjetivamente insuficiente já que é dado a conhecimentos reconhecidos como duvidosos”. Toda opinião é pessoal. Toda pessoa é passível de erro. Logo, toda opinião pode ser verdadeira ou falsa, carecendo sempre de confirmação. De modo que é lamentável ver a colcha de retalhos em que se transformou o Cristianismo. Seus galhos trabalham muito mais com as divergências do que com as concordâncias e valem-se das dissensões, e até as procuram, para se manterem separados do grande tronco. Ignoram o exemplo de seu Mestre Jesus que sempre buscou a unidade.

Se amássemos o próximo como a nós mesmos, todas as religiões estariam mortas.

Nota: Imagem copiada de http://taikotdb.blogspot.com.br

Views: 18

EXISTE LIVRE-ARBÍTRIO?

Autoria de Lu Dias Carvalho

cerebro 

Nossas decisões são programadas automaticamente a partir do que trazemos em nossa carga genética e das experiências de vida que tivemos. Quando uma questão chega à nossa consciência, ela já havia sido previamente decidida em uma parte de nossa mente a que não tivemos acesso. (Michael Gazzaniga)

Você pode pensar que fez escolhas, mas sua decisão tanto de ler este texto quanto de comer ovos ou pão no café da manhã foi tomada bem antes de você pensar sobre isso. (Jerry Coyne)

Os que creem na liberdade de escolha aprendem a lidar melhor com as próprias emoções e são mais caridosos. (Thomas Nadelhoffer)

O risco, quando não se crê na liberdade de escolha, está na punição, ao produzir uma obediência externa, mas não uma consciência ética interna, reflexiva. (Ranato Janine Ribeiro)

Essa não! Eu que pensava ser dona absoluta das minhas ações e agora vem a dona neurociência dizer-me que não é bem assim, que nenhuma escolha é livre e consciente e, portanto, não existe livre-arbítrio. Estou embasbacada! Quer dizer então que o meu cérebro é o senhor absoluto das minhas vontades, ou melhor, das vontades dele. E pior, ele me engana todo o tempo, de modo que penso estar tomando decisões, fazendo escolhas, quando na verdade ele já as tomou automaticamente, sem a minha permissão. E ainda me dizem por aí que sou responsável pelas minhas ações.

Segundo o neurocientista Michael Gazzaniga, professor da Universidade da Califórnia, apoiado por uma ala de colegas, “o hemisfério esquerdo de nosso cérebro é o responsável por trazer significados às nossas experiências, memórias e fragmentos de informação e, inclusive, às nossas decisões”, criando explicações para tudo que nos acontece, mas a função de deliberação cabe ao hemisfério direito de nosso cérebro, “onde estão gravadas as informações genéticas e de vivências anteriores, sendo a escolha feita por base em padrões já existentes”. É demais!

O nosso hemisfério esquerdo, responsável por dar sentido ao que fazemos, também é um manipulador. Quantas vezes já compramos algo de que não necessitamos, mas uma desculpa qualquer acalma a nossa aflição de estar gastando desnecessariamente. Seria a razão ou nosso cérebro espertíssimo? Quer dizer que, quando nasci, minha massa cinzenta já estava toda programada, geneticamente falando? Ou que trago uma programação daquilo que viveram várias gerações de meus antepassados, além de plagiar o comportamento de meus genitores e de outras pessoas ligadas a mim, como bagagem para minhas escolhas? Quer dizer que eu já tinha um computador, antes de comprar o meu notebook? Confesso que estou ficando abilolada.

E eu, que sempre lutei para fazer tudo com o máximo de consciência, medindo e remedindo minhas ações, refletindo sobre minhas decisões e coisa e tal, e agora a neurociência vem me dizer que “O cérebro guia o comportamento de maneira conveniente. Não importa se a consciência está envolvida na tomada de decisão. E na maior parte do tempo, ela não está.”. Ou seja, meu cérebro sabe o porquê de ter tomado essa ou aquela decisão, enquanto eu fico boiando na minha santa ignorância. Eu cá tentando me explicar e o danadinho rindo de mim, por cima.

Calma meu caro leitor, nem todo neurocientista está de acordo com o fato de não termos o livre-arbítrio, alegando que muitas experiências e estudos ainda precisam ser feitos. Assim, Santo Agostinho, que foi o primeiro a propagar o livre-arbítrio, defendendo que Deus criou o homem livre, com direito às suas próprias escolhas, continua em alta. E isso para o bem da vida humana. Imagine o leitor, se de uma hora para outra, ficasse realmente provado que o homem é teleguiado pelo cérebro e, portanto, incapaz de fazer escolhas… Haveria um tsunami na vida da humanidade. As religiões naufragariam sem o chamado “pecado”. As leis tornar-se-iam inviáveis. A justiça estaria totalmente desfocada. As pessoas não se sentiriam responsáveis por suas ações. Haveria apenas vítimas. Em lugar de cadeias, haveria apenas clínicas de tratamento, pois os indivíduos não responderiam por suas ações, sendo vistos como doentes, reféns do próprio cérebro.

O pesquisador da neurociência, Michael Gazzanig, responsável pela crença de que o livre-arbítrio não existe, alivia minhas preocupações:

– Embora nossa consciência não esteja no comando como pensávamos, nosso cérebro automático é capaz de aprender regras sociais. Inclusive, elas ajudam a criar as experiências que vão proporcionar as nossas decisões futuras, mesmo que elas sejam automáticas.

Ah! Ainda bem!

Fonte de pesquisa:
Revista Galileu/ Abril de 2013

Nota: Imagem copiada de tribunadonorte.com.br

Views: 0

DIVERGÊNCIAS E MÍDIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

vermen

É indiscutível que as pessoas diferem em suas habilidades e capacidades. Contudo, não se pode aceitar que elas divirjam quanto à ética, que jamais se contrapõe à diversidade de opinião. Não nos enganemos com aqueles que a ignoram, tomando por base a justificativa de que não existe a imparcialidade, pois mesmo a parcialidade é aceita pela ética, quando é parte sadia de um todo.

Tomemos como exemplo um julgamento no STF, em que não haja unanimidade na votação, ou um pleito eleitoral, quando a totalidade da população divide-se, não igualitariamente, e elege um candidato. Em ambos os casos não houve falta de ética. A parcialidade é danosa, quando não julga ou não opina com isenção e, mesmo consciente da injustiça praticada, dá trelas à malévola intenção, cujo resultado, ainda que iníquo, traz vantagens a terceiros.

Não é a conformidade ou a similaridade de opinião que torna a mídia imparcial. Mas sim, a consciência ética de que se está lidando, o mais perto possível, com a verdade. Ou o sentimento de se ter passado o mais correto para o seu público, oferecendo-lhe caminhos para fazer a sua própria escolha. Ou a certeza de não se ter trabalhado com meios escusos, traiçoeiros e mesquinhos, de modo a prejudicar outrem, propositadamente. A imparcialidade está na busca da verdade, mesmo quando as visões são antagônicas. Até que, a posteriori, seja encontrado um denominador comum. À mídia cabe dar igualdade de tratamento à busca da verdade. O que implicará num resultado final equânime. A mídia, grande poder existente dentro do país, deve dar o bom exemplo, para que outros órgãos sigam-na.

 As divergências podem e devem coexistir. Enriquecem o debate, democratizam o país. O que não se pode esperar é que uma ou outra corrente abra mão da ética, pois o interesse não pode, em função de sua paixão, transformar em verdade aquilo em que lhe é vantajoso acreditar, afirmar, induzir, convencer, quer lhe traga vantagem pessoal ou a pequenos grupos. Quando se trata do interesse coletivo, principalmente, as variações de opinião não podem ficar submissas às variações do favorecimento próprio. E é exatamente isso que não podemos esperar da mídia.

Nota: Imagem copiada de http://jaelmattos.blogspot.com.br

Views: 0

CRACK: FISSURA E TUIM

Autoria de Lu Dias Carvalho

evol

O Aurélio define o crack como uma “Substância sólida, cristalina, obtida pelo tratamento de um sal de cocaína, ou de pasta impura que o contém, com bicarbonato de sódio. Essa droga, tóxica e ilegal, pode ser fumada, o que intensifica a ação do princípio ativo, que é a cocaína, com os seus efeitos danosos à saúde, e a ânsia por drogar-se novamente.”.

O crack é hoje a droga mais danosa, e vem penetrando com avidez em todas as classes sociais, produzindo uma legião de mortos-vivos. A sua investida em todos os patamares da pirâmide social brasileira tem preocupado o governo e autoridades no assunto. Muitos pais ainda não percebem o que acontece com os filhos, embora haja uma epidemia no Brasil (e no mundo), que ultrapassa todas as condições socioeconômicas. Hoje é totalmente falsa a ideia de que os usuários de crack são pessoas pobres. Na verdade, é o crack que os empobrece e marginaliza. Psiquiatras e especialistas em dependência química relatam que recebem em suas clínicas pessoas das mais diversas profissões.

A família, ao perceber os primeiros sinais de que o filho está usando crack, precisa tomar medidas, mesmo que dolorosas. Não tomar uma atitude só agrava a situação que, com o correr dos dias, vai se tornando insustentável para o usuário do crack e para aqueles que o rodeiam. Transformando  o usuário num caso crônico e a vida dos que o rodeiam num inferno.

O mais trágico é que, com a vida corrida que os pais levam, parecendo ter perdido as rédeas da existência, a descoberta de que os filhos usam drogas só é notada depois de muito tempo. O mais desolador é descobrir que meninos e meninas, antes mesmo de entrarem na puberdade, já estão se transformando em usuários em potencial. Ainda acontece que certos pais, inocentes ou irresponsáveis, creditam o fato à difícil fase da adolescência e, que, passada tal fase, tudo voltará ao normal.

A inobservância dos pais em relação às mudanças operadas nos filhos traz consequências desastrosas, pois quanto mais cedo eles descobrirem as causas, mais fácil será a correção, rompendo o vínculo com a droga. É preciso que estejam cientes de que a dependência é uma doença crônica, e busquem por ajuda. Para a OMS (Organização Mundial da Saúde) a dependência química é uma doença grave, que não tem cura, e não há remédios, portanto, que evitem recaídas. Daí a necessidade de que os doentes tenham acompanhamento constante de profissionais no assunto e, especialmente, contem com a ajuda da família. Segundo especialistas no ramo, a internação numa clínica, recurso extremo, só deve ser levado em conta, quando todas as outras formas de luta falharem.

Outra faceta preocupante no uso de drogas ilícitas, dentre elas o crack, é que os usuários novos “no pedaço” trabalham com a convicção de que podem abrir mão delas, sempre que assim o quiserem. Ledo engano! Não existe um método capaz de apontar os indivíduos que se tornarão dependentes ou não de tais drogas. A coisa funciona como uma roleta russa. Usar drogas como saída para as frustrações é acrescentar mais sofrimento à própria vida, numa escalada ascendente.

O crack é campeão no ranking das drogas não liberadas, batendo a maconha, as drogas sintéticas e a cocaína. Hoje, as internações em decorrência do uso do crack correspondem a quase 100% dos viciados. E, para muitos estudiosos, é a droga que vicia em menos tempo e que mais rapidamente destroça seu usuário. Por causa da alta combinação de efeitos maléficos, tais usuários têm uma expectativa de vida bem reduzida. Portanto, o combate ao crack deve ganhar prioridade, pois age diferentemente de todas as drogas até então conhecidas, comungam as autoridades mundiais.

Mas, que estratégia foi usada para que tal erva daninha se disseminasse tanto? A maldita “venda casada” que pode ser resumida assim: à medida que o crack foi chegando às mãos dos traficantes, esses passaram a só vender a maconha, se os usuários comprassem junto pedras de crack. Por ser bem mais barata e produzir um “barato” rapidamente, os jovens foram deixando a maconha de lado, optando pelas pedras.

A rapidez com que o crack mata seu usuário poderia parecer, à primeira vista, um mau negócio para os traficantes, ao fazerem uso da “venda casada”, uma vez que o mercado definha. Mas não é bem assim. Os do ramo são especialistas no assunto e não jogam para perder. Possuem objetivos a curto, médio e longo prazo, como quaisquer outros empresários. Se eles perdem com o óbito de sua clientela, ganham na margem estratosférica do lucro obtido. Morreu um, uma dezena de outros ocupa o seu lugar, pois a droga é extremamente viciante e barata.

Outra explicação para a disseminação do crack está no sucesso da política mundial de repressão ao tráfico de cocaína – dizem as autoridades. Mas também alegam que o subproduto da cocaína é estarrecedor no seu grau de destruição do usuário. Quem usa crack não mais se satisfaz com outras drogas. E o consumo é cada vez mais precoce por parte dos fregueses.

Os usuários das classes mais abastadas não contatam diretamente os traficantes, para manterem em sigilo a identidade. Fazem seus contatos através de “mulas” ou “aviõezinhos”, garotos carentes que cobram pelo serviço e, com o dinheiro recebido, compram pedras para o uso próprio, aumentando o contingente de utentes.

Segundo especialistas, o crack afeta a região frontal do cérebro, responsável pelo pensamento e controle dos impulsos. O que torna seus usuários violentos e impulsivos. Em pouco tempo, eles se isolam e abandonam tudo, para viverem em função da droga. Quando não mais possuem dinheiro ou bens para serem vendidos, passam a roubar, sem medir consequências, elevando o índice de homicídios.

Os caminhos do crack

1- Mistura feita da pasta base de cocaína com água e bicarbonato de sódio, vendido na forma de pedras e fumado em cachimbo.

2- Ao ser acesa, a pedra elimina uma fumaça, que é a cocaína pura, em alta concentração que, ao ser inalada, segue diretamente para os pulmões.

3- Através dos alvéolos pulmonares a fumaça cai na circulação sanguínea, chegando ao cérebro. A baforada chega ao sistema nervoso em apenas 12 segundos, onde começa a fazer efeito.

4- No sistema nervoso central, a droga age sobre os neurônios e bloqueia a absorção da dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. O que mantém a substância química por mais tempo no espaço entre os neurônios, aumentando o prazer. É o “tuim” (taquicardia, euforia, desinibição, agitação e bem-estar).

5- Mas a alegria dura pouco, pois em 10 a 15 minutos o cérebro “percebe” o excesso de receptores e diminui sua quantidade. Aí vem a fase da depressão e da “fissura” (a vontade incontrolável de fumar novamente a droga).

Alerta: o número de dependentes de crack com renda acima de 20 salários mínimos cresceu 155%.

Nota: A droga diminui o apetite, fazendo com que o usuário emagreça cerca de 10 kg em apenas um mês. Veja um exemplo acima, de como o rosto de uma usuária de crack se definhou em fotos tiradas nas ocasiões em que ela foi presa, dos 29 aos 37 anos. (http://www.brasilescola.com/quimica/quimica-crack.htm)

Caps-AD – centro especializado em tratamento de drogas do Ministério da Saúde.

Fonte de pesquisa:
Revista Época/ nº 630

Views: 21