Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Delacroix – O MASSACRE DE QUIOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A pintura é a vida. É a natureza transmitida à alma sem intermediário, sem pretextos, sem regras de convenções. (Delacroix)

Delacroix pintou O Massacre de Quios como a sua segunda obra a ser exposta no Salão. Sua temática retrata um episódio tenebroso da guerra travada entre a Turquia e a Grécia, quando os turcos, com extrema crueldade, abusaram de mulheres idosas, mães e crianças, e os sobreviventes foram obrigados a deixar a ilha de Quios. Os gregos lutavam pela independência. Embora a pintura de Delacroix retratasse um fato ocorrido, o objetivo maior de sua obra é simbólico: mostrar a injustiça e a violência advindas da guerra.

Para compor a sua segunda obra a ser apresentada no Salão, o pintor visitava o Louvre, onde analisava obras de Rubens, Velázquez, Michelangelo e Andrea del Sarto para instigar sua imaginação. Ele buscava um tema impressionante, capaz de despertar grandes emoções, já tendo listado alguns, mas as informações sobre as crueldades da guerra entre turcos e gregos (em 1822) fê-lo optar por uma pintura com tal tema.

Na composição, a mobilidade dos vencidos contrasta com a movimentação dos vencedores. As vítimas da barbaridade estão petrificadas, parecem resignadas com a própria sorte. Mesmo assim, os carrascos fazem questão de mostrar sua força, como é o caso da mulher que é arrastada pelo turco em seu cavalo.

Uma das cenas mais chocantes do quadro é a que mostra a mãe morta, estendida no chão, perto de uma senhora idosa com o olhar perdido, enquanto o filhinho agarra seu seio com a mãozinha, tentando mamar. Cena baseada em um testemunho verdadeiro.

Ficha técnica
Ano: 1824
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 419 x 354 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Delacroix/ Coleção Folha
Delacroix/ Coleção Abril

Views: 1

Delacroix – MORTE DE SARDANAPALO

Autoria de Lu Dias Carvalho poussin12

Muitas vezes, meus sonhos encheram-se com as formas magníficas que se agitam neste vasto quadro, ele mesmo maravilhoso como um sonho. O Sardanapalo revisto é minha juventude reencontrada. (Baudelaire)

Deitado sobre um leito soberbo, Sardanapalo dá ordem a seus eunucos e aos oficiais do palácio para degolar suas mulheres, seus pajens e, por fim, os cavalos e os cachorros favoritos; nenhum dos objetos de prazer deveria sobreviver a ele. (Explicação referente ao quadro, registrada no catálogo do Salão)

O imenso quadro de Delacroix, Morte de Sardanapalo, o terceiro a ser exposto por ele no Salão, causou um grande escândalo entre críticos e público, alegando excesso de violência, sadismo e erotismo. O pintor foi severamente criticado até mesmo por seus amigos. Alguns deles chegaram a criticá-lo, dizendo se tratar de uma “loucura criativa”.

Delacroix inspirou-se no drama escrito por Lord Byron, publicado em 1821, que conta a história de Sardanapalo, último rei assírio que, após conquistar a Babilônia, assassinar as populações vizinhas e viver todas as formas de prazer, viu-se sem motivação para continuar existindo. Achou que só lhe restava a morte. Em suma, enlouqueceu. Mas antes de se matar, Sardanapalo exigiu que seus criados queimassem o palácio e, junto com ele, todos os que ali viviam, inclusive os servos, as favoritas e os animais de estimação. Conta a lenda que ele não queria que nada do que tinha lhe proporcionado prazer, sobrevivesse a ele.

Na composição, Sardanapalo, deitado numa majestosa cama em diagonal, acompanha com indiferença e sarcasmo a consumação de suas ordens por seus eunucos e oficiais. Uma de suas concubinas encontra-se morta a seus pés. O que se vê ali é uma orgia macabra. À direita, na parte superior da tela, o fogo começa a se espalhar, devorando o aposento. Tudo acontece tal e qual descrito na profecia:

Ele mandou levantar uma enorme pira em seu palácio, empilhou todo o ouro e a prata, e cada uma das roupas do guarda-roupa real, trancou-se com suas concubinas e eunucos em uma sala, no coração da fogueira, e se abandonou às chamas junto com o seu palácio.

À esquerda do tirano enlouquecido, Aisheh, sua bailarina favorita, enforcou-se para não morrer nas mãos dos carrascos. Como ela se encontra na penumbra, faz-se necessário que o observador aguce sua atenção para vê-la, assim como a seu jovem criado, à direita do rei, com uma bandeja contendo a jarra e a taça de ouro, aguardando as ordens do tirano. Ele carrega o copo de veneno para o cruel rei.

No primeiro plano, uma das favoritas do soberano, que mais se parece com uma estátua grega, entrega-se docilmente ao agressor, prestes a apunhalá-la. Ela é uma das figuras centrais da composição. Outras mulheres já se encontram mortas, espalhadas pelo ambiente.

Objetos luxuosos espalham-se pelo aposento numa confusão generalizada. Próxima à cama do soberano está uma cabeça de elefante feita de marfim. Tudo é horror e caos, numa combinação de erotismo e tragédia

Um escravo negro puxa o cavalo árabe, predileto do rei, até sua cama, mas o animal reage energicamente. Trata-se do único ponto de resistência encontrado na composição. O cavalo está belamente enfeitado com crina trançada e rendas de ouro no corpo.

A obra de Delacroix, diante do escândalo que despertou, não foi comprada pelo Estado francês à época, mas somente quase um século depois.  Mas o pintor não era de levar a sério a opinião dos outros, o que lhe importava era a liberdade de criação exercida pelo artista. Morte de Sardanapalo é uma combinação majestosa de movimento e cor, que mostra a rejeição do pintor às formas acadêmicas.

Alguns críticos entendem que esta composição de Delacroix reflete seus problemas com as mulheres, com as quais nunca teve uma boa relação, pois delas necessitava, mas também as temia.

Ficha técnica
Ano: 1827
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 395 x 495 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de Pesquisa
Delacroix/ Coleção Folha
Delacroix/ Abril Coleções
O segredo das obras de arte/ Taschen

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Delacroix – A LIBERDADE GUIANDO O POVO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Abordei um tema moderno: as barricadass. E, se não lutei por meu país, pelo menos terei pintado por ele. (Delacroix)

A composição de Delacroix intitulada A Liberdade Guiando o Povo é uma de suas mais famosas obras e a mais conhecida imagem da Revolução de Julho, de 1830, em Paris, que pôs fim à monarquia dos Bourbon. Nessa revolução lutaram homens, mulheres, jovens e crianças. Presume-se que a barricada imortalizada pelo pintor seja  retratada na praça de San Antonio, a atual praça da Bastilha. Assim como esta, muitas das pinturas do artista foram inspiradas por um acontecimento político.

No quadro de estrutura piramidal, com a bandeira tricolor a tremular no alto da pirâmide, existe uma mistura de realidade e fantasia. O objetivo do pintor é repassar a capacidade que o povo francês tem de superar suas tragédias. A cena mostra a derrubada das barricadas pelos rebeldes republicanos, atrás das quais lutaram pessoas de diferentes estratos sociais. O grupo avança em direção ao observador.

No primeiro plano encontram-se, à direita, os corpos de dois soldados mortos e, à esquerda, o corpo seminu do revolucionário tombado, trazendo uma única meia nos pés. Dois dos corpos dominam quase que inteiramente o primeiro plano. O levante não levou apenas os trabalhadores e burgueses descontentes às ruas, mas também mendigos organizados e criminosos do submundo de Paris. Alguns estudiosos do quadro justificam que a presença do homem nu na composição indica que ele teve suas vestes roubadas.

Mais acima, à esquerda, empunhando armas, encontram-se: um operário com a camisa aberta, segurando um sabre e trazendo uma arma no cinto; um burguês com chapéu de copa, casaco e gravata borboleta, segurando um rifle de caça; um rapazote, abaixo dos dois, de arma em punho, que parece observar o morto à sua frente. Ao fundo, um chapéu de dois bicos indica a presença de um aluno politécnico.  Alguns estudiosos acham que o burguês tem como modelo o próprio pintor que queria reafirmar seu entusiasmo liberal.

A mulher, com os seios nus, carregando as três cores da bandeira francesa e uma baioneta, simboliza a Liberdade e a França. Em tamanho bem superior ao dos demais personagens, ela se posiciona como o bem maior do povo daquele país. A bandeira, erguida pelo braço direito, simboliza a pátria francesa e o rifle a necessidade de lutar para preservar a liberdade da pátria. A cabeça voltada para trás convoca o povo a segui-la. Sua postura, assim como suas vestes, denota movimento. Seu passo é largo e decidido, significando que os rebeldes não possuíam líder, mas tinham apenas a Liberdade para guiá-los. Ela está personificada na composição como uma deusa da Antiguidade.

À frente da Liberdade, um jovem mal vestido que mais parece um menino carrega duas pistolas. Ele representa a juventude francesa. O trabalhador, ajoelhado aos pés da Liberdade, traz nas roupas as mesmas cores da bandeira. Ao fundo, à esquerda, é possível ver uma bandeira, já aos farrapos, tremulando. À direita, também em segundo plano, ainda é possível ver uma parte da catedral de Nostradamus com a bandeira francesa em meio à fumaça pardacenta que vai se espalhando e o clarão dos tiros.

As cores predominantes na composição são o branco, o vermelho e o azul – cores da bandeira do país. O vermelho da bandeira está pintado sobre uma parte do céu azul, o que torna o tom ainda mais vibrante. Delacroix demonstra sua destreza no domínio do claro-escuro na obra.

A pintura denominada A Liberdade Guiando o Povo incluía-se entre os mais de 40 quadros expostos no Salão parisiense que tinham por tema “os dias de glória”, ou seja, a vitória dos rebeldes.  Esta composição foi muito aclamada pela crítica e pelo público, levando Delacroix a ganhar a Cruz da Legião de Honra.

Curiosidades:
Os artistas românticos estavam exigindo liberdade na arte, na vida cotidiana e na política. No entanto, muito poucos foram para às barricadas em 28 de julho de 1830. A maioria deles ficou em casa, sob os mais diversos pretextos. Jornalistas liberais também escreveram proclamações incendiárias contra a arbitrariedade do Estado, na segurança de seus escritórios, mas eles não eram homens de ação, apenas de palavras. No entanto, os jovens românticos ouviram os artistas e os jornalistas e estavam entusiasmados e dispostos a lutar e a morrer. Dos 1.800 rebeldes mortos, a maioria era de jovens. O escritor romântico Victor Hugo ergueu-lhes um monumento em seu romance Os Miseráveis, 1862. Talvez o escritor tenha se inspirado no quadro de Delacroix – uma tela de força arrebatadora e de claro compromisso político – que se tornou uma obra fundamental do romantismo francês. (Taschen)

Presume-se que a postura da Liberdade (mulher) tenha servido de inspiração para o escultor francês Frédéric-Auguste Bartholdi, ao desenhar a Estátua da Liberdade – um presente da França para os Estados Unidos – nos anos de 1880.

Ficha técnica
Ano: 1830
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 260 x 325 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Delacroix/ Coleção Folha
Delacroix/ Abril Coleções
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Los secretos de las obras de arte/ Taschen

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Delacroix – A FÚRIA DE MEDEIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Ninguém como Delacroix tem tanta efusão de sentimento, por assim dizer. Ele captura a imagem no momento mais dramático e apaixonado. (Théophile Thoré)

Delacroix em sua composição A Fúria de Medeia, também conhecida como Medeia Prestes a Matar seus Filhos, teve como inspiração a tragédia de Eurípedes ou Ovídio. Acabou criando uma tela de grande emoção.

Conta a lenda mitológica que Medeia, revoltada com a infidelidade e o abandono que lhe causou seu marido Jasão, o líder dos Argonautas, vingou-se dele matando seus filhos, antes de fugir para Atenas.

Delacroix, em sua composição, apresenta o momento em que a vingativa Medeia está prestes a executar sua vindita: matar as duas crianças. A cena passa-se numa caverna. Ela é dotada de beleza e força, o que é comum nas obras do pintor, que costuma pintar assim as mulheres.

A deusa grega, com o tronco nu, ocupa a parte central da tela. No colo, traz as duas crianças, sendo uma segura pelo braço direito e a outra pela mão, enquanto empunha o punhal com a esquerda. Embora decidida a levar avante sua vingança, ela olha para trás, assinalando medo de ser assistida em tão brutal ato. Uma sombra tapa-lhe os olhos e a testa, como se revelasse a loucura que perpassa em sua mente. A postura de seus pés denota pressa.

O quadro fez tanto sucesso, que ficou exposto por mais de um ano. O pintor fez diversas réplicas da pintura.

Ficha técnica
Ano: 1862
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 260 x 165 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Delacroix/ Coleção Folha
Delacroix/ Abril Coleções

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Delacroix – A BARCA DE DANTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O quadro é a expressão da audácia de Michelangelo e a fecundide de Rubens. (Adophe Thiors)

A composição histórica intitulada A Barca de Dante — também conhecida como Dante e Virgílio no Inferno — foi o primeiro grande trabalho do artista Delacroix. Foi inspirada num tema complexo e rico da literatura universal, especificamente no oitavo canto do Inferno (Divina Comédia) do escritor e poeta  italiano Dante Alighieri. Delacroix pintou esta tela aos 24 anos de idade, com o objetivo de expô-la no Salão, onde causou grande sensação. Já nessa época, o artista agregou um grande número de inovações tanto na técnica quanto no contexto da pintura a despeito das críticas dos membros da Escola Clássica, capitaneados pelo pintor Ingres.

Embora se tratasse de um tema muito presente na pintura, a forma como foi representado pelo artista causou um grande alvoroço entre os críticos e o público. A crítica dividiu-se. A tradicional criticou a liberdade narrativa e compositiva do pintor, enquanto o grupo de críticos independentes gostou da maneira como Delacroix fez uma releitura do tema e acabou convencendo o Estado a comprá-la.

Na composição Dante e Virgílio estão sendo levados por Flégias — o barqueiro que conduz as almas para o Inferno — debaixo de um céu tenebroso. A barca atravessa as águas escuras e pantanosas do rio Estige, onde ficam as almas acusadas de inveja, soberba e ira, debatendo-se e  torturando-se.

Os dois passageiros Dante usando um capuz vermelho e Virgílio um manto amarronzado e uma coroa de louros — mostram-se amedrontados e horrorizados com o que veem, enquanto o barqueiro seminu, com a forte musculatura das costas e pernas à vista, usando uma capa azul, rema tenazmente de costas para o observador. Atrás, em segundo plano, a cidade de Dite é engolida pelas chamas que clareiam as trevas do Inferno.

Enquanto a barca corta as águas sombrias, almas desesperadas de homens e mulheres com seus corpos nus tentam se livrar do sofrimento eterno, agarrando-se a ela. Um homem, agarrado à proa do barco, tenta segurá-lo com os dentes. As almas sofredoras, em visível desespero, buscam entrar na barca sem conseguir.

Ficha técnica
Ano: 1822
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 187 x 240,5 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Delacroix/ Coleção Folha
Delacroix/ Abril Coleções
Romantismo/ Editora Taschen
A História da Arte/ E. H. Gombrich

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Delacroix – AS MULHERES DE ARGEL

Autoria de Lu Dias Carvalho poussin1

É a pintura mais bonita do mundo. (Renoir)

Poema do interior, cheio de quietude e silêncio, saturado de tecidos preciosos e de acessórios de toilette e de onde se pode sentir o cheiro acre que nos transporta para  o de tristeza insondável. (Baudalaire)

Essas rosas pálidas, essas almofadas vagamente em destaque e toda essa transparência fluem no olho como o vinho desce na garganta, e o efeito é igualmente embriagador. (Paul Cézanne)

Ao visitar o Oriente, região do mundo que o impressionara profundamente, Delacroix demonstrou o interesse de conhecer uma casa muçulmana por dentro, ou seja, o pintor queria saber como era a vida doméstica e íntima das pessoas que ali viviam. E foi assim que acabou conhecendo, em segredo, o harém de certo muçulmano, colaborador francês, segundo contam os historiadores de arte.

Os esboços e aquarelas feitos do local pelo pintor, em sigilo, vieram a  transformar-se num enorme quadro, Mulheres de Argel, quando de sua volta a Paris, tornando-se um grande sucesso. Trata-se de uma obra-prima, uma das mais famosas do século XIX. É de se julgar que nem tudo é igual àquilo que foi visto pelo pintor, em razão das dificuldades encontradas para fazer seus esboços, pois quanto maior for o perfeccionismo, maior será a dificuldade em guardar todos os detalhes.

As três mulheres, cheias de joias, são robustas. Elas possuem um aspecto muito natural, mantendo-se em atitude de relaxamento, embora a que está à direita pareça se encontrar numa pose bem incômoda, assentada sobre a perna direita, tendo a esquerda erguida, apoiando parte do peso do corpo no pé. Segundo descrição encontrada no livro “Los Secretos de las Obras de Arte”, Taschen, “A posição da mulher sentada à direita vem de um dos livros de esboços do pintor, mas seu perfil impressionante pertence a um modelo parisiense e pode ser encontrado em outras pinturas de Delacroix, como em A Liberdade Guiando ao Povo.”.

A criada negra abre as grossas cortinas. Uma luz, vindo de fora do ambiente, destaca os azulejos bem trabalhados. A criada é a única a fazer alguma atividade, pois as mulheres sentadas no chão mostram-se ociosas e indolentes. O lugar é luxuoso e calmo, distante da vida agitada que jaz fora daquelas paredes. A sombra cobre os olhos da figura à esquerda; a do meio tem o rosto sombreado e a da direita, apesar de estar toda iluminada, traz os olhos fechados.

Há na composição uma grande quantidade de estampas, texturas, padrões e intensidade cromática. Mesmo considerando o desenho sem precisão, a crítica gostou da originalidade das cores. O quadro, que se tornou uma das obras mais influentes da pintura europeia, foi comprado, à época, pelo rei Felipe. Dentre os inúmeros artistas, que fizeram cópias e variações da composição, está Pablo Picasso com 14 obras.

Delacroix é preciso nos detalhes, ao mostrar os diferentes azulejos das paredes e do piso, as trabalhadas capas das almofadas e vestimentas, as joias, os desenhos coloridos dos tapetes, a decoração do interior do recinto, as portas trabalhadas e as diferentes posições do corpo das personagens, o que confere ao quadro grande autenticidade. O artista explica a atmosfera encontrada em sua obra: “Aqui a fama é uma palavra sem significado: tudo se transforma numa doce preguiça e não se pode dizer que esta não seja a mais desejável condição neste mundo.”.

Curiosidade:
Era difícil para Delacroix realizar seus desenhos em território muçulmano, pois o Islã proíbe a representação de imagens. Além disso, as mulheres andavam cobertas com  véu, sempre que saiam de casa. Mesmo quando tentava desenhar as mulheres árabes de longe, enquanto estendiam roupas na varanda, essas chamavam o marido. Por isso, o pintor, na maioria das vezes,  teve que trabalhar em segredo, conforme mostra seus livros de esboços, onde  aparecem mais rostos de homens que de mulheres. Somente na casa de uma família judia ele pode observar tudo livremente, o que o inspirou depois a pintar um casamento judaico.

Ficha técnica
Ano: 1834
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 180 x 229 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Delacroix/ Coleção Folha
Delacroix/ Abril Coleções
Os segredos das obras de arte/ Taschen

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