Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Rafael – MADONA E CRIANÇA ENTRONADOS…

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Mandona e Criança Entronados com Santos é uma obra do pintor italiano renascentista Rafael Sanzio, também conhecida como o Retábulo Colonna, por ter seus principais painéis adquiridos pela família Colonna, em Roma.

A obra foi encomendada pelas freiras do Convento de Santo Antônio de Padova, na Perugia, com o fim de ornamentar a capela do convento, encimando o altar. O artista começou a pintá-la quando tinha 21 anos de idade, antes de ir para Florença.

Na pintura semicircular (parte superior) estão presentes:
• Deus-Pai, com um globo na mão simbolizando a Terra, dando sua bênção;
• dois anjos que ladeiam Deus-Pai;
• e dois pequenos querubins, dos quais é vista apenas a cabeça.

Na composição estão presentes (na parte inferior) sete figuras humanas:
• Maria assentada majestosamente em seu trono;
• o Menino Jesus assentado no colo da Virgem;
• o pequeno João Batista;
• São João;
• Santa Catarina
• Santa Cecília
• São Pedro

Na parte superior do trono, de mármore branco e negro adornado com ouro, encontram-se Maria com seu Menino no colo e São João Batista. O pequeno Jesus abençoa o primo João, enquanto esse, de pé, mostra-se com as mãozinhas em pose de oração. Traz sobre si a mão esquerda e olhar da Virgem. A auréola das duas crianças e dos presentes na luneta (painel semicircular) difere da dos demais.

No lado direito de Maria, ao lado do trono, estão os santos: Santa Catarina, cuja roda à sua direita, na qual ela se firma, é o seu atributo, sendo que ela traz também uma palma na mão, simbolizando o seu martírio, e volta os olhos para Jesus; e São Pedro, com seu manto amarelo, trazendo um livro fechado nas mãos e um molhe de chaves. Ele está de frente para o observador, como se o convidasse a participar do grupo.

No lado esquerdo de Maria, ao lado do trono, estão os santos: Santa Cecília, que traz na mão direita uma palma e na esquerda um livro, e também fita o observador; e São Paulo, com seu manto vermelho, com os olhos voltados para um livro aberto nas mãos. Ele segura uma espada, que simboliza a perseguição feita aos cristãos e também o seu martírio, posteriormente.

Chama a atenção o modo como Rafael representou os dois santos, Pedro e Paulo, dando-lhes um volume que ocupa o espaço nas duas laterais, e o modo como colocou os dois anjos, de forma a acompanhar a curva da luneta.

Ao fundo, vê-se uma delicada paisagem.

Ficha técnica
Ano: c. 1504
Técnica: óleo e ouro em madeira
Dimensões: 172,4 x 172,4cm
Localização: Metropolitan Museum of Art,New York, EUA

Fontes de pesquisa
Rafael/ Cosac Naify
http://www.flickriver.com/photos/elissacorsini/2340866080/
http://allart.biz/photos/image/Raphael_72_Madonna_and_Child_Enthroned_with

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Degas – MULHER SENTADA AO LADO DE…

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Mulher Sentada ao Lado de um Vaso de Flores, também conhecida como Sardela, é uma obra do pintor Edgar Degas. Ela tem recebido, incorretamente, o título de Mulher com Crisântemos. Também demonstra a influência dos mestres holandeses, do pintor Delacroix e da técnica japonesa de pintura, que joga com a composição assimétrica dos elementos presentes na composição.

Esta pintura de Degas representa, provavelmente, a casa dos Valpinçons, seus amigos que moravam no sul da Normândia, para cuja casa de campo ele gostava de ir. E a mulher poderá ser a senhora Paul Valpinçon. Portanto, não parece ser uma reflexão do artista.

Numa sala com papel de parede de cor verde e com flores da mesma cor, num tom mais escuro, está uma mesa próxima à janela que se descortina para um jardim florido. Sobre ela está um enorme vaso com flores, das mais diversas cores, que toma a maior parte da tela, atraindo a atenção do observador.

Ao lado da mesa, na lateral direita, está uma mulher assentada, com o cotovelo apoiado sobre essa, e a mão próxima à boca, como se observasse algo ao longe ou se encontrasse pensativa. Ela veste roupas quentes, em tons de terra, e traz um lenço azul-escuro no pescoço. Usa um tocado branco na cabeça, com arranjo em preto e azul, deixando exposta parte do cabelo. Na orelha direita chama a atenção o brilho de seu brinco, como se fosse um diamante. Belo também é o anel de ouro com pedra, que ela ostenta.

A esta pintura precedeu um desenho a lápis da mulher, feito no mesmo ano. Exames de raios-X também comprovam que o buquê era originalmente maior, estendendo-se mais para a direita, mas o pintor raspou o local e ali pintou a figura da mulher. Embora o vaso de flores seja de grande beleza, ainda assim é a mulher quem mais chama a atenção, embora tenha ali presente apenas parte do corpo, à direita da composição, uma vez que Degas abandona a regra tradicional de colocar a figura humana no centro.

Na parte esquerda da mesa, encontra-se uma jarra com água, e o que, para alguns, parece ser um par de luvas, da mesma cor da vestimenta da mulher, usada no trato com as plantas.

Ficha técnica
Ano: 1865
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 74 x 93 cm
Localização: Metropolitan Museum of Art, New York, EUA

Fontes de pesquisa
Edgar Degas/ Coleção Folha

https://aestheticapperceptions.wordpress.com

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Rubens e Frans Snyders – A CABEÇA DA MEDUSA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Medusa

A composição denominada A Cabeça da Medusa é uma obra do pintor barroco Peter Paul Rubens, o mais importante de todos os pintores flamengos do século XVII, e de Frans Snyders. Trata-se de um tema mitológico.

Na pintura os insetos, os répteis e a ornamentação são obras de Frans Snyders, especialista em animais, enquanto a Rubens coube pintar a cabeça decepada da Medusa. Dentre os animais, além das víboras, podemos distinguir escorpião, vermes, aranha, lagarto, etc. Este tipo de interação entre os artistas era muito comum em Antuérpia nas duas primeiras décadas do século XVII, tendo os dois pintores trabalhado juntos em algumas obras.

O tema mitológico sobre a cabeça decepada de Medusa foi abordado aparentemente com Leonardo de Minerva, cujo trabalho infelizmente não sobreviveu. Caravaggio imitou-o criando a sua apavorante “Cabeça de Medusa”. Contudo, Rubens não a usa na forma de escudo, como apregoa o mito, mas posta a cabeça decepada sobre a borda de uma pedra, tendo uma paisagem escura ao fundo, o que acentua ainda mais a lividez do rosto do horripilante ser, com seus olhos esbugalhados a saltar-lhe das órbitas, lábios entreabertos e roxos, sangue brotando dos olhos e das narinas, testa contraída, sobrancelhas baixas e visíveis veias azuis espalhadas pela face.

A cabeça, apesar de decepada, traz um amontoado de cobras vivas e inquietas circulando sobre ela. Elas se levantam, entrelaçam, contorcem, lutam entre si e giram desesperadas, tentando se livrar do couro cabeludo da figura sem vida. Algumas, livres, deslizam pelo topo da pedra, tentando fugir. Presume-se que as duas cobras unidas, à direita da cabeça, estejam copulando. O macho é de cor esverdeada, mais forte e dominante, enquanto a fêmea é de cor amarelada, fortemente enrodilhada no corpo deste. Debaixo do pano branco, também à direita, jaz um amontoado de cobras. Uma delas está parindo filhotes que saem de seu corpo e não da eclosão de ovos.

Pode-se perguntar o porquê de a Medusa ter cobras como cabelos. Segundo crenças populares ou superstições “uma cobra pode ser criada a partir do cabelo de uma mulher menstruada, sendo enterrado no esterco ou na terra”. O mesmo aconteceria no que se refere “aos pelos pubianos, misturados com menstruação e enterrados da mesma forma”, sendo que “os cabelos mais longos de mulheres são facilmente transformados em serpentes”. As mulheres, portanto, eram vistas como seres perigosos e pérfidos, principalmente quando menstruadas, cujo sangue envenenado poderia matar o companheiro durante o ato sexual.

Para conhecer o mito sobre Medusa, procure-o em MITOS E LENDAS, aqui no blog.

Ficha técnica
Ano: 1617
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 68,5 x 118 cm
Localização: Kunsthistoriesches Museum, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Rubens/ Taschen
http://profkoslow.com/publications/medusa.html

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Rafael – VISÃO DE UM CAVALEIRO

Autoria de Lu Dias Carvalho
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A composição denominada Visão de um Cavaleiro, também conhecida como O Sonho de Cipião ou apenas Uma Alegoria, é uma obra do pintor italiano Rafael Sanzio. Trata-se de uma alegoria, que na pintura e na escultura significa a representação de uma ideia abstrata por meio de formas que tornam possível a sua compreensão. É provável que seja a parte de um díptico, sendo o outro painel “As Três Graças”.

Um jovem cavaleiro está a dormir. No seu sonho, ele se encontra debaixo de um loureiro, que dá início a dois caminhos da vida, tendo ele que optar por um deles. De um lado está Palas Ataneia, simbolizando a Virtude, oferecendo-lhe privilégios em sabedoria e armas. Do outro se encontra Afrodite, simbolizando o Prazer, oferecendo-lhe recompensas mais terrenas.

A figura da Virtude está vestida com simplicidade, com os cabelos presos debaixo de uma touca branca. Ela traz na mão direita uma espada e na esquerda um livro, oferecendo-os ao moço. Atrás dela, ao fundo, está sua morada. Para chegar até lá é preciso seguir caminhos intrincados, passando por íngremes rochedos. E significa que, se o cavaleiro optar por aquela estrada, sua vida será bem sucedida tanto em seu trabalho quanto em seus estudos. Embora a estrada não seja fácil é, contudo, a mais compensativa.

A figura do Prazer, bem melhor vestida, com os cabelos dourados presos por um véu, encontra-se à direita do jovem. Um longo colar com contas vermelhas cinge seu corpo. Ela traz na mão direita um galho com flores brancas, simbolizando sua promessa ao rapaz: uma vida fácil, cheia de divertimento. Mas assim como as flores, a distração também fenece com grande facilidade.

Os personagens da pintura de Rafael possuem significados próprios:
• o jovem cavaleiro entregue ao sono é o general Cipião, o Africano, da Roma antiga, que sonhou ter que escolher entre a virtude e o prazer;
• a Virtude representa a deusa clássica da sabedoria Pala Ateneia ;
• o Prazer simboliza Afrodite (ou Vênus) a deusa clássica do amor.

Contudo, existem controvérsias quanto à interpretação do tema. Alguns críticos creem que a obra mostra apenas os atributos ideais a serem perseguidos por um cavaleiro: o livro (a sabedoria), a espada (a bravura) e a flor (o amor), não tendo ele que fazer escolhas e, por conseguinte, não sendo as figuras antagônicas.

O loureiro divide a composição ao meio, sendo esta perfeitamente equilibrada. Ao fundo estão um rio com águas azuis, cortado por uma ponte, e montanhas azuladas ao longe, debaixo de um céu anilado.

Ficha técnica
Ano:1504-1505
Técnica: têmpera de ovo no álamo
Dimensões: 17 x 17
Localização: National Gallery, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Rafael/ Cosac Naify
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://en.wikipedia.org/wiki/Vision_of_a_Knight_(Raphael)

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Da Vinci – DAMA COM ARMINHO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Trata-se do mais belo desenho do mundo. (Bernard Berenson, crítico)

A própria natureza está enciumada, pois a linda moça é tão real que parece estar escutando, faltando apenas falar. (Bernardo Mellincioni, poeta)

A composição denominada Dama com Arminho é uma obra do genial pintor italiano Leonardo da Vinci, sendo a retratada a jovem Cecilia Gallerani — poeta, mecenas das artes e amante de Ludovico Sforza — trazendo nos braços um arminho, símbolo de seu amante. Ela vivia no palácio quando Ludovico casou-se com Beatriz em 1491.

O rosto da jovem dama é belo e sereno. Uma touca de gaze envolve seus cabelos partidos ao meio, sua testa, cobrindo parte das sobrancelhas e sendo amarrada debaixo do pescoço que traz um colar de contas negras com duas voltas, uma delas descendo abaixo de sua mão direita. Uma fita preta corta sua testa ao meio, cingindo-lhe  a cabeça. Ela usa uma rica vestimenta da época.

Cecília encontra-se com a cabeça voltada para a esquerda, como se estivesse observando algo ao longe, com o corpo ligeiramente torcido para a direita. O arminho em seus braços segue a mesma direção de seu corpo, assim como sua cabecinha reflete a sua mesma expressão. A mão direita da jovem encontra-se próxima à patinha dobrada do animal. Ela parece acariciá-lo, pois ele se mostra inteiramente à vontade em seus braços.

Para realçar a presença de Cecília, Leonardo deixa o fundo totalmente escuro. Segundo estudos realizados com raios X, o pintor inicialmente pintara uma porta atrás do ombro esquerdo da retratada. A luz incide principalmente sobre o rosto, ombro esquerdo e mão direita da jovem Cecília e sobre grande parte do corpo do arminho. Chama a atenção, sobretudo, a perfeição da mão da dama do ponto de vista anatômico, assim como o pelo do arminho, principalmente o da sua cabeça. Contudo, o ombro esquerdo e a mão esquerda da jovem parecem inacabados, algo comum aos trabalhos do genial Leonardo da Vinci.

Ficha técnica
Ano: 1485-1490
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 54 x 39 cm
Localização: Czartoryski Museum , Cravóvia, Polônia

Fontes de pesquisa:
Da Vinci/ Coleção Folha
Da Vinci/ Abril Coleções
Da Vinci/ Cosac e Nafy

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Degas – A ORQUESTRA DA ÓPERA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada A Orquestra da Ópera é uma obra do pintor Edgar Degas, que era um aficionado pelo mundo do teatro e da ópera. Chamava a sua atenção a beleza decorativa dos instrumentos.

Para pintar esta tela, Degas baseou-se no retrato de um amigo, que tocava fagote na Ópera de Paris. Também reuniu outros amigos, que lhe serviram de modelo, sendo alguns músicos e outros não.

O interessante é que o artista não se atém à perspectiva geométrica, colocando em planos horizontais o palco, os músicos e as bailarinas. Os músicos, no fosso, tocam enquanto as bailarinas executam o balé. A posição dos instrumentos, em sua maioria, aponta para o palco, principalmente o arco dos violinos. Não aparecem na composição: a batuta do maestro, parte das costas do contrabaixista e as cabeças das dançarinas.

O observador sente como se estivesse atrás do fosso da orquestra, acompanhando a apresentação. Pela postura dos músicos e suas feições, vê-se que se encontram em ação. O contraste de luz também ajuda a delimitar os espaços, pois, enquanto as bailarinas estão mais iluminadas, usando tons cor-de-rosa e azul, os músicos ficam na sombra com seus ternos negros e camisas brancas.

O músico amigo de Degas, em cujo retrato ele se baseou, é Désire Dihau, centralizado em primeiro plano, próximo ao baixista sentado na cadeira. Degas mostrou-o em ação, tocando o seu fagote, dando-lhe maior espaço na tela.

Atrás dos músicos, acima do balaústre do camarote, vê-se a cabeça de um espectador.

Ficha técnica
Ano: 1870
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 56,5 x 46 cm
Localização: Musée d’Orsay, Paris, França

Fontes de pesquisa
Edgar Degas/ Coleção Folha
Degas/ Cosac e Naify

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